IN FORMA
Por Marino Boeira
NOVOS TEMPOS
Há algum tempo venho utilizando meu espaço em Coletiva.net para propor um discussão sobre a política brasileira, num esforço até agora totalmente em vão, de convencer as pessoas a argumentar de forma racional a favor ou contra o nosso atual governo.
Mesmo nas redes sociais onde reproduzo esses comentários, que pela obrigação que me imponho de ser racional é quase sempre de críticas ao governo Lula, a única resposta que recebo é uma pobre redução a um único argumento: isso é coisa de bolsonarista.
Não adianta lembrar que fui para as ruas em todas as manifestações do #forabolsonaro, quando ele era ainda Presidente e o pessoal que hoje me critica ficava em casa com medo do Covid.
Pior do que essa redução maniqueísta de escolher entre Lula e Bolsonaro como símbolos de uma posição política, é a ampla, geral e irrestrita resistência ao pensar racionalmente sobre os agentes que fazem a política no Brasil: os banqueiros, os grandes empresários e os latifundiários e seus representantes em todos os poderes da República.
Ou você tem uma fé religiosa de que Lula é a versão moderna de Jesus Cristo ou é um adepto perverso do satã redivivo que atende pelo nome de Jair Bolsonaro.
Cada um dos dois tem sua corte de santos e demônios. São Lula tem muitos apóstolos que nos ensinam o caminho do bem, como o Santo Haddad e São Dino e uma santa a quem devemos recorrer nesse vale de lágrimas, Santa Janja.
Como todo grupo religioso, esse tem também aquela figura a quem apelar em situações específicas. Por exemplo, em momentos de tempestade, quando os demônios bolsonaristas saem das trevas para nos ameaçar, em vez de invocar Santa Bárbara, deve-se acender uma vela para São Xandão.
Os adeptos do Satã Bolsonaro não são assim tão claros e não vivem à luz do dia. Eles gostam das sombras. Sua legião militar é a mais perigosa, mas eles são encontrados em todos os lugares e se apresentam com inúmeros disfarces. Até mesmo aquele sujeito aparentemente democrata e até mesmo socialista, pode ser um bolsonarista disfarçado.
Como disse o nosso grande poeta, Carlos Drummond de Andrade "Este é tempo de partido, tempo de homens partidos.
Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. De mãos viajando sem brancos, obscenos gestos avulsos. "