Daniela Vargas: Planejar é o caminho para o sucesso

Apaixonada pela profissão, a publicitária tem como propósito deixar uma marca positiva nas pessoas que passam por sua vida

Aos 38 anos, a porto-alegrense Daniela Vargas acumula no currículo mais de 15 anos de estrada na Comunicação. Criativa, chegou a prestar vestibular para Arquitetura, mas foi na Publicidade que se encontrou. Formada pela ESPM, completa 10 anos no Grupo RBS. Com orgulho, fala sobre sua trajetória na empresa, na qual teve a oportunidade de estar à frente de importantes projetos.

A porta de entrada foi na área comercial como planejamento dos jornais. Assim, como um cupido flecha o coração dos apaixonados, ele acertou em cheio o da publicitária. "Foi lá que me vi num território que amo muito, que é a parte de solucionar problemas com criatividade e com vários canais à disposição", destaca.

Aliás, considera essa uma das suas características mais marcantes. Já no colégio demonstrava o ímpeto de colocar a mão na massa e de participar ativamente de todos os processos com os quais estava inserida. A sensação de fazer parte da construção de algo que gere bons resultados para todos os envolvidos é o que, de fato, move sua carreira e vida pessoal. Mas, para isso, acredita que se organizar é fundamental. "Planejar para não sofrer depois", ressalta.

Apesar de aplicar essa máxima em todos os aspectos da rotina, confessa que vem se policiando em relação às cobranças consigo mesma, o que, para ela, significa tomar a iniciativa de fazer alguma coisa que não estava previamente organizada. "Sabe, chegar do nada e dizer: Tá, vamos para praia", exemplifica. Esse traço na personalidade herdou do pai, o médico José Rubens Vargas, que não vai a um jantar com os amigos caso não tenha sido marcado com antecedência. 

Uma pequena e sólida família

Filha única, tem nos pais, a assistente social Roseli Vargas e o clínico geral, uma rede de apoio para todos os momentos, inclusive naqueles em que se arriscava como atriz. Na infância, gostava de criar peças teatrais. Escrevia, montava o roteiro e se apresentava para a plateia mais ilustre que poderia ter. Os momentos de lazer eram, igualmente, divididos com os primos e amigos. Era na casa da avó o ponto de encontro. "Adorava essas brincadeiras bem de rua mesmo. Como tamp cross (corrida de tampinha), pega-pega e esconde-esconde", lembra.

Dos verões em Torres, também guarda muitas recordações vividas, como ela mesma diz, "com os amigos da praia". Mas a guria que fazia amizade fácil também era tímida, a ponto de sentir certo pavor a cada apresentação de trabalho no Colégio Leonardo da Vinci. Com o intuito de perder o medo, decidiu frequentar as aulas de teatro oferecidas pela instituição. Assim, o que acontecia apenas em casa acabou se transformando em uma ferramenta de controle do medo.

A timidez não a impediu de cultivar relações que perduram até hoje. "Por ser filha única, sempre dei muito valor aos meus amigos. São poucos, mas são a minha base, assim como a minha família", salienta.

Amor incondicional

Durante a entrevista, em meio a uma troca de palavras, uma interrupção muito especial aconteceu. Era o pequeno Arthur, que veio ao encontro da mãe. Ao ser questionada se era casada, de forma rápida e alegre, respondeu: "Sim, e temos um filho lindo!". Mãezona de carteirinha, relata que a pandemia lhe permitiu ficar mais próxima e aproveitar o pequeno. "Ele é a alegria dos meus dias, adoro estar com ele", completa.

Curioso como a mãe, aos seis anos ama assistir aos canais Discovery e History Channel. "Ele é um menino que conhece tudo sobre planetas, estrelas, astros e até Egito. No momento, diz que quer ser arqueólogo e astronauta", conta. A publicitária reconhece que a flexibilidade adotada no trabalho vem lhe permitindo aproveitar com mais qualidade os momentos vividos com Arthur. Até em meio às reuniões é possível desfrutar. "Às vezes, durante um intervalo, consigo ler um livro e brincar com ele. É maravilhosa essa troca diária", afirma.

Os cuidados com Arthur são divididos com Diego. Há 15 anos juntos, sendo 11 casados, foi por meio de um amigo em comum que conheceu o administrador e sócio de uma agência de publicidade. A noite do primeiro encontro aconteceu na Rua Padre Chagas. "Costumo dizer que, desde o momento que nos cumprimentamos, nunca mais desgrudamos", recorda.

Romântica, sempre desejou casar. Acreditava que a tão esperada pergunta viria em meio a alguma viagem, mas o local escolhido a surpreendeu. Sem suspeitar de nada, saiu para jantar a pedido do amado. "Ele me levou exatamente no ponto que nos conhecemos e falou: 'Bom, é aqui que a gente se conheceu e é aqui que eu vou te fazer o pedido'. Aí tirou a caixinha do bolso e já comecei a chorar", descreve.

