Mulheres sempre foram multitarefas

Por Patrícia Castro, para Coletiva.net, em especial de Semana da Mulher

Hoje, o mundo está cada vez mais multimídia, né? Nós, pessoal da Comunicação, temos que estar ligados em todas as frentes, atentos a tudo que acontece. Não existe mais só a jornalista que escreve para um jornal ou uma revista ou para um portal. Não. Temos que ser multimídia. Temos que dominar as redes sociais, fazer stories, vídeo, gravar conteúdo em áudio. Nós, mulheres, sempre fomos reconhecidas por sermos multitarefas. Nesse Dia Internacional da Mulher, quero lembrar um pouquinho disso e contar sobre a minha experiência, mostrar alguns lados meus que talvez vocês não conheçam. 

Trabalhei por muitos anos como voluntária em um Centro Espírita de Porto Alegre, o Irmãos de Boa Vontade. Nesse local, realizava um trabalho como evangelizadora de crianças carentes, de zero a seis anos, então, a minha turma era dos bem pequenos. Lá, eu ensinava sobre o Evangelho, fazia apresentações sobre a doutrina espírita. Na minha turminha tinham 10 crianças, na sua maioria moradoras das Vilas Bom Jesus e Jardim. 

Um dos momentos que mais me marca quando lembro desse período foi com uma menina chamada Juliana, que havia sido abandonada pela mãe e seu pai estava preso. Quem a levava para as aulas aos sábados era a avó. Nunca esqueço que, ao final do dia, a Juliana se agarrava nas minhas pernas, chorando muito por querer "ficar com a tia". Ali, ela recebia carinho, amor, ensinamentos, cuidado e alimentação. Essa cena me marca muito, especialmente agora, sendo mãe.

Naquela época, eu trabalhava o dia todo e cursava a faculdade de Jornalismo à noite. Hoje, exerço mais um milhão de outras tarefas, mas as desenvolvo em casa. Casei há cinco anos, e durante todo esse tempo, tentei engravidar. Valentim chegou em 8 de novembro de 2022. Então, hoje, as minhas funções como jornalista, esposa, amiga, filha e empreendedora são divididas com o cuidado que preciso ter com um bebê em casa, que, aliás, nesse 8 de março, completou quatro meses de vida. Faço, por exemplo, muitas coisas enquanto amamento - escrevendo esse artigo, por exemplo, estou com ele no colo. 

Então, além de comunicar e transmitir os fatos e feitos, de fazer parte desse universo da comunicação, algo apaixonante (sempre brinco que essa área é uma cachaça que não consigo largar), ainda sou mãe. E a maternidade, e tudo que vem com ela, me completa. Foi ela que preencheu uma lacuna da minha vida. Sou grata pelas pessoas que me cercam, que me possibilitam continuar desenvolvendo meus trabalhos, mesmo com um filho tão pequeno.

Muitas empresas não olham para isso, para toda dificuldade que é o início de uma maternidade. No Coletiva, é diferente. Somos valorizadas por isso, conseguimos viver essa fase de verdade, porque é um momento tão especial. Como mulher, só posso agradecer por ter tido a missão de engravidar e ter o Valentim.

Patrícia Castro é repórter especial de Coletiva.net.

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