Cinco perguntas para Ricardo Mateus Silberschlag

Diretor da Folha do Mate e presidente da ADI Multimídia acredita na importância dos veículos do interior para a comunidade

Ricardo Mateus Silberschlag preside a ADI Multimídia - Crédito: Letícia Wacholz/Folha do Mate

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Eu me chamo Ricardo Mateus Silberschlag e sou de Venâncio Aires. Nasci na cidade, onde fiz minha formação no primeiro grau. Depois o meu segundo grau fiz em Santa Cruz do Sul no colégio Marista São Luiz. Sou formado em Engenharia Civil, em Santa Maria, onde estudei de 1996 a 2000. Depois vim trabalhar com meu pai, que é o proprietário da Folha do Mate, a convite dele. A empresa perdeu a linha de sucessão, que seria a minha irmã, que foi morar fora do Brasil e não voltou mais depois disso. Ela saiu do País em 1997, eu ainda estava estudando e não abandonei o curso, que queria concluir. Gosto de Engenharia. Assim que entrei na empresa - me formei no final de 2000, no início de fevereiro 2001 -, entrei no jornal. Entrei como diretor financeiro, cuidando da parte também de assinaturas. A organização era bem pequena, na época a gente tinha cerca de 17 funcionários. E fui fazendo minha história na engenharia junto. Eu tinha um escritório ao mesmo tempo. Logo percebi que deveria fazer algum curso na área de Administração. Na metade de 2001,comecei um curso de Gestão Empresarial. 

No final desse mesmo ano, conversei com meu pai. Estávamos com um pouco de dificuldade, no início, de entender o negócio. Tínhamos alguns problemas financeiros na época. A empresa começou a funcionar e eu comecei a gostar do setor também. Tínhamos basicamente um jornal na época. Então resolvi, em 2002, abandonar a engenharia e tocar o negócio full time. E meu pai já tinha então repassado para mim, ele não atuava mais na empresa, e realmente se aposentou. Ele era político na época. Esse foi meu começo. Hoje eu trabalho como diretor. A empresa cresceu, acabamos nos desenvolvendo, chegamos a ter 60 funcionários, agora estamos com 48, e temos uma rádio com mais 20 funcionários. Uma empresa de porte médio para o município. E hoje a Comunicação é minha vida. 

Se passaram 21 anos, e devo isso tudo muito ao meu pai. Além de ter me convidado, de ter apostado em mim, deixou-me fazer o trabalho como eu achava que tinha que ser feito. Não me colocando em questionamento diante dos outros funcionários ou fornecedores, sempre deixando eu fazer do meu jeito. Meu pai é um "dinossauro" da Comunicação, que começou a empresa praticamente em 1932 como funcionário e se mantém até hoje. Ele está ativo, com quase 80 anos nas atividades dele. E a gente sempre conversa muito sobre Comunicação. Então é alguém que me inspirou muito para eu tocar a empresa no dia a dia.

2  O que o fez escolher trabalhar com Comunicação?

De uma certa forma, foi uma ajuda à família. Isso porque eu sucedi o meu pai. Eu tenho duas irmãs, uma é médica e a outra foi morar fora do Brasil e não quis mais voltar. O chamado do meu pai me forçou, de alguma forma, a ir para a Comunicação. Assim, eu fui desafiado a ir para essa área, que hoje considero apaixonante. Meu trabalho me traz muita satisfação, por poder colaborar com as pessoas e fazer um trabalho sério de Jornalismo. Isso é o que regimenta o nosso negócio, tanto é que o nosso slogan é 'parceria com a comunidade'. Há muitos anos a gente trabalha assim. 

3- No final de abril, você assumiu como presidente da Associação dos Grupos Regionais de Comunicação do Rio Grande do Sul (ADI Multimídia). Como avalia a gestão até o momento?

