Camila Ness: Da calmaria da praia para o agito da Capital
Coordenadora de Comunicação da área Business to Business (B2B) do Grupo RBS busca manter a leveza no seu dia a dia
Se para boa parte das pessoas a ideia de morar na praia é um desejo para quando a vida profissional se acalmar, para Camila Ness foi o cenário que fez parte do início da sua trajetória profissional, o qual deixou para trás há mais de quatro anos quando mudou-se da praia do Cassino, em Rio Grande, para Porto Alegre. Natural de Camaquã, a publicitária formada pela Universidade Católica de Pelotas chegou na Capital em 2020, uma semana antes do início da pandemia na cidade, fixou moradia, casou-se e se encontrou profissionalmente.
À frente do time que trabalha a marca do Grupo RBS com outras empresas, Camila é coordenadora de Comunicação da área Business to Business (B2B). Ela chegou há quatro anos como analista e se desenvolveu como líder dentro da companhia. Além da mudança da casa no Litoral Sul para Porto Alegre, considera também sua mudança de rota profissional nada convencional: ela saiu da área comercial, passou pelo empreendedorismo e chegou ao marketing corporativo.
"Não é um movimento comum de mercado ir do comercial para o marketing, mas hoje o meu brilho no olho é diferente. Gosto muito do que faço", garante. Atualmente, ela e seu time trabalham a relação da marca com o mercado a partir de estratégias de comunicação pensadas para impulsionar os negócios. Entre suas responsabilidades estão instrumentalizar a área comercial e garantir que o posicionamento do Grupo RBS seja compreendido.
Chamada apenas por 'Ness', ela conta que é comum, desde a faculdade até a fase atual, ter muitas Camila's na sua volta. Nascida em 29 de agosto de 1978, ela teve seu nome escolhido pelos alunos da sua mãe, Antônia Rosa Ness, que era educadora de Português e Inglês das redes municipal e estadual de ensino. "Minha mãe fez uma seleção com os alunos dela e os dois nomes mais votados foram levados para o meu pai escolher", conta.
Caçula entre três irmãos, Camila não seguiu os caminhos profissionais da família, mas acredita que herdou algumas características maternas. "Ela era professora, mas tinha um viés artístico bem forte, fazia teatro e poesia. Lembro de quando ela estava na universidade, eu era pequena, e ela estava sempre envolvida com peças teatrais. Eu ia para o camarim e gostava muito de televisão, produção, bastidores e achei que a comunicação era um caminho", relembra. Talvez por isso, tenha trabalhado por muitos anos em veículos de comunicação, inclusive escrevendo conteúdos e produzindo eventos.
Trajetória na Zona Sul do Estado
Em 2025, Camila completa 25 anos de formada. Neste meio-tempo, também fez pós-graduação em Gestão Empresarial na Universidade Federal de Rio Grande (Furg). Porém, logo que concluiu o curso de Publicidade e Propaganda, trabalhou no Jornal Agora com a produção de conteúdos para um caderno dedicado à Moda, para o qual também teve oportunidade de participar de um projeto de eventos do setor, que depois seguiu fora do jornal por outras cidades do Estado. Seu caminho seguiu em paralelo com a Rádio Oceano, onde teve a primeira experiência na área comercial de um veículo.
Então correspondente de Zero Hora na região, Caroline Torma a informou sobre a abertura de uma vaga na RBS - elas se formaram juntas na faculdade e produziram eventos no Agora. Essa viria a ser a primeira passagem pelo Grupo, a qual considera que tenha sido uma grande escola: foi executiva de contas da TV, depois gerente comercial da rádio Atlântida e, por fim, gerente comercial da RBS TV Rio Grande.
Foi na época do boom do polo naval, em 2012, que decidiu se aventurar. Recebeu uma proposta para entrar na sociedade de uma agência de propaganda, o Grupo Mtrês. Apesar da formação, nunca tinha trabalhado em agência, mas resolveu testar. Ela não sentia proximidade com a área de Criação, sempre preferiu Atendimento. Assim, ficou responsável, principalmente, pela área administrativa. Alguns anos depois, em 2019, chegou a vontade de ir para uma cidade maior, que lhe proporcionasse mais oportunidades de carreira, além do desejo de retornar para uma grande empresa. "Empreender é legal, mas eu gosto de processo e dessa dinâmica de empresa grande que está sempre à frente com tendências. A gente tem acesso a muito mais coisas quando estamos em uma organização maior", acredita.
Ela sabia também que queria passar pela experiência de estar na comunicação de uma empresa e não mais no time do comercial, área da qual ela recebia frequentemente contato para novas oportunidades. Então, mais uma vez, a Caroline cruzou o seu caminho, o que abriu as portas para o momento atual.
