Fábio Rios: Homem de muitas paixões

Publicitário cultiva desde criança o interesse por colocar o pé no mundo e o espírito comercial

Viajante e empreendedor: essas são duas das principais características que definem o publicitário porto-alegrense Fábio Rios. As definições, inclusive, aparecem nas memórias de infância. "Quando criança, eu fazia artesanato, umas faquinhas de madeira, por exemplo, e vendia para os meus amigos. Sempre tive um espírito meio comercial", relembra. Além disso, anos mais tarde, de forma saudosa, ele resgata a época em que saiu do País pela primeira vez, indo de carro até o Uruguai. 

Ainda pequeno, teve os primeiros contatos com o mundo da Comunicação, a partir da mãe jornalista, Regina Rios. Foi vendo a paixão dela que Fábio decidiu prestar vestibular para Jornalismo e começou a faculdade, mas não demorou muito para migrar para Publicidade, onde diz ter se encontrado.

Do tempo de criança, ele também lembra do convívio com os avós paternos, com os pais e de jogar bola todos os dias com amigos de bairro. O avô, Eliézer Rios, que dedicou a vida ao estudo das conchas, a malacologia, é fundador do Museu Oceanográfico de Rio Grande, dando nome à instituição e, inclusive, é uma de suas referências. E quando fala em inspirações, logo vem à cabeça o explorador e mercador italiano Marco Polo, que retratou aos europeus as belezas das cidades asiáticas. "Era um cara realizador. Ele fez muita coisa acontecer e isso me gera uma sensação muito boa", reflete.

Aliás, ao se definir, Fábio, de pronto, diz ser um "realizador", pois, para ele, missão dada é missão cumprida. "É difícil me envolver em alguma coisa que eu não faça acontecer. Sempre vou fazer acontecer", garante. E isso se liga a outro traço de sua personalidade: a inquietude, o que o faz ser curioso e "absurdamente motivado''. Ele afirma que é impossível vê-lo chateado ou decepcionado, pois entende que, se algo ainda não deu certo, é momento de olhar para frente e continuar, pois a tarefa ainda não terminou.

E essa característica de não parar o faz mergulhar nos estudos, porque, como conta, está sempre interessado em aprender e só sossega quando sabe tudo sobre algo que lhe interessou. Pouco tempo depois de terminar a universidade, em 1998, já embarcou em busca de mais aperfeiçoamento, primeiro com uma pós-graduação em Marketing Estratégico e, anos mais tarde, com um mestrado em Administração. Todo o conhecimento adquirido, no entanto, o levou a mais um desafio profissional: o de lecionar. Ele é professor de pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Faculdade Presbiteriana Mackenzie. "Dou aula há mais de 10 anos", registra, mas lamenta por não conseguir dedicar mais do seu tempo à docência.

Viajante

As viagens são parte importante da vida de Fábio, que tem como objetivo conhecer todos os países do mundo. Até o momento, esteve em 85 nações, mas avisa que ainda faltam mais de cem a serem visitados. Porém, como uma pessoa que não desiste fácil, esse é o objetivo que tem para daqui a 10 anos. Além disso, cada ida a um lugar diferente é uma nova inspiração para vida e atuação profissional. "Eu topava qualquer coisa pra viajar e não interessava muito lugar na verdade", recorda.

A paixão "absurda" por conhecer o mundo vem do avô Eliezer. Desde pequeno, ouvia as histórias do patriarca sobre suas idas e vindas para mergulhos e para coletar novas conchas. O amor pela atividade, porém, é caso de família, já que uma tia-avó também era fissurada por ir a locais diferentes e "mais complexos, como Índia, China e Rússia", ainda nos anos 1960 e 1970. 

Em 1996, então, pela primeira vez, o publicitário pôde pagar do próprio bolso uma viagem. O destino era Manaus e ele fez questão de levar consigo os avós maternos para passarem 40 dias na Amazônia. "Paguei com o dinheiro dos estágios em propaganda, diagramava jornal também. Então, fazia um monte de coisa pra tentar ganhar grana", lembra. A partir daí, não parou mais e sua conexão com o mundo ficou ainda maior. Pouco tempo depois, foi à Argentina e, hoje, o único continente que ainda não desbravou é a Oceania, mas, de resto, garante que conhece a Europa profundamente, a América inteira, boa parte da África e da Ásia.

"Eu acho que gosto tanto disso, porque consigo confrontar culturas. Fui pro continente africano e asiático e comecei a ver que existem outras realidades muito significativas", comenta. Nessas andanças, ele pode testemunhar como outras pessoas encaram a vida, e traz de exemplo o tempo em que esteve no Vietnã e viu pessoas tirando suas camas de dentro de casa para dormirem na calçada por conta do calor.

Entre tantas viagens, também passou por perrengues e histórias curiosas, como quando, ao visitar a Tanzânia, embarcou em 18 voos em 20 dias, quase um a cada 24 horas. Em outra ocasião, durante um mochilão pela Ásia, em pouco mais de um mês, diz ter andado "em todos os meios de transporte possíveis: de elefante, ônibus, barco e jangada".

Mas, para Fábio, tudo isso o faz refletir, inclusive, sobre a Comunicação, já que, de acordo com ele, a atividade tem muito a ver com interpretar comportamentos, captar tendências e conseguir comunicar e conhecer com profundidade os públicos. "Ter vivências de diferentes culturas me deu muito mais repertório, bagagem, que dá para utilizar para fazer alguma coisa", complementa. E isso se reflete diretamente em seu trabalho como Chief Marketing Officer (CMO) - diretor de Marketing, em tradução livre - da Brivia, onde responde pelo posicionamento da empresa. "Posso trazer essas inspirações para oxigenar minhas contribuições", pontua.

