Fernanda Aldabe: Da paixão pelo Jornalismo à Publicidade inclusiva
Jornalista de formação e publicitária por ocasião, a profissional é visionária em termos de inovação e credibilidade
Com uma carreira que começou no Jornalismo e evoluiu para a Publicidade, Fernanda Aldabe se formou acreditando que poderia "mudar o mundo". Egressa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), inicialmente, vislumbrava para sua carreira um Jornalismo que adentrasse pelo seu modo investigativo e curioso, mas, após uma passagem pela TV Guaíba, percebeu que o mercado não era exatamente aquilo que idealizara. Foi na Agência Radioweb que Fernanda encontrou uma experiência enriquecedora, onde começou como estagiária e, rapidamente, ascendeu à coordenadora de Jornalismo, recebendo prêmios pelo caminho.
Com o tempo, ela descobriu, porém, que sua verdadeira paixão era pela Publicidade. "Eu não tinha aquela coisa de querer ser muito informada com notícias do mundo, de fazer um jornalismo investigativo a fundo. E vi que não tinha, na verdade, muito desejo de fazer isso. Comecei a ver uns colegas publicitários nas agências, falando de comportamento, de vender um produto, coisas que realmente me fascinaram. E acabei indo para esse lado do Marketing, da Publicidade", explica.
Para ela, tanto um quanto o outro têm missão semelhante: vender algo, seja uma ideia, um produto ou um clique. Com essa visão, decidiu abrir a própria agência, a Bistrô, ao lado de Gabriel Besnos, seu colega na Fabico. O empreendimento começou pequeno, oferecendo serviços de design gráfico e conteúdo, mas passou a ganhar clientes importantes, principalmente na área de Educação, e os sócios decidiram apostar na expansão do negócio. Com isso, foram criados departamentos específicos,como mídia e produção, o que ajudou a Bistrô a aumentar a sua estrutura.
Ética, competitividade e futuro
Seu propósito como comunicadora sempre esteve claro: a inclusão. Fernanda se autorrefere como uma pessoa "de esquerda", o que a leva a pautar e praticar valores que considera essenciais para uma comunicação que respeite as diferenças. "Me orgulho muito de ter uma agência que foi uma das primeiras a fazer campanhas com beijo gay e a colocar pessoas negras", diz ela, afirmando o pioneirismo da Bistrô em incluir representatividade publicitária no Rio Grande do Sul. Ela acredita que essas ações não são apenas éticas, mas também, boas para os negócios, sendo um diferencial competitivo para as marcas que abraçam a diversidade.
E, em se tratando de mercado, Fernanda está em constante atualização e busca por melhores resultados. Ela é antenada às tendências, mas, de forma alguma, deixa de lado o compromisso ético que firmou com sua carreira, com sua empresa e com os ideais que transmite. Para ela, o atual momento da Comunicação, no Brasil, é desafiador, especialmente em um contexto em que há abundância de produção de conteúdos e métricas, cada vez mais, mediadas pelos algoritmos. Inclusive, a respeito das técnicas, defende: "A gente está no maior ciclo de mudança do analógico para o digital, num equilíbrio entre não deixar a criatividade morrer e os negócios", comenta. Ainda assim, considera que este é o momento profissional mais promissor de sua carreira.
Fernanda enxerga três grandes desafios e metas para o futuro: tornar o Environmental, Social, Governance (ESG) - Ambiental, Social e Governança, em tradução livre - pilares ainda mais sólidos dentro da agência; alavancar o trabalho com inteligência artificial (IA), para a qual já investiu em consultoria; e o início de uma possível internacionalização da Bistrô, após serem procurados por clientes de fora do Brasil. A profissional, hoje à frente de missões mais institucionais e burocráticas dentro da empresa, como recursos humanos, financeiro e contratos, considera fundamentais os acenos que o mercado tem realizado rumo ao ESG.
Ela ressalta o foco que a Bistrô tem dado para fundamentar seu primeiro relatório anual sobre o tema, lançado em meados de outubro deste ano. "Nós, empresários de Comunicação, temos o dever de fazer isso [ESG] antes, porque a gente sabe dos comportamentos, das informações e das tendências antes. A gente tem obrigação de fazer isso", defende. A interligação entre os pilares do ESG para ela, enquanto profissional de Comunicação, vai além dessa área: é um compromisso global.
Na sua opinião, a questão, para além de ser ambiental, é um compromisso com a sociedade e com a ética. E, para o futuro da Comunicação, apesar dos desafios do momento, que aumentaram a cobrança por resultados imediatos, muitas vezes em detrimento da criatividade, a profissional mantém uma visão otimista, focando na inovação e na responsabilidade social como estratégias para o crescimento.
Explosiva, mas engraçada
Com descendência italiana e libanesa, Fernanda Aldabe tem 44 anos e vive intensamente sua paixão por Cinema e Gastronomia. Entre os passatempos, destaca-se o amor por filmes europeus e argentinos, e uma aversão ao mainstream hollywoodiano, como os filmes da Marvel. Viajar também está diretamente ligado à gastronomia - prova disso é o título da agência que lidera há 17 anos -, e já conheceu vários lugares do mundo, com planos de explorar ainda mais. No currículo, dentre outros destinos, Tailândia, Itália, Nova Zelândia já carimbaram o passaporte. A França é o próximo destino para as férias que se avizinham à publicação deste perfil.
De personalidade forte e marcante, Fernanda se descreve como "um pouco braba demais, mas engraçada". Ela conta que tem uma família pequena e que valoriza muito as amizades, mantendo fortes laços com amigos próximos. Diz, ainda, que faz terapia há muitos anos, o que a conduziu a uma jornada de autoconhecimento capaz de habilitá-la a ser "inteligente de si mesma".
A profissional se considera bastante autocrítica, mas também reconhece possuir uma sagacidade em relação a logo entender as jogadas dos outros. Indo para o tudo ou nada, ela demonstra firmeza em seus posicionamentos e posturas, mas sem perder a essência do que a torna humanitária e comprometida com as causas sociais. "Eu tenho um ótimo senso de humor, mas também sou um pouco explosiva", pondera. Ela garante, porém, que nada disso a faz abandonar o lema que a marca e que, definitivamente, constrói a Fernanda Aldabe, cuja trajetória de sucesso é uma aliada de sua própria história: "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás", como ela faz questão de citar.