Crescem os ataques à imprensa durante o primeiro turno das eleições

Mais de 450 contas de jornalistas, meios de Comunicação e candidatos são monitoradas desde 15 de agosto

O TikTok assumiu a dianteira, com cerca de 4.400 ataques registrados em cerca de 20 dias - Crédito: Reprodução

Durante o primeiro turno da campanha eleitoral no Brasil, a Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) registrou mais de 44.200 ataques contra a imprensa em cerca de sete semanas de monitoramento das redes sociais X, Instagram e TikTok. Em parceria com o Laboratório de Internet e Ciência de Dados (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mais de 450 contas de jornalistas, meios de Comunicação e candidatos às prefeituras vêm sendo monitoradas desde 15 de agosto, véspera do início oficial da campanha.

A análise semanal dos padrões de hostilidade contra a imprensa no meio digital mostrou que, após o bloqueio do X no país, o TikTok vem se consolidando como um espaço nocivo aos jornalistas. Nas três primeiras semanas de acompanhamento, o X ocupava o primeiro lugar em número de ataques. Mais de 34.700 publicações, comentários ou menções que remetiam a algum tipo de violência ou discurso estigmatizante contra jornalistas ou meios de comunicação foram publicadas na plataforma. 

Após o bloqueio no Brasil, a CDJor ampliou o escopo de monitoramento no Instagram e iniciou a análise de dados no TikTok. O TikTok assumiu a dianteira, com cerca de 4.400 ataques registrados em cerca de 20 dias. Já no Instagram, foram mais de 4.800 ataques em sete semanas de monitoramento.

Os ataques variam de agressões diretas a jornalistas e veículos a um discurso estigmatizante contra a imprensa. Expressões como "mídia podre", "jornalismo tendencioso", "extrema imprensa", "imprensa militante", "jornalismo imparcial" e "imprensa vendida" são frequentemente usadas para descredibilizar profissionais e veículos.

Entre 15 de agosto e 6 de outubro, os jornalistas mais citado nas redes sociais foram: Carlos Tramontina (que mediou o debate do Flow entre candidatos à prefeitura de São Paulo), Josias de Souza (UOL), Pedro Duran Meletti (CNN Brasil), Andréia Sadi (GloboNews), Vera Magalhães (O Globo/ CBN), Diego Sarza (UOL), André Trigueiro (GloboNews), Leonardo Sakamoto (UOL), José Roberto de Toledo (UOL) e Daniela Lima (GloboNews). Já os meios de comunicação que mais receberam menções ou comentários hostis foram GloboNews, UOL, Metrópoles, G1, CNN, O Globo, Folha de S.Paulo, Rede Globo, O Estado de S.Paulo e Veja. A hashtag mais utilizada no períoodo foi #globolixo, seguida de outras ligadas ao mesmo grupo. A expressão aparece com frequência inclusive em posts direcionados a outros meios de comunicação, mostrando que se tornou um termo de hostilização ao jornalismo em geral.

A íntegra dos relatórios semanais do 1º turno está disponível aqui. Interessados em receber os relatórios de monitoramento do 2º turno podem se inscrever neste link.

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