De volta para casa

Uma das melhores partes da viagem, no entanto, é voltar para casa. E é no aconchego do lar que ele passa o dia junto à esposa, Raissa, e aproveita para brincar com o casal de filhos pequenos, o João Pedro, de quatro anos, e a Maria Clara, de sete, o que é uma de suas atividades favoritas. É ali, também, que relaxa, seja jogando FIFA - jogo de videogame de futebol -, ou aproveitando alguma partida do esporte preferido. Gremista, embora não seja fanático, faz questão de acompanhar o time do coração. E quando fala sobre isso, rapidamente, lembra da final da Copa do Mundo de 2022, entre Argentina e França, que foi, para ele, "talvez a disputa mais espetacular que já vi". Só fica melhor se juntar com a comida preferida, o churrasco, e a cerveja.

Porém, a rotina de Fábio vai além disso, pois ele faz questão de ir malhar, já que sente que o exercício físico lhe faz muito bem. Por isso voltou para academia, que era algo que sentia falta. "E para a saúde é importante, né?", admite. O profissional também não deixa de lado o hábito da leitura nas horas vagas e viaja nas histórias de Agatha Christie, Júlio Verne e Victor Hugo, seus autores preferidos. Inclusive, ele é autor de dois livros, ambos sobre o mundo da Comunicação, um de 2008 e outro de 2015, mesmo ano em que, junto com amigos, lançou um jogo de tabuleiro, outra de suas paixões.

O conforto de casa também é seu local de trabalho, uma vez que se divide entre o home office e as idas semanais ao escritório. Assim, o dia dele vai se preenchendo de reuniões, direcionamentos, análises de materiais. É nesse ambiente, também, que sua relação com as viagens aparece novamente. "Vou muito a São Paulo ao longo do ano. Praticamente semana sim, semana não. Menos do que isso, não acontece", detalha. Além disso, Fábio é engajado com as movimentações do mercado, sendo diretor de Inovação da Associação Nacional do Mercado e Indústria Digital (AnaMid) no Rio Grande do Sul. "Então, meu dia tem uma movimentação grande. Daqui a pouco, por exemplo, vou sair para um almoço de confraternização de final de ano."

Empreendedor

Empreender é parte crucial da vida daquele publicitário que vendia artesanato aos amigos. E essa característica segue com ele até hoje, pois, quando pensa em outra profissão a escolher, lembra-se de ser empreendedor. Já adulto, fundou a Knewin, especializada em monitoramento de notícias. No entanto, mais de 10 anos antes, havia aceitado o desafio de se tornar sócio da Plugar, empresa que gerenciava um software de acompanhamento de mídia. "Fiquei 17 anos nesse empreendimento. E aí, a gente cresceu muito. Vieram três fundos de investimento", relembra, orgulhoso. 

Foi nessa companhia que viveu um dos momentos mais marcantes de sua vida. Em 2005, ele recebeu a ligação de um cliente, avisando que a Akwam, principal concorrente do mercado, havia sido comprada pelo Google. Naquele momento, ele se desesperou, achando que o movimento poderia refletir em uma quebra de seu negócio. Dias depois, um representante da gigante do Vale do Silício ligou para Fábio avisando que aquela área de atuação não os interessava e indicariam para todos os clientes da antiga rival a fecharem contrato com a agência que ele administrava. "E aí, dobramos de tamanho em duas semanas. Caramba! Todas as contas, agora, eram nossas", comemora, até hoje entusiasmado.

Segundo o publicitário, esse foi "um ponto de inflexão" no negócio. Depois de alguns meses, pegou um avião e foi aos Estados Unidos para fazer parceria com uma empresa norte-americana para fomentar o mercado brasileiro. Naquela ocasião, esperando o voo para voltar ao Brasil, em um caderno, desenhou o que seria um protótipo de um software de monitoramento de mercado e Comunicação. O programa foi apresentado a executivos da Petrobras, que aprovaram a ideia. "Quando cheguei, coloquei esse sistema em um Powerpoint, mostrei para eles e vendi para a maior empresa brasileira. Isso também é algo fantástico que aconteceu comigo", revela.

Apesar do sucesso na antiga sociedade, Fábio, inquieto por natureza, sempre buscou novos desafios. Parte disso vem daquilo que considera sua principal qualidade: o comprometimento com as causas que se apaixona. "Se gosto de alguma coisa, eu viro um diabo da Tasmânia e só paro quando aquilo estiver concluído. Acho que essa é uma característica muito forte, sou muito executor", admite. E foi com isso em mente que decidiu rumar a novos mares. "O primeiro telefonema que eu dei foi pro Roberto Ribas, da Brivia. Depois, comecei a conversar com o Márcio Coelho", detalha, sobre a ida para a empresa.

E é nesse lugar que conta com felicidade sobre momentos que ficaram entre os mais alegres de sua vida. Primeiro, quando, em uma reunião de feedback, recebeu o conselho de Márcio de "continuar sendo como era", o que levou como o maior elogio que já tivera recebido. E, também, sobre a vez que publicou em seu LinkedIn a notícia sobre a nova posição profissional e viu seu perfil ser inundado por comentários de felicitações. "Foi uma grande vibração, todo mundo me parabenizava, me reconhecia", lembra, com emoção.

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