Nós temos feito muitos contatos comerciais, mantendo parcerias com entidades para mostrar a importância do Jornalismo profissional. Isso é uma das questões que temos enfrentado muito fortemente com o advento das redes sociais e esse debate ao extremo tem sido feito em todas as áreas. Acho que estamos avançando, porque faremos agora um congresso e trabalharemos um pouco sobre isso, sobre a importância do Jornalismo e a questão da própria Inteligência Artificial nos negócios, o quanto isso está impactando. Teremos também palestras nesse sentido. Fizemos um trabalho de muito networking entre os jornais para conhecermos as melhores práticas de gestão e de editoriais que os jornais fazem também. Hoje, a gente não os trata apenas como jornais, mas sim como grupos de Comunicação. 

Por exemplo, aqui na Folha do Mate, em 2002, colocamos um site no ar. Desde lá não paramos, e temos outros sites. Acho que a ADI está caminhando para ser multimídia realmente. Temos trabalhado isso com nossos associados, para que cada vez mais nos tornemos plataformas multimídias relevantes para a comunidade. Não é mais só jornal, não é mais só rádio, ou só o site. São as redes sociais que nós somos fortes, até mesmo nos grupos de WhatsApp. Temos que aproveitar essas oportunidades e continuar crescendo. Acho que estamos fazendo um bom trabalho. O congresso é um grande momento para a entidade, quando conseguimos, pessoalmente, passar para o associado e fazer o networking próximo para conhecer as melhores práticas de cada um e continuarmos nos desenvolvendo.

4- Você também é diretor do Jornal Folha do Mate, de Venâncio Aires. Como você vê a importância dos trabalhos dos veículos do interior para a sociedade?

Temos um papel muito importante na comunidade, que vive um momento de fake news. Vemos hoje as pessoas perdidas em uma selva de informações e muitas que não são relevantes para elas. E, às vezes, o Jornalismo entra nesse 'bolo', mas o nosso negócio é explicar para as pessoas o que acontece na comunidade, relatar os problemas, envolver a comunidade para buscar soluções. Eu acho que um Jornalismo propositivo, que é o que a Folha do Mate faz, e a Terra FM faz, é isso. Buscamos apontar caminhos também para a sociedade e conscientizar da importância desse veículo para a questão das entidades e do próprio poder público. Onde o Jornalismo profissional não existe, sabemos os problemas que o povo tem com os entes públicos fazendo as suas peripécias. E quando tem veículos sérios atuando, isso não acontece. Então também protege a comunidade de alguma forma dessas pessoas malévolas, que existem e são muitas.

O Jornalismo mudou bastante, hoje não é mais só de informação, ele passou a propor e a fazer debates. Temos diversos painéis nos quais a gente trata sobre o desenvolvimento da sociedade, para onde estamos indo, onde é que queremos chegar. Temos trabalhado também questões ambientais, porque é uma pauta das empresas hoje, bem como do Estado, ela é importante para o futuro da população. Vamos fazer as pessoas pensarem. O nosso trabalho tem que ser relevante. Porque contamos as histórias das pessoas também, com qualidade, com profissionalismo, sem viés ideológico, e sim propondo. A comunidade tem que crescer, o desenvolvimento está aí, não podemos ir para trás, temos que ir para frente. Então, o Jornalismo tem que acompanhar esse desenvolvimento ao longo do tempo.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Continuar desenvolvendo o trabalho, falando de forma profissional, aqui nas empresas e tentando desenvolver mais oportunidades para os jovens. Acho que nós temos que capitalizar o impresso, um produto importante para a população e, sem esquecer, obviamente, da rede social, do canal no YouTube ou da nossa rádio. Temos que continuar desenvolvendo todo o portfólio para ele crescer. Isto para mim é o papel principal: nos posicionar, realmente, como uma empresa de Jornalismo para a comunidade. Nós fazemos Jornalismo sério e profissional. E todos têm voz. O jornal é um reflexo da nossa comunidade. Eu acho que isso é o papel para tornar ele ainda mais inspirador e ainda mais atraente. É assim vem se desenvolvendo nos últimos anos e isso inspira muito para podermos crescer e continuar cumprindo o nosso papel de fazer a sociedade se desenvolver. Esse é o nosso mote principal, é onde que queremos sempre trabalhar, não posso perder isso de vista, eu sou o gestor da organização. Então eu espero ser lembrado como a empresa que realmente faz o melhor Jornalismo, com melhor qualidade e entrega mais resultados para a comunidade.

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