Foi quando mudou completamente sua vida. Já estava estabelecida no Cassino, com casa e praia, mas aquela paz e calmaria do litoral já não a preenchiam mais. Apesar de ser uma pessoa tranquila, que aprecia o sossego no lar, Camila se considera mais urbana e por isso tinha o desejo de morar em uma cidade maior. Mesmo que, para isso, precisasse recuar e virar um pouco a carreira. Afinal, ela voltou para uma posição de analista. "Eu pensava que, se tivesse a oportunidade de crescer, seria positivo, até porque teria que aprender mais sobre uma nova área."
De mala e cuia, veio, e considera que esse passo tenha sido ótimo para a sua vida. "Era algo que eu queria há muito tempo, então foi tudo muito natural e prazeroso, apesar de difícil pela questão da pandemia", conta.
Busca da leveza
A publicitária, aos 46 anos, considera que cada vez mais valoriza as pequenas coisas da vida. Por isso, entre seus prazeres estão sair para dar uma caminhada pela cidade, ver um bom filme ou série em casa, ler livros - gosta muito de Martha Medeiros -, além de receber os amigos para um churrasco. "Gosto de tranquilidade, porque a rotina diária já é muito corrida. Então, tudo que eu puder fazer com calma é bom demais", contextualiza. Ela gosta de viajar, mas também gosta de "não fazer nada", especialmente aos domingos. Muitas vezes, as programações são acompanhadas do marido, o jornalista José Olavo Finkler, conhecido como Jota. Ele atua no Sport Club Internacional, time do coração de Ness.
Eles, que já se conheciam de Rio Grande, acabaram se aproximando mais em Porto Alegre. Finkler mudou-se cerca de um mês antes para a Capital. "A gente se apoiou muito um no outro, por estarmos recém-chegados em uma nova cidade e ainda em um contexto desafiador de pandemia". Hoje, dividem a casa e a Vick, uma boston terrier branca e preta, que é mimada pelo casal.
Mesmo com a mãe Antônia e o pai, Djalma Ness, já falecidos - quando ela tinha 20 e 22 anos, respectivamente - , Camila segue indo à Zona Sul do Estado. Afinal, é lá que moram seus dois irmãos e seus cinco sobrinhos. "Quando eu nasci, meus irmãos tinham 19 e 15 anos. Então, fui tia cedo, com oito anos. Neste ano, até me tornei tia-avó, com a chegada de duas crianças na família", conta.
A publicitária considera que teve muitas perdas cedo, mas que isso a ensinou muito sobre o sentido das coisas. "A vida é tão rápida pra gente ficar se estressando com coisas que nem são tão grandes. Para algo me tirar do prumo, tem que ser muito grave, porque acredito que tudo se resolve conversando e encarando o problema", sublinha. "Temos que viver tranquilas, viver leve. Porque amanhã podemos não estar aqui", complementa.
Desafio e troca como motivação
Com muitas lembranças dos natais e das idas em quase todos os finais de semana para a casa da avó, em Camaquã, quando convivia com os primos de outras cidades, Ness acredita ser uma pessoa de muita sorte. "Nasci em uma família que me deu tudo o que eu precisava, muito amor, ajudou a me encaminhar na vida e que eu posso contar até hoje. Também tenho muitos amigos. Por onde passei, fiz amizades. Pra mim, isso é sorte!", enaltece.
Ela gosta de desafios e avalia que, por estar em um trabalho dinâmico, que a faz aprender coisas novas todos os dias, seja um ponto determinante para que se sinta realizada. Hoje, com muito mais soluções para as marcas do que quando começou a carreira, sente-se em uma busca constante por atualização. "Quando comecei, as marcas se comunicavam apenas no offline. Agora, as mídias digitais ampliaram muito as possibilidades, podemos dar um posicionamento muito mais completo, orientado. A gente precisa se adaptar e se informar o tempo todo", destaca.
Nesse sentido, a mescla geracional na comunicação, para ela, torna o ambiente plural e rico. Como uma boa ouvinte, de escuta ativa, Camila considera que adquire muito conhecimento conversando com o restante dos colegas, entre eles Bárbara Fabres, gerente-executiva de Comunicação, que é uma de suas inspirações. "Ela é ímpar, a melhor profissional que já trabalhei, por ser tecnicamente muito qualificada e uma pessoa muito humana", exalta.
Camila não descarta retornar um dia para a área comercial, mas, atualmente, enxerga um futuro exatamente onde está: "Vejo que ainda tenho muito para me desenvolver e crescer na empresa e profissionalmente".