Diversidade e Comunicação: A internet ouviu a voz de Lou Cardoso
Autora de artigo publicado nesta sexta-feira em Coletiva.net, jornalista conversou com Luan Pires
Lou Cardoso trabalhou durante anos no Correio do Povo. Formada em Cinema e Jornalismo, atuou no setor de notícias do jornal em várias editorias, mas não esconde que a sétima arte é a sua paixão. Agora, dona de um blog voltado à área e recém-vinda da cobertura do Festival de Cinema de Gramado, ela trouxe a visão de como a internet é o espaço para inúmeras vozes diversas ganharem ressonância. Com esse currículo, perguntei sobre a trajetória profissional dela. Queria saber como foi a primeira vez que ela vivenciou algo que a fez pensar sobre "diversidade".
Quando eu entrei no Correio do Povo como estagiária, em 2013, eu iniciei auxiliando a editoria do site do jornal. Fui efetivada pra repórter e redatora em 2016 e fiquei até início de 2022. Tive experiência de hardnews em todos os tipos de editoria e fui percebendo aquelas coisas que acontecem, mas não paramos para pensar. Por exemplo: matérias sobre futebol vinham muito raramente para as minhas pautas. Claro que existia um movimento de todos participarem de todas as editorias, mas não era algo que naturalmente caía nas minhas mãos.
Geralmente, jornais impressos são bem tradicionais. O que tu acha sobre isso?
Acho que tem esse aspecto mais macro: os jornalistas permanecem em seus cargos durante anos, o que por um lado, os tornam profissionais bem experientes, mas isso barra um pouco a entrada de outros olhares diversos. Precisa existir um equilíbrio para romper padrões. A mulher, como jornalista, tem a capacidade de adentrar qualquer universo. Esse é o papel do jornalista, afinal.
Inclusive na área de Cinema...
Sim. Olhando para as minhas referências, principalmente as de críticos de Cinema, todas eram masculinas porque as outras vozes não conseguiam ter espaço em meios mais tradicionais. E acho que a internet tem muito mérito nisso. Foi com a internet que eu comecei a ampliar minha visão de referências. Agradeço muito, pois, caso contrário, eu estaria presa às bibliografias da faculdade que focam em grandes nomes masculinos.
Foi na internet, nos blogs, nas redes sociais que eu realmente conheci mulheres importantes para a Cultura. Na história do Cinema, elas não estavam em casa paradas, sabe? Elas estavam fazendo história e Cultura. Talvez não ganharam destaque nas bibliografias tradicionais, mas existem, e a internet dá acesso à história delas.
E como é ser mulher, crítica de Cinema, na internet? Existiria diferença se tu fosse um homem, por exemplo? Já sentiu algo relacionado a isso?
Total. Fiz muitas amizades com meninas e a gente troca que muitas já sofreram invalidação da opinião. Exemplo é quando as produções trazem inclusão e alguns homens vão lá reclamar que tá diferente do material original. Isso quando não vão nas mensagens diretas do Instagram reclamar. Então, nós, meninas, acabamos criando uma rede de apoio.
Para finalizar, uma coisa que sempre pergunto: o que tu acredita que realmente é diversidade?
É algo que se estende a várias esferas da vida. Mas, acho que a diversidade vai acontecer quando, nas empresas de Comunicação, os líderes forem de vozes diferentes. Chegar lá em cima é o caminho para ter um mundo mais diverso. O privilégio de estar em um lugar em que você se sinta livre e não intimidada de nenhum jeito é direito de todos. Isso é diversidade. Não ter medo de estar onde se quer estar.
Esta matéria faz parte de um conteúdo especial sobre diversidade e Comunicação, produzido por Luan Pires para Coletiva.net. Todas as sextas-feiras, o jornalista publicará uma entrevista exclusiva com o articulista do dia. Para conferir o artigo de hoje, assinado por Lou Cardoso, clique aqui.