Cinco perguntas para Carla Seabra

Atualmente editora do 'Rio Grande no Ar', da Record TV, a jornalista já atuou como setorista de futebol

Carla Seabra hoje é vice-presidente do Sindjors - Arquivo pessoal

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou jornalista diplomada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), turma 79/1. Fui a primeira mulher repórter setorista de futebol para a televisão na então TV Difusora, em 1980, ainda estudante, registrada como radialista, como determinava a função de repórter esportiva. Um ano depois, apaixonada por edição, fui para a TV Guaíba, como produtora, inicialmente de um programa infantil e, depois, do Esporte, minha paixão. Em 1983 fui para a então TV Gaúcha, como editora do Esporte e, ainda durante minha estada por lá, fui promovida e me tornei a primeira mulher chefe do núcleo de Esportes da emissora. No final da década de 80, início da de 90, fui para a Sogipa, onde organizei o setor de Comunicação Social, uma vez que eram assessorias isoladas das pastas do clube, como esportiva, social e cultural. Foi um aprendizado maravilhoso. 

Durante um período, a vida pessoal interferiu na vida profissional, e fiquei um tempo fazendo freelas, assessorias de imprensa pontuais, assessorias políticas e outras atividades no Jornalismo até meus filhos crescerem e eu voltar para a televisão, em 2014. Na Record TV RS, fui editora e, em seis meses, fui promovida a editora-chefe do 'RS no Ar', onde ganhamos o 'Prêmio Press' por dois anos consecutivos, como Melhor Programa de Televisão do Ano (2015/2016). Fiquei um período no 'RS Record', jornal da noite, retornando ao 'RS no Ar'. 

Em 2017, fui parar no 'Cidade Alerta', uma nova linha editorial em que acrescentamos os problemas das comunidades. Trabalhei com o Voltaire Porto, um dos grandes jornalistas que conheci. Foi um período muito produtivo, quando batemos recordes de audiência do programa desde a estreia, e pudemos exercer a função social do Jornalismo. E veio a pandemia. Fiquei um período em casa, por ser do grupo de risco e retornei no segundo semestre de 2021. E, logo depois de um mês, voltei para o 'RS no Ar', que é um jornal-revista, muito prazeroso de executar. 

Paralelamente, estou no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors), hoje na função de 1ª vice-presidente. Pessoalmente, sou uma mulher de 62 anos - que assumiu os cabelos brancos -, mas ainda muito ativa, "ligada no 220v", com muito a produzir. Tenho três filhos, duas noras, uma neta e um casal de netos do coração. 

2-  Por que você optou por estudar e atuar com Jornalismo?

Eu sempre digo que o Jornalismo me escolheu. Entrei na Faculdade de Comunicação no curso de Publicidade e Propaganda. No terceiro semestre, tivemos seminários sobre as três áreas (PP, Relações Públicas e Jornalismo) e fiquei encantada com as possibilidades no Jornalismo. Até que o organizador do seminário, Claro Gilberto, convidou-me para ser uma novidade do mercado, sendo repórter esportiva no 'Portovisão' (programa muito bem-sucedido, na época). Confesso que fiquei assustada com o convite. Já havia dito que adorava futebol e que queria falar sobre o esporte profissionalmente, mas nunca imaginei que a oportunidade viesse tão cedo e eu com apenas 19 anos. 

Como fiz minha vida inteira, aproveitei a oportunidade. Naquele momento, troquei a opção do curso para Jornalismo. Pode parecer estranho que uma repórter, que tinha o respeito dos colegas e abriu as portas para uma turma bacana que vem desde lá, quisesse ir para trás das câmeras. Eu me apaixonei pela edição e, com o tempo, com tudo o que envolve a realização de um jornal/programa. Não resisti. É um universo apaixonante e, até hoje, quase 43 anos depois, sigo com o mesmo entusiasmo. Isso ninguém tira da gente. Estou tão certa da escolha que fiz, que um de meus orgulhos é ter recebido a 'Medalha Alberto André', oferecida pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI), por minha história e contribuição à profissão.

3- Em dezembro, foi lançado o piloto de 'A Palavra é Tua'. Como foi a repercussão da estreia e quais serão as próximas ações com relação ao programa? 

Estamos criando uma série de produtos no Sindjors, para nos aproximarmos dos jornalistas e modernizarmos o sindicato. É importante a categoria ter a consciência de que a turma que lá está é voluntária e com muita vontade política de promover mudanças que beneficiem os trabalhadores, oferecendo aos jornalistas qualidade de vida, com salários dignos e direitos consolidados. Não é uma luta fácil. É exigente, mas que nos realiza e move. O 'A Palavra é Tua', agora, emprestou o nome para os nossos podcasts. Em abril, mês do jornalista, lançaremos nossos produtos: 'A Palavra é Tua' - podcasts semanais, com temas de interesse dos jornalistas, como assédio moral, previdência, legislação, mercado, diploma, fake news, e etc; 'Reportagem Especial' - trimestrais, nosso piloto foi sobre Jornalismo e a cobertura do carnaval; e 'Sindjotrs Destaca' - entrevista mensal, cujo piloto foi com a Vera Daisy e acabamos de realizar outro, no mês da mulher, com a jornalista Luciamem Winck, que é nossa delegada junto ao Correio do Povo. Todos os projetos serão hospedados no YouTube, no nosso canal, e depois compartilhados nas redes. Esse é um projeto coletivo, superbacana, coordenado por mim, pela Viviane Finkielsztejn, que também é minha colega na Record TV RS, mas está cedida para o sindicato, e um grupo da diretoria, sempre com a liderança da nossa presidente Laura Santos Rocha.

4- Como editora-chefe do programa 'Rio Grande no Ar', quais são os principais desafios que enfrenta como jornalista atualmente?

Acredito que o nosso desafio diário é a checagem das informações, porque vivemos uma época de proliferação irresponsável de fake news. É fundamental ter muito comprometimento na hora de dar uma notícia, checar as fontes, ouvir todos os envolvidos. Além disso, devemos ter uma preocupação constante com o que se coloca no ar, porque formamos opinião, porque nossa função social precisa estar presente nas nossas pautas, até mesmo nas policiais. Dar a notícia de um feminicídio precisa vir acompanhada de alertas de como a mulher pode se defender, da necessidade de denunciar, de como as pessoas precisam, sim, se envolver. O fato por si só deprime, mas pode ser extremamente importante para outras mulheres que passam por violência doméstica. E isso é fundamental em todas as notícias. Acho que esses são sempre os maiores desafios.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Para quem tem 62 anos, meus planos para amanhã são permanecer viva (risos), com saúde, com qualidade de vida e aproveitar as oportunidades que se apresentarem pra mim. Venho conduzindo minha jornada profissional dessa forma há quase 43 anos (que se completarão em setembro) e ainda tenho "pique" para seguir produzindo e criando. Mas confesso que, ao concluir minha pós-graduação em Influência Digital, agrada-me a ideia de explorar as redes. Ainda estou amadurecendo a ideia.

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