Polêmica: coletiva da nova série do HBO Max reforça letramento em HIV
Coletiva.net conversou com ator Ícaro Silva sobre linguagem inadequada utilizada por comunicador durante entrevista

Em coletiva de imprensa marcada por mobilização e debate público, elenco e equipe da série 'Máscaras de Oxigênios não cairão automaticamente', que estreia no domingo, 31, no HBO Max, defenderam a atualização de termos e escuta ativa para combater estigma e desinformação. Após a conversa com os jornalistas, Ícaro Silva, que atua na produção, falou com exclusividade à reportagem de Coletiva.net sobre o "agora", ou seja, o retrato da sociedade atual, e a potência de nomear corretamente.
Entenda a polêmica
No encontro com os jornalistas e criadores de conteúdo, nesta manhã, 17, do 53º Festival de Cinema, na Sociedade Recreio Gramadense, um comunicador usou a expressão "aidético" para fazer referência ao personagem de Johnny Massaro, o comissário de bordo Nando na série. Após o questionamento, o ator Ícaro Silva explicou que esse era um termo pejorativo.
A conversa, marcada pela resistência de alguns presentes sobre atualização de termos e letramento, foi uma aula pública sobre linguagem, saúde e responsabilidade social. O ponto central: letramento em HIV e a necessidade de abandonar expressões que desumanizam pessoas portadoras do vírus.
Os participantes lembraram que o Brasil acabou de atravessar uma pandemia global e que, no País, a negação científica cobrou um preço alto. E ressaltaram que eventos como o 53º Festival de Cinema são uma oportunidade para pautar a maneira como se fala sobre pessoas e doenças. O recado foi direto: o ser humano vem antes do diagnóstico. Termos que reduzem alguém a uma condição ("aidético", "maníaco", "deficiente") apagam histórias e direitos.
Letramento requer escuta
Em entrevista exclusiva ao portal, o ator Ícaro Silva destacou que estar no presente exige escuta aberta e disposição para se atualizar. "Cada geração traz novidades e o nosso tempo é o agora. Para estar nele, a gente precisa escutar de verdade. Na nossa série e no tema HIV/Aids, a doutora Márcia Rachid (infectologista e consultora da série) foi fundamental para construirmos entendimento e cuidado".
Ainda de acordo com ele, muita gente segue associando o tema à morte: "O que precisamos deixar claro é que não existe sentença de morte quando falamos de HIV hoje, é uma sentença de vida. Com cuidado, as pessoas podem viver normalmente".
Ícaro também comentou o momento da coletiva em que um termo pejorativo foi usado por um comunicador, lembrando que linguagens do passado não dão conta do presente: "É importante entender que certos termos não fazem mais parte do nosso dia. Se rejeitamos a novidade, ficamos fora do tempo. Eu quero aprender o máximo hoje e, se puder, compartilhar com quem tem escuta aberta".
Papel do audiovisual
A série assume o compromisso de dialogar com o público para reduzir estigmas e ampliar informação qualificada. Ao trazer especialistas para dentro do processo criativo, a equipe reforça que boas histórias também educam e que palavras importam tanto quanto personagens e enredos.
A equipe de Coletiva.net acompanha o 53º Festival de Cinema de Gramado, realizado de 13 a 23 de agosto, na Serra Gaúcha. Nesta edição, o apoio é da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), que enviou estudantes de Jornalismo e Publicidade e Propaganda para reforçar a cobertura. O público pode conferir matérias e entrevistas exclusivas sobre o evento no portal, repercutidas nas redes sociais - Facebook e Instagram -, além de drops em Coletiva.rádio.