Ministério Público Federal pede cancelamento de outorgas da Jovem Pan

Órgão entende que houve, por parte da emissora, disseminação de desinformação e ataques à democracia

Jovem Pan também poderá ter que pagar uma multa por danos morais coletivos - Crédito: Reprodução

Nesta terça-feira, 27, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com um pedido na Justiça para que as outorgas da rádio Jovem Pan sejam canceladas. Isso porque o órgão entende que a emissora propagou desinformação e estimulou ataques à democracia. Além da perda da concessão pública, também foi estipulada uma multa de R$ 13,4 milhões como indenização por danos morais coletivos.

No caso do pedido ser acatado e as outorgas canceladas, a empresa não poderá mais ter a programação veiculada via rádio. Porém, as transmissões pelo YouTube ou pela televisão não sofrerão alteração. Outra solicitação incluída pelo MPF na ação também obriga a Jovem Pan a veicular, durante quatro meses, ao menos 15 vezes ao dia, entre 6h e 21h, mensagens com informações oficiais sobre a confiabilidade do processo eleitoral.

Vale lembrar que o pedido encaminhado pelo MPF nesta semana tem como base um inquérito civil instaurado em janeiro para apurar a conduta da emissora. Após o envio da ação, o órgão relacionou, por meio de nota, a severidade das medidas à gravidade da conduta da rádio. "Com as informações falsas que veiculou, a Jovem Pan contribuiu para que um enorme número de pessoas duvidasse da idoneidade do processo eleitoral ou tomasse ações diretas, como o bloqueio de estradas em novembro passado e o ataque de vandalismo em Brasília no dia 8 de janeiro", defende o órgão. 

Cassação é "medida extrema", diz Abert

Na avaliação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a ação ajuizada pelo MPF é "muito preocupante", pois entende que o cancelamento de uma concessão é uma medida "extrema, grave e sem precedentes". "A liberdade de programação das emissoras é fundamental para o livre exercício do Jornalismo e para a existência do pluralismo de opinião, que deve ser sempre preservado", registrou em nota a entidade, que garantiu que acompanhará os desdobramentos.

Quem também se manifestou foi a Jovem Pan. Por meio de comunicado oficial, a empresa disse que sua defesa "será manifestada exclusivamente nos autos do processo" e que o grupo "reafirma diariamente, ao longo de 80 anos, seu compromisso com a sociedade brasileira e a democracia".

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