Andressa Xavier: Nada de planos

Editora-chefe da rádio Gaúcha é apaixonada por viagens e pelo trabalho

Andressa Xavier - Carlos Macedo

Definindo-se como "sincerona demais", algo considerado como sua maior qualidade, mas também o pior defeito, Andressa Xavier nunca foi uma mulher de fazer planos. Pelo contrário, sempre deixou a vida seguir conforme era guiada. Ao contrário de alguns colegas de profissão, não sonhava em ser jornalista. Quando criança, gostava muito de escrever e brincar em um escritório - mas nada relacionado a isso. Já no terceiro ano do Ensino Médio, começou a pensar mais sobre o futuro, porém, ainda assim, fez vestibular para Direito.

Quando passou e foi na primeira aula na Unisinos, ao sair para o intervalo percebeu que não era o que desejava e, sim, trabalhar com as palavras por meio de apurações, entrevistas e a realização de reportagens. Decidida, mudou as cadeiras para disciplinas que pudessem ser aproveitadas no novo curso. E, logo ali, no semestre seguinte, já estava entre os alunos de Comunicação.

Contudo, não dá para levar ao pé da letra que não ambiciona nada. A partir do momento que decidiu seguir no Jornalismo, teve o desejo de trabalhar em rádio, mais especificamente, na Gaúcha. Determinada, depois de realizar alguns estágios em assessorias de imprensa, ao faltar um ano para se formar, passou na seleção para a emissora que tanto queria. De lá, nunca mais saiu.

Jornalismo também é gestão

Andressa percorreu um caminho um tanto quanto longo para se tornar a editora-chefe da rádio. Ao ingressar como estagiária do programa 'Gaúcha Repórter', em 2009, também trabalhou por um tempo como freela até se formar. De lá para cá, atuou como produtora, a exemplo do 'Brasil na Madrugada' e 'Gaúcha Atualidade', além de ser redatora de noticiários.

No currículo, também carrega a coordenação da operação local da Gaúcha Santa Maria, além de quatro meses da Gaúcha Serra. Mal ela sabia que, ao retornar para a Capital, depois de dois meses assumiria a chefia de Reportagem para, mais tarde, tornar-se a editora-chefe. Esse momento é emblemático na sua carreira: foi a primeira mulher a ocupar o cargo na Gaúcha. Junto a isso, também foi a primeira jornalista a apresentar o tradicional 'Correspondente Ipiranga'. "É difícil apontar um momento de satisfação, pois sou feliz em todos os dias de trabalho. Mas essas duas passagens são muito legais. Só espero que isso não vire mais notícia", sinaliza.

Diante de uma rotina imprevisível, que a deixa muito animada por não saber como serão os dias no trabalho, o maior desafio de Andressa é ter se tornado gestora da emissora. "Não somos preparados para isso na academia normalmente. Tem muito dos superiores notarem quem tem aptidão e dedicação para isso. Então, este é o meu: aprender a estar no comando", aponta, ao revelar que nunca imaginou que se tornaria uma. E é exatamente por isso que a maior ambição é estar presente na Gaúcha por muitos anos, com o intuito de sempre vê-la com jornalismo de qualidade.

Aos 32 anos, sente-se uma pessoa realizada, pois está em uma posição que nunca imaginou. Confessa que não teve nem tempo de cogitar planejar, pois tudo foi acontecendo muito rápido. "Tenho muito orgulho da equipe com quem trabalho, por desempenharem bem o seu papel e por terem muito amor ao rádio e à empresa", declara-se, ao citar que isso também a deixa muito satisfeita.

Inclusive, suas referências profissionais estão bem perto. Cita a admiração que tem por Rosane de Oliveira, visto que, para ela, é uma mulher ligada em tudo, com várias fontes e multifacetada - atuando em diversas áreas: trabalha na rádio, no portal e no impresso. Além da colunista de Política, outro norte no trabalho é Daniel Scola, cuja história começou bem antes de atuarem na mesma empresa. Isto porque o jornalista foi professor dela na faculdade.

Sempre nas ondas sonoras

O dia a dia da editora-chefe da Gaúcha inclui em boa parte escutar a rádio - tanto que não ouve quase nada de música, uma vez que está sempre ligada ao que acontece no ar. "Às vezes, coloco para dormir alguma playlist para incentivar o sono, mas não conheço a fundo nomes das melodias e dos artistas. Mas se for para escolher, pode ser Red Hot Chilli Pepers", conta.

A rotina ainda inclui a apresentação de dois programas: 'Chamada Geral Segunda Edição' e 'Supersábado'. Devido à pandemia do novo coronavírus, e com algumas mudanças temporárias na programação, no momento também está presente nos microfones durante o tradicional 'Sala de Redação' e em uma iniciativa descontraída chamada de 'Troca da Guarda'.

