Sobre saúde mental, depressão e apoio

Por Luan Pires

Nem todo dia é fácil. Há dias que só quereremos ficar deitado na cama em posição fetal. Às vezes, coloco uma playlist especial que criei que me ajuda. Às vezes, penso em algo trivial, mas que eu gosto muito de fazer (como passar café, por exemplo). Às vezes, eu só levanto porque preciso. E ponto. É a vida. Nem todo dia é vitória.

Depressão é um estigma. Embora hoje não tenha mais depresssão, tem dias que o desânimo bate e a depresssão, terapia e os remédios me ensinaram muito. É que as pessoas acham que ser forte é engolir traumas e seguir vivendo. Vivendo? Ou se escondendo de si mesmo? Ter depressão ou qualquer problema de saúde mental é um tratamento contínuo e pode ser pra vida toda, ou não. Lidar com isso é andar com uma pedra no bolso: às vezes, você esquece, às vezes ela pesa, às vezes ela te impossibilita de andar. É por isso que agradeço a todos os meus amados que entenderam meus sumiços (falar com alguém em um momento ruim, nem que seja por whatsApp, é como ser sugado por um buraco-negro). Agradeço por aceitarem meus dramas que mesmo bobos, ganham dimensões universais no meio de uma crise. Pessoas que enxergam com olhos carinhosos a intensidade com que meus sentimentos podem me consumir feito brasa queimando ao vento. Mas, o maior agradecimento é a mim, que vivi (e vivo com menos intensidade) isso: lidar com a saúde mental. E deve ser pra você também que, apesar das dores, não tem medo de encará-las com olhos abertos.

Nem sempre é difícil. Existem meses, dias, momentos de pleno controle e motivação. Mas existem buracos e é nesses momentos que o apoio do outro faz a diferença. Porque isso nos dá coragem de se abraçar, de se cuidar, de se respeitar... E o melhor: de ser gentil com as nossas falhas. Eu falei demais? Falei, vou tentar melhorar. Eu falei pouco? Falei. Vou ajustar. Eu exagerei? Sim, vou me segurar na próxima. Ser gentil com nossas falhas é afagar o nosso lado falho que faz de você uma peça única no mundo.

Não quer dizer que você é depressivo porque acorda desanimado. Falta de motivação e tristeza são aspectos acentuados no nosso atual momento de epidemia de solidão. Mas eu espero, do fundo do meu peito, que do mesmo modo que fui amparado por tantas pessoas especiais que abdicaram um pouco dos seus problemas pra me abraçar, que você se lembre desse texto e se sinta abraçado por mim, mesmo que eu seja falho, humano, intenso e único. Igual a você.

Com amor, Luan

 

Autor
Luan Nascimento Pires é jornalista e pós-graduado em Comunicação Digital. Tem especialização em diversidade e inclusão, escrita criativa e antropologia digital, bem como em estratégia, estudos geracionais e comportamentos do consumidor. Trabalha com planejamento estratégico e pesquisa em Publicidade e Endomarketing, atuando com marcas como Unimed, Sicredi, Corsan, Coca-Cola, Auxiliadora Predial, Deezer, Feira do Livro, Museu do Festival de Cinema em Gramado, entre outras. Articulista e responsável pelo espaço de diversidade e inclusão na Coletiva.net, com projetos de grupos inclusivos em agências e ações afirmativas no mercado de Comunicação. E-mail para contato: [email protected]

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