Uma pessoa do mundo

Viajar para ela é essencial. A vontade de respirar outras culturas herdou dos pais. Juntos, tiveram a oportunidade de conhecer diversos lugares. Entre as viagens de família, destaca o Vaticano. "Foi o lugar mais mágico que já fui. Senti uma energia incrível. Não sou religiosa, mas acredito que tem algo especial que nos guia", salienta.

No entanto, aos 19 anos, decidiu que era hora de partir sozinha rumo a uma aventura. O destino escolhido para fazer um intercâmbio cultural foi os Estados Unidos. Por lá, fez morada nos estados da Virgínia Norfolk e Virgínia Beach. Mas para uma viajante nata, ficar parada em um só lugar não é opção. A fim de custear a estadia e os momentos de lazer, trabalhou com de tudo um pouco.

Entre as opções comuns oferecidas para estrangeiros, bartender e atendente de lanchonete estão no currículo. Assim como outras cidades estão no passaporte. Para conhecer muitos lugares, utilizou um transporte um tanto insano para o destino traçado. "Fiz toda costa leste dos EUA de carro, o que é bem maluco", conta, rindo da situação. A aventura incluiu Nova Iorque, Washington, Miami, Disney, entre outros.  

Como de costume, cultivou amizades com pessoas de diferentes países. Um laço tão forte que perdura até hoje. O fascínio de estar em um avião passa de geração em geração na família. Isso porque o pequeno Arthur também muito já arrumou as malas para acompanhar os pais. "O Diego já era meu parceiro desde o início do relacionamento. O que era uma dupla virou um trio", destaca.

Apesar de amar planejar, não costuma traçar planos para o futuro. "Não sou o tipo de pessoa que consegue afirmar que daqui a tantos anos estarei de um jeito ou de outro. Mesmo assim, penso na possibilidade de morar um tempo fora", afirma. O destino ela não crava, porém a Espanha poderia estar no radar, principalmente porque marido e filho têm cidadania espanhola.

Uma pessoa sem rituais

Assim como uma boa planejadora, chegou preparada para a conversa com uma lista de tópicos. Além de ajudar a não esquecer de coisas que considerava importantes, era também para pensar o que falar caso viesse uma pergunta bem específica. Isso só foi revelado ao ser questionada se tinha algum tipo de ritual. "Fiquei pensando no que eu ia te dizer sobre isso", responde, aos risos. "Até li alguns perfis, mas o fato é que não tenho nenhum ritual. Seja religioso ou mesmo de cuidados pessoais", completa.

Noveleira de plantão, costuma acompanhar os folhetins das 21h. Para ela, o momento em que está sentada no sofá é aquele para não pensar em mais nada. Claro que antes disso acontecer, já se virou em mil para dar uma ajeitada na casa. Diferentemente da Dani do trabalho, a Dani de casa é bem relax. "Não sou aquele tipo de pessoa que chega, tira a roupa e já guarda. Deixo ali e, quando me der vontade, guardo. Com a louça, é a mesma coisa. Ainda bem que inventaram máquina pra isso", brinca.     

Em contrapartida, Diego é muito organizado e extremamente metódico, o que nada incomoda a publicitária. Ela relata que, mesmo antes de casar, já havia deixado claro que, se ele quisesse alguém extremamente organizada, "então eu não era a pessoa que ele procurava". Para ela, o nascimento de Arthur foi uma virada de chave para essa mudança. Acredita que a rotina com o filho a ensinou a ter mais paciência. O resultado é menos conflitos entre os pais. 

Encontrar soluções é com ela mesma

Como uma das líderes do núcleo RBS Performance, percebeu ao longo da carreira que a liderança faz brilhar o olho. Essa paixão começou quando ainda era trainee no McDonald 's. Por dois anos, vivenciou um universo cheio de desafios e aprendeu que pode fazer a diferença na trajetória das pessoas que por sua vida passam. Para isso, mira no conhecimento técnico somado à experiência de outros profissionais.

É o caso da sua líder, Patrícia Fraga, diretora-executiva de Mercado no Grupo RBS. "Ela é uma inspiração para mim. Aprendi muito com ela sobre a questão de dar espaço para que os liderados se desenvolvam", afirma. Por isso, leva consigo, como propósito de vida, ajudar todos aqueles que desejam alçar grandes voos. "Não tenho minha vida planejada, mas tento aproveitar toda oportunidade que aparece para me desenvolver. A única certeza que tenho é que quero estar fazendo sempre o que gosto", finaliza.

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