Este período, aliás, tem sido muito difícil para Andressa. Trabalhando de casa, em virtude do isolamento social praticado na empresa, tem muita saudade da convivência na redação e de ter uma pessoa ao lado para trocar ideias. O miniestúdio também é dividido com o marido, Diori Vasconcelos - comentarista de arbitragem. E sim: até o parceiro de vida está envolvido com a Gaúcha. Inclusive, apesar de terem se conhecido na faculdade, a relação ultrapassou a barreira da amizade após se tornarem também colegas de trabalho.

Há 10 anos com ele, sendo cinco de casados, revela que a convivência de trabalho tem sido bem harmoniosa, haja vista que ela começa a trabalhar de manhã e ele, no início da tarde. Enquanto na pandemia têm dividido o quarto que virou ambiente de transmissões radiofônicas, durante a rotina normal eles quase não se veem na rádio. O mesmo acontece também aos finais de semana. Aos sábados, acabam se encontrando algumas vezes na troca de turno. "Estamos bem acostumados a essa dinâmica desde o início. Aproveitamos ao máximo um final de semana por mês, quando nós dois estamos de folga", conta.

Válvulas de escape

Ao brincar que trabalha para pagar as viagens, relata que está sempre pesquisando sobre destinos, e ainda confessa que, se não fosse jornalista, trabalharia com isso. "É algo que gosto muito de fazer. Planejo as minhas, da minha família e dos meus amigos", diz, revelando ser um hobby. Inclusive, normalmente não tem tempo nem dinheiro, mas está sempre pesquisando algum lugar que tenha vontade de ir. Aliás, escolhe o destino conforme as promoções de passagens.

Aventureira, não tem nenhum lugar do mundo que não queira conhecer. "Tenho o mundo todo na minha lista", diverte-se. O favorito é Bruxelas, citado sem pensar duas vezes antes de falar. Foi lá que provou diversas cervejas artesanais e as adorou. Inclusive, degustar cervejas, principalmente as do sabor IPA, é um hobby para ela. Contudo, adverte: sempre com moderação. Ligado a esse gosto, coleciona copos da bebida comprados em viagens.

O lazer ainda inclui exercícios físicos regulares, que deixa a cabeça mais tranquila, ao fazer funcional três vezes por semana. Para tanto, um profissional vai ao seu condomínio dar aula. Nessas horas livres do trabalho também está incluso assistir a séries e filmes. Ela, que gosta mais de tramas de suspense, diz que é péssima para lembrar dos nomes dos longas-metragens, mas lembra de algumas séries. Cita 'La Casa de Papel', que viu em um final de semana, além de ter acompanhado há pouco 'Nada Ortodoxa', com quatro episódios. "Não dá para serem muito longas e que já estão rolando faz tempo. Precisam ser curtinhas, pois acabo não estendendo."

Entretanto, o que mais gosta na televisão, e brinca que está viciada, é em programas de reformas de casa, a exemplo de 'Ame-a ou Deixe-a' e 'Irmãos à Obra". Em relação à literatura, por estar fazendo uma pós-graduação on-line sobre gestão, não tem tido tempo para ler. Porém, às vezes, consegue dar um jeito para saber mais histórias de Agatha Christie - algo que começou na adolescência.

Colorada, é 'Consulesa Cultural' do Internacional. Casada com um jornalista que trabalha com esportes, gosta muito de futebol e sente muita falta quando não há jogos. "É mais importante do que parece no dia a dia e faz falta na vida das pessoas. Ter algo para se preocupar que não é do trabalho ou da vida. Tenho saudades de ir ao Beira-Rio e toda função que isso exige", revela.

No entanto, a maior válvula de escape é visitar a família. Filha caçula de Antônio e Lorena, que moram no Litoral, em Capão da Canoa, também se divide para matar as saudades dos irmãos e sobrinhos. Enquanto o irmão Gustavo reside na Serra, em Bento Gonçalves, a irmã Fernanda vive em Florianópolis, em Santa Catarina.

 Fraternidade

Andressa, que sempre teve o apoio dos irmãos, agora retribui sendo uma apaixonada pelos filhos deles. Além de tia, também é dinda de Mariana, Felipe e Dinis, com, respectivamente, seis, cinco e nove anos. Extremamente ligada à família, tentar estar presente o máximo que der é algo imprescindível. Quando não estão juntos, conversa com eles por telefone e, até mesmo, por meio de chamadas de vídeo.

Nascida em 19 de dezembro de 1987, na cidade de Três de Maio, onde o pai, concursado do Banco do Brasil, trabalhava, foi embora do local aos três anos. Considerando-se uma criança tranquila, relata que passou a adolescência sem grandes problemas. Nesta época, morava em Capão da Canoa, onde a família foi morar após a aposentadoria do pai. "De lá são as minhas melhores amizades. Amigas que continuam até hoje. Conversamos com frequência, apesar de não nos vermos tanto", aborda. 

Católica praticamente, enxerga-se como uma jornalista que gosta de viajar, assim como ser uma tia e dinda dedicada, além de filha amorosa. E, assim, sem fazer planos, leva a vida determinada de que, "mesmo com medo, é preciso encarar e seguir firme, pois tudo vai dar certo". Certeza, entretanto, não tem. O que sabe é que "se descobre no caminho". 

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