Cinco perguntas para Lucas Schuch

Publicitário de Santa Maria pesquisa sobre a indústria criativa

Lucas Schuch, publicitário gaúcho.

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Eu me chamo Lucas Schuch, filho de funcionária pública e professor. Eu sou de Santa Maria, Rio Grande do Sul, publicitário de formação, trabalhei alguns anos na indústria de publicidade e há alguns anos decidi olhar ela pelo lado de fora. Sou doutorando em comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e lá eu desenvolvo pesquisas sobre o presente dessa indústria. E pra contar sobre essa pesquisa eu criei um projeto de conteúdo, que chama Propaganda não é só isso aí, um podcast e um instagram que problematizam os erros e acertos dessa indústria, conversando com agentes de mudança do mercado.

2 - Como e por que se tornou publicitário?

Eu adoraria ter uma história romântica pra contar aqui, mas eu acho que foi como muitas pessoas nessa profissão, por um impulso na indecisão de qual curso escolher na faculdade, escolhi aquele que parecia menos rígido (o que logo depois eu descobri que não era bem assim, não). Não tinha ninguém na minha família com qualquer aproximação assim com publicidade e nada nesse sentido. Então, eu acho que a pergunta mais interessante seria: por que eu me mantive publicitário (rsrs)? Quando eu entendi que no sistema que a gente vive, publicidade tem um papel central, eu decidi que queria entender mais dela. Nem que fosse pra me dar as bases pra eu tecer críticas a ela, mas eu precisava me manter lá. 

3 - O que significa para você integrar a lista de 30 jovens que mudaram o mercado da Comunicação em 2020?

A lista que o André Chaves criou é uma esperança de que o mercado pode se transformar. Estar nela me fez entender que é um movimento coletivo que começa a se organizar para mudar o mercado. Pessoas inquietas, insatisfeitas, descontentes sempre existiram, mas por força do dia a dia mesmo da indústria, eram levadas ao silêncio. A lista potencializa, ainda mais, 30 iniciativas que já são potentes. Estar nela é esperança, é um aviso pra quem ainda acredita que 'antigamente que era legal fazer publicidade'. Ainda é muito legal, só que por motivos que conversam com o tempo que vivemos.

4 - Para você, quais são as principais mudanças que o mercado da Comunicação precisa passar?

Todas as que digam respeito à estrutura, e não à superfície. Ainda que essas sejam as mais difíceis de acontecer, são as mais importantes. Alguns exemplos: encontrar outro modelo de remuneração que não seja exclusivamente baseado em bonificação de volume de mídia; questões de representatividade e inclusão (de novo, na estrutura, não na superfície do release); a hierarquização acentuada que temos nos modelos de negócio; a cultura de assédio normalizada também nesses espaços; dentre tantas outras. Novamente: existem mudanças nesse sentido? Várias, e isoladamente podem propor transformações profundas. Agora, essas mudanças precisam ser estruturais no mercado, e não em cada modelo de negócio isolado. Mudanças estruturais não vão vir, a meu ver, de iniciativas de empresas isoladas. Quando o mercado debater junto na mesma mesa esses problemas, talvez tenhamos mudanças. E é por isso que elas demoram tanto.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Eu não sei se tenho a pretensão de fazer qualquer plano mais não (rsrs). Em cinco anos, então? Vish! Mas eu tenho alguns sonhos aqui. O primeiro deles é que eu quero estar mais próximo do ensino de publicidade. Não que eu ache que as gerações que já estão no mercado não possam propor transformações. Longe disto. Agora, se transformarmos na base do pensamento uma publicidade já moldada a partir do estudo dessas transformações do mercado, eu acho que seja uma forma de acelerar essas mudanças. E, para o mercado, eu queria propor alguns grupos reflexivos. Como eu falei antes, mudanças estruturais vêm da mobilização coletiva, então acho que esse pode ser um jeito. Mas, de novo: sonhos, não planos. (rsrs) 

Comentários