Simples. Este é o adjetivo que Eurico Meira usa para definir-se. Talvez por influência de suas raízes interioranas, que - além de uma forma singela de ver e de levar a vida - lhe renderam a preferência pela música regional gauchesca. No início deste ano, o jornalista assumiu o cargo de gerente-geral de Jornalismo da RBS TV. Resultado de um misto de dedicação, talento e oportunidades, a ascensão profissional de Eurico Meira ocorreu de uma forma rápida. Aos 36 anos de idade, contabiliza 18 anos de carreira e, em função do trabalho, já morou em sete cidades de três estados brasileiros.
Filho do agrônomo Telmo Jesus da Costa e da pedagoga Arlete Meira da Costa, Eurico nasceu em Santa Maria, no dia 13 de maio de 1973. As lembranças mais marcantes da infância têm a região da Campanha como cenário. Dos três aos 16 anos, viveu com a família em Dom Pedrito e Bagé, devido às transferências do seu pai. Desta época, carrega com saudade as memórias das pescarias, dos passeios de bicicleta e dos jogos de futebol em frente a sua casa.
Com relevância e atratividade
No final do segundo grau, surgia a dúvida: "E agora? Educação Física ou Jornalismo?" Após muitas pesquisas em guias de estudantes e bibliotecas, optou pela comunicação. Hoje, diz realizar-se por completo através dos filhos, que adoram esportes. Tanto que o mais velho, Pedro, 12 anos, joga futebol na escolinha do Grêmio.
Então, em 1991, retornou à cidade natal para cursar Jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A primeira ocupação na área foi como estagiário do jornal O Expresso, onde fez "de tudo um pouco" durante um ano. Logo depois, surgiu possibilidade de estagiar na Rádio Imembuí, de Santa Maria. Eurico não pensou duas vezes, afinal, o poder de alcance e de penetração desta mídia sempre o fascinara e, por isso, seu objetivo inicial era seguir carreira neste meio. Na emissora, fez reportagens, coberturas esportivas e carnavalescas e também apresentou um programa sertanejo.
Permaneceu no veículo até a formatura, em 1995, quando recebeu o convite para trabalhar na RBS TV de Joinvile, em Santa Catarina. A carreira no Grupo RBS, que totaliza mais de 10 anos, teve início na função de repórter da sucursal de Jaraguá do Sul. No mesmo ano, editou e apresentou o programa Bom Dia Santa Catarina e, em seguida, tornou-se editor-chefe. O jornalista acredita que o trabalho em emissoras pequenas proporcionou-lhe uma boa visão da operação televisiva e credita o sucesso profissional às oportunidades que teve. "Eu não me contrataria. Não apostaria numa figura como eu era naquele tempo. Certamente, precisaria de alguém mais capacitado para entrar num contexto realizando coisas com qualidade", avalia.
Foi para a EPTV, afiliada da Rede Globo na cidade paulista de São Carlos, em 1998, para apresentar e editar o Globo Esportes. Em 2000, voltou para Blumenau, a fim de coordenar a emissora da cidade. Dois anos mais tarde, assumiu a chefia de Redação da RBS TV e TVCom de Santa Catarina. Foi um marco em sua trajetória, pois o trabalho mudava de dimensão: à frente de seis emissoras - ao invés de uma equipe de 15 pessoas, como estava acostumado -, passou a chefiar uma redação composta por 150 colaboradores.
Em 2007, retornou às terras gaúchas para substituir Cesar Freitas na gerência de Jornalismo da RBS TV. E há cerca de seis meses, devido à saída do então diretor de Jornalismo da emissora, Raul Costa Jr., assumiu uma nova responsabilidade na empresa. "Antes, operava. Hoje, discuto caminhos", afirma, ao resumir sua função estratégica de pensar em novos formatos e produtos. Ele, que se considera super-realizado, reconhece que ainda há muita coisa para ser feita.
"A televisão é o principal meio de informação e de entretenimento da maioria absoluta da população", acredita. Baseado nesta constatação, Eurico conta que tem seu trabalho norteado por duas palavras: relevância e atratividade. Sua missão é aliar estes dois atributos nas atrações da RBS TV.
Para percorrer o caminho
Casado há 13 anos, Eurico conheceu a esposa, a dona de casa Lane Franzen, na Schützenfest, a tradicional Festa dos Atiradores, que acontece no mês de outubro em Jaraguá do Sul. Em menos de seis meses, já estavam morando juntos. O casal tem três filhos: Pâmela, 17 anos (enteada de Eurico),Pedro Eurico, 12, e João Fábio, 5.
Em pouco mais de uma década de união, a família leva uma vida peregrina e já morou em seis cidades e três estados: Jaraguá do Sul, Joinvile, Blumenau e Florianópolis, em Santa Catarina; São Carlos, em São Paulo; e, agora, Porto Alegre. Pai-coruja, Eurico é completamente apaixonado pelos filhos. "Eles são as coisas mais importantes da minha vida. Procuro aproveitar bem o tempo que tenho com eles. Embora não tenha tanto tempo quanto gostaria, procuro qualificar."
Em sua sala, no prédio da emissora, no Morro Santa Teresa, um quadro assinado pelo filho mais novo alegra o ambiente. Eurico tenta decifrar o desenho do caçula: "Parece ter umas cinco figuras, que eu imagino que sejam as pessoas da família, passeando em algum lugar".
O trabalho sempre lhe exigiu uma dedicação contínua e, segundo ele, depois da invenção do Blackberry, ganhou certa onipresença. Por causa disso e de certa falta de organização, o que considera um de seus defeitos, acaba dedicando-se em menor frequência às atividades preferidas, como jogar futebol com os filhos, ir ao estádio, cinema e teatro.
Na literatura, os autores prediletos são Truman Capote, Gabriel García Marquez e Ruy Castro, e os gêneros que mais lê são biográfico, jornalístico e romance. Quando o assunto é gosto musical, revela um lado eclético, mas que pende para o gaudério. "Eu sou um cara do Interior. Tenho gosto pela música regional do Rio Grande do Sul, mas também MPB, samba, clássicos internacionais, pop nacional", conta Eurico. Mas o que mais ouve, principalmente no rádio do carro, é música regional. Os preferidos são Cesar Oliveira e Rogério Melo, Marcello Caminha, Luiz Marenco, Os Monarcas e Os Serranos.
Determinação, dedicação e comprometimento são os traços mais marcantes da personalidade do jornalista, que mede as palavras ao falar. Sua próxima meta é organizar-se para viajar. Antes dos 40 anos, pretende conhecer a Europa. "Acredito que as pessoas conseguem aquilo que elas querem. É tudo uma questão de definir a meta, traçar os objetivos e percorrer o caminho", simplifica Eurico, bem ao seu modo.