Basta de tanta violência contra as mulheres

Por Márcia Martins

A data da publicação da minha coluna aqui no portal teve seu dia alterado, de quarta-feira para quinta-feira. Mas, infelizmente, não consigo trocar a frequência de comentar sobre os mesmos temas, porque eles são recorrentes, alarmantes e com pouca resolutividade. Um dos assuntos que seguido domina meus textos é a violência contra a mulher, números preocupantes de feminicídios e a total ausência de políticas públicas para atacar estes problemas. E o resultado, no Rio Grande do Sul, aponta 106 mulheres mortas em 2022 pela questão de gênero, e somente em janeiro deste ano, foram registrados nove crimes deste tipo.

Na capa de Zero Hora da terça-feira da última semana (21 de fevereiro), a manchete principal alerta que o Estado teve uma mulher agredida a cada 22 minutos no mês de janeiro. Número que indica um aumento de 6%, se comparado com janeiro de 2022. As causas da violência são as mais diversas, mas é importante enfatizar que a maior parte se refere a não aceitação do término de relacionamento pelo ex-companheiro e que a agressão física normalmente ocorre dentro da casa da vítima.

E quais alternativas, pelo menos aqui no Rio Grande do Sul, são oferecidas às mulheres para romper com tal ciclo de violência? Vergonhosamente é difícil encontrar respostas para essa pergunta. Por isso, talvez, o Estado oscile, no ranking nacional, como o terceiro ou quarto que mais mata mulheres pela questão de gênero. E lamentavelmente, a rede de proteção e atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e sexual no RS foi destruída nos últimos quatro anos.

O slogan do Levante Feminista Contra o Feminicídio (formado por centenas de coletivos, organizações e movimentos de 23 Estados brasileiros), lançado em março de 2021, atinge um ponto crucial da violência contra a mulher ao dizer: "nem pense em me matar, quem mata uma mulher, mata a humanidade". Porque a vida foi, é, e sempre será gerada num corpo de mulher. Nós somos o início da vida e sempre seremos.

Parem de nos matar! Parem de nos agredir! Parem de não aceitar o término dos relacionamentos! Parem de não entender que temos os mesmos direitos! Parem de nos xingar se usamos uma roupa mais decotada! Parem de nos tratar como seres inferiores. Basta de violência, agressões, tapas, lesões corporais, ameaças, estupros, assédios, de não escutar quando falamos "não". Respeitem nossas vidas, nossos corpos, nossas regras, nossos pensamentos, nossas emoções. Dentro que nós que pulsa a vida!

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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