Adriana Arend: Proibido estacionar na vida

Jornalista apaixonada pela leitura, viagens e família defende a gentileza acima de tudo

Juliano Verardi

Foi pouco antes da virada do ano de 1970 para 1971 que nasceu, em 29 de dezembro, em Porto Alegre, Adriana Freitas Arend. Filha caçula da professora Marlene Freitas Arend e do representante comercial Ezildo Arend, a diretora de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) sempre foi fascinada pela literatura. Não é à toa que, entre as lembranças da infância, está marcada por muita leitura. Ainda criança, recorda que consumia muitos gibis da Turma da Mônica, do Tio Patinhas e de toda a turma da Disney. Incentivada pelos pais, era uma verdadeira "rata de biblioteca". Se ia ao supermercado, ficava junto às prateleiras de livros e sempre saía com um exemplar na mão.

Esta paixão era compartilhada com a amiga de infância Thais Jardim. Morando no mesmo prédio, as duas estavam sempre juntas. E, como a mãe da amiguinha também era professora e trabalhava na Secretaria de Educação, em um setor em que recebia muitos exemplares, acabava ganhando diversos livros e repassando para que as meninas pudessem ler. Hoje, lamenta que não tem o tempo que gostaria para poder devorar todos os livros que quer. Tem uma fila esperando.

A preferência é por biografias, leituras relacionadas ao Jornalismo e às questões mais focadas na vida real. Atualmente, está lendo 'Histórias de Morte Matada, Contadas Feito Morte Morrida', das jornalistas Niara de Oliveira e Vanessa Rodrigues. Às vezes, gosta de ler um gênero policial ou mistério "para dar uma desligada do mundo real", principalmente nas férias.

Dos tempos de criança, também recorda que costumava ser superprotegida pelas irmãs mais velhas, Deyse e Denise, 12 e 10 anos mais velhas que Adriana, respectivamente. Eram elas quem levavam e buscavam onde a mais nova quisesse ir. "Elas são como uma mãe para mim. Sempre foram meu norte", compartilha.

Jornalistas ratos de biblioteca

Casada com o também jornalista e assessor de imprensa Claiton Magalhães, com quem tem muitas trocas de experiências profissionais no dia a dia, conta que o marido é um leitor voraz. Por isso, só poderiam ter se conhecido no lugar mais provável possível: a biblioteca da faculdade. Da relação de 32 anos, nasceram a Sofia, 23 anos, advogada, e o Theo, nove anos, estudante.

Os filhos são o orgulho da mãe-coruja. A primogênita tem uma página, junto com a amiga xará, a psicóloga Sofia, no Instagram e Tik Tok, chamada 'Sofias por aí', onde visitam restaurantes e "estão fazendo o maior sucesso nas redes sociais". "Elas têm a Comunicação no DNA, uma vez que os pais da Sofia são publicitários e nós aqui em casa jornalistas, então não adiantou fugir muito", brinca. Já as idas ao cinema são para levar o filho caçula, uma vez que, com a pandemia e a facilidade do streaming, acaba assistindo mais filmes em casa, principalmente séries policiais e documentários. Mas o que faz falta neste momento é o "montinho de pelos" Nute, o cachorrinho da raça Shih-tzu, que foi o xodó da família por 13 anos, e faleceu no início deste ano.

Como acabaram de se mudar para Ipanema, a trupe familiar adora passear, principalmente pela Orla. O passatempo preferido é ficar na beira do Guaíba, apreciando o pôr do sol. Gostam de estar em família, viajar e assistir a séries juntos, além de ficar na função da cozinha, onde quem pilota o fogão é o Claiton. Entre as preferências gastronômicas, está o churrasco feito pelo marido, e ela costuma dizer que tem estômago de avestruz, já que come de tudo e dificilmente algo lhe faz mal. O que não gosta de jeito nenhum é bife de fígado e o tempero cominho. Com descendência alemã, por parte do pai, diz que adora a mistura de sabores e de doces com salgados.

Também ama viajar e está sempre pesquisando novos destinos, mesmo para um bate e volta. É apaixonada por conhecer novos lugares. O grande amor é pelo Rio de Janeiro. Tanto é que a meta de quando se aposentar é ir morar lá. É fascinada pelo clima, a cidade, as opções de cultura e a gastronomia que tem na Cidade Maravilhosa. Um lugar em que já esteve e tem vontade de voltar é Paris, mas um sonho que está cada vez mais distante com o valor da moeda corrente na França, o euro. Elas são suas duas cidades preferidas no mundo, mas ainda gostaria de conhecer Nova York, além dos países Portugal e Itália. 

Jornalista concursada

Formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 1996, e tem mestrado em Letras, em 1999, pela mesma Universidade. Apesar de gostar dessa última área, diz que não tem perfil para ser professora e não se imaginaria fora da Comunicação. Foi no Jornalismo que se encontrou.

