Feliz, realizada e cansada (e tá tudo bem!)

Por Eduarda Endler, para Coletiva.net, em especial de Semana da Mulher

Quando menciono que concilio a vida acadêmica com a vida profissional, empreendendo com a Gemma Conteúdo e fazendo Doutorado em Comunicação, a reação de surpresa é sempre a mesma. "Quando dorme?", "Tu é maluca de emendar o mestrado no doutorado!", "Como tu consegue fazer tanta coisa?", entre tantas outras indagações que surgem.

E no momento que recebi o convite do Coletiva.net para escrever esse artigo, com algum dos meus papéis para além da profissão e para além de ser mulher, esse assunto me chamou, porque ele pulsa na minha vida diariamente há alguns anos, desde que acordo até a hora que vou dormir. Às vezes até mesmo nos sonhos.

Estudar sempre foi um prazer na minha vida, desde pequena. Até mesmo nas temidas aulas de física e química. Por mais que não gostasse da matéria em si, estudava, porque sabia que aquilo era necessário. Era aquela criança e adolescente CDF, que queria ir bem em tudo e ficava decepcionada caso não tivesse o desempenho esperado. Nota ruim? Jamais. Cobrança? Sempre. Mas, com o tempo, foi possível trazer o equilíbrio para esse meu lado ansioso e exigente, que passou a entender que, para determinadas situações, havia dado o meu melhor - e que isso bastava.

Em 2014, quando comecei a estudar o que realmente desejava, o jornalismo, esse sentimento de realização explodiu. Fazer resumos e flashcards, entre outros tantos métodos de estudo, eram formas de construir um caminho para o futuro que eu sonhava, que estava dentro e fora da sala de aula. Hoje em dia, não me vejo longe disso, dos artigos para revistas, livros e dossiês, ou dos congressos e seminários.

Enquanto o futuro para a sala de aula está sendo construído, não faz sentido ficar afastada da vida profissional, por mais pesada que seja a união dessas duas versões de mim. Acredito que uma coisa complementa a outra, principalmente porque minha pesquisa aborda a prática jornalística acerca de saúde mental e gênero. Assim, consigo trazer, da Eduarda doutoranda para a Eduarda jornalista, ou vice-versa, experiências singulares, que colaboram com a construção de uma comunicação mais empática e responsável.

Mas afinal, como empreender, fazer freelas e ainda conciliar com a vida acadêmica, que vai muito além das aulas da pós-graduação, exigindo presença em eventos, submissão de artigos para revistas, livros e dossiês, além da famosa tese? Ainda não conheço a resposta. A verdade é que me envolver em inúmeros projetos ao mesmo tempo me faz feliz, realizada e cansada (e tá tudo bem).

Eduarda Endler é jornalista, repórter especial de Coletiva.net, sócia da Gemma Conteúdo e doutoranda em Comunicação pela PUCRS

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