Mano pode repetir Mano
Por Rafael Cechin

A semana pós Páscoa e pós Gre-Nal se inicia com uma novidade em nossa eterna gangorra. O novo técnico do Grêmio é um velho conhecido da "aldeia". Mano Menezes assume com muitos desafios e com a confiança da torcida e da imprensa, o que já significa muita coisa. Há poucos anos, esteve no rival em passagem bem-sucedida. Para ele e para o clube. Chegou a hora de repetir a trajetória.
Em 2022 Mano estava em baixa no futebol. Pouca gente o queria, não tinha espaço nos grandes, estava apelando para menores. Parecia fadado a ser estancieiro, por sinal de grande porte, pelo resto da vida. Acabado para a carreira nos gramados. Surgiu o convite do Inter, então frustrado por tentativas muito ruins com os estrangeiros Cacique Medina e Miguel Angel Ramirez.
O elenco de jogadores não tinha currículo vencedor, a seca de títulos pressionava, a eliminação para o Globo na Copa do Brasil machucava demais. O treinador que agora desembarca no tricolor, marcado por tirar o próprio Grêmio da Série B em 2005 e depois levar até o 3º lugar no Brasileirão do ano seguinte e depois ao vice na Libertadores de 2007, era a esperança. E deu certo, dá para dizer.
Eu estive na diretoria executiva do Inter em boa parte do período de Mano e posso afirmar que passou longe do relacionamento com atletas, funcionários e direção a sua saída. Muito menos foi causada por falta de trabalho. Portanto, se os gremistas esperam no comando alguém que acalme os ânimos e una o vestiário, esse é mesmo o cara.
O problema da época no Parque Gigante é que o técnico pegou um clube se remontando, com grave crise financeira (pior do que agora). O grupo que ele tinha na mão para trabalhar tinha muitas deficiências. Mesmo assim chegou ao vice do Brasileirão de 2022, com ótimos desempenhos especialmente na reta final. Foi demitido na metade de 2023, muito em função da liberação de Eduardo Coudet, um sonho dos dirigentes colorados, e de algumas escolhas inadequadas em partidas decisivas e que levaram a novas eliminações frustrantes.
A culpa não foi de Mano Menezes, de Sidnei Lobo seu auxiliar, do preparador físico Flávio Oliveira, todos chegando agora para treinar o Grêmio. O que eu espero é que Mano repita Mano. Se assim for, o lado azul com certeza terá sucesso em seus objetivos na temporada. A grande questão é alinhar expectativas sobre quais serão esses objetivos.
É bom lembrar que o elenco é limitado e na comparação que sempre é feita com o outro lado o Inter está em fase mais consistente. A gangorra não será invertida facilmente. Caberá a todos terem paciência com o trabalho que vai se iniciar. Boa sorte!