A carreira teve início logo que se formou. Foi convidada pelas jornalistas Eunice Jacques e Núbia Silveira para fazer o curso de Jornalismo Aplicado da RBS, em Florianópolis, com tudo pago. Na Ilha da Magia, ficou por quatro meses se especializando em Imprensa Escrita. Quando terminou o curso, foi contratada pelo Diário Catarinense para editoria de Política, onde ficou por três meses, até ser chamada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), em que havia prestado concurso e passado. "Fiquei com dois corações, mas o Tribunal era uma perspectiva de estabilidade, com um salário muito melhor e uma vaga que eu tinha conquistado. Foi um concurso superdisputado, em que eu fiquei em 42º lugar, com mais de 10 mil candidatos. Então, resolvi assumir", confidencia.

Quando chegou ao TJRS, foi encaminhada para a Assessoria de Imprensa, e lá lhe disseram que não havia nada para fazer ali. Por isso, acabou indo trabalhar com folha de pagamento, cargo nada a ver com sua formação. Um tempo depois, assumiu na Comunicação a jornalista Lea Busatto, que fez uma triagem entre os funcionários e a chamou, juntamente com o publicitário Mário Salgado, que trabalha até hoje com Adriana.

De lá para cá foi ganhando espaço e crescendo e, desde o fim de 2021, ocupa o cargo atual. Antes era assessora coordenadora da Unidade de Imprensa do TJRS. Hoje, conta com três departamentos: Imprensa, Relações Públicas e Marketing Institucional e Comunicação Social, onde cada departamento tem seu diretor. "Agora estamos consolidados dentro do Tribunal, e a Comunicação é reconhecida como um setor fundamental dentro do Judiciário", orgulha-se.

Reconhecimento

Entre suas referências pessoais destaca Lea Busatto, de ser humano e pessoa; o desembargador Túlio Martins, que a ajudou por 10 anos na estruturação da Comunicação, e o desembargador Voltaire de Lima Moraes, que autorizou a criação da Direção de Comunicação (Dicom). Além deles, estão a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, eleita a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente no TJRS, e o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, atual presidente do Conselho de Comunicação, considerado por ela como um mestre.

Na área do Jornalismo, reconhece a jornalista Núbia Silveira, muito importante em sua formação inicial, e o jornalista Cid Martins, seu colega de faculdade, o qual considera "um excelente profissional, ético, sensível e grande ser humano" e "uma referência de como se fazer Jornalismo com integridade". Além deles, todos os colegas da Comunicação que trabalham com ela e que destaca como "ótimos profissionais e de grande valor". E finaliza com a admiração que tem pelo marido, que acredita ser um excelente profissional, visionário, que enxerga à frente e é cultural e intelectualmente muito capaz e avançado. "Sou fã número um dele! É o meu Norte", declara.

Tendo grande satisfação de divulgar direitos da sociedade e serviços prestados pelo Judiciário, conta que um dos momentos mais marcantes da carreira foi o júri da Boate Kiss, em 2021. Na oportunidade, foram atendidos, nos 10 dias de cobertura, mais de 200 jornalistas. "Foi um momento inusitado e de grande desafio para toda equipe. Com o maior júri da história do Judiciário do Rio Grande do Sul. A imprensa bem atendida e com feedbacks superpositivos que recebemos. Não temos como esquecer."

O que também traz muita satisfação para sua carreira é o trabalho que é realizado e que, desde 2010, vem sendo reconhecido como finalista do Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça. Neste ano, a edição teve recorde de inscrições, com 300 inscritos em 12 categorias, e foram finalistas em duas categorias. "Estamos em um alto patamar de qualidade de comunicação. Chegamos lá! Olhando para trás, foram 26 anos que tenho de Tribunal e 24 de assessoria, então foi uma caminhada que me deixa muito feliz de ter chegado aqui", admite.

Dona Certinha

Entre suas qualidades, está saber ouvir e compreender as diferenças e dificuldades de cada um e identificar seus talentos individuais. Já como defeito, conta que a mãe sempre diz que ela é cabeça dura, e ela concorda. Quando acha que algo está certo e correto, costuma sustentar até o fim. "Meu marido me chama de Dona Certinha e não sei se isso é defeito ou qualidade, mas costumo lutar pelo que acho certo e acredito", desabafa.

Tendo como premissa a gentileza acima de tudo, tenta sempre atender bem a todas as pessoas. "Uma vez meu pai me ligou dizendo que havia recebido a ligação de um amigo para dar os parabéns, que nunca tinha sido tão bem atendido no Tribunal e me elogiado. Isso é algo que levo para minha vida, a gentileza é para nós mesmos que fazemos. Logo depois, meu pai faleceu e ele ficava todo orgulhoso quando contava esta história, isso ficou marcado para mim", emociona-se.

Definindo-se como uma pessoa focada, persistente e divertida, acha que a vida sem humor fica muito pesada. Com uma mente aberta, é contra qualquer preconceito. Até por ter uma filha jovem, diz que ajuda a abrir a cabeça em relação ao novo e orienta a ir sempre se reciclando e a não parar no tempo. Inclusive, deu uma plaquinha para Sofia colocar no quarto com o seu lema: "Proibido estacionar na vida".

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