Hélio Gama: O feliz aventureiro

Jornalista, advogado, pai, avô e muito aventureiro. Assim pode-se caracterizar o carismático Hélio Costa Nogueira da Gama Filho, porto-alegrense que só se afastou da …

Jornalista, advogado, pai, avô e muito aventureiro. Assim pode-se caracterizar o carismático Hélio Costa Nogueira da Gama Filho, porto-alegrense que só se afastou da capital para morar em São Paulo, de onde voltou 10 anos depois cheio de saudade da terrinha natal. Com 59 anos de idade, casado, três filhos e três netos, tem quase quatro décadas de profissionalismo que lhe renderam um extenso currículo, com experiências nas mais diversas áreas do jornalismo e em prestigiados veículos de comunicação. Considerado um jornalista "prático", que não cursou faculdade mas ganhou o registro de profissional depois de alguns anos de experiência, Hélio começou sua trajetória na Zero Hora, quando o jornal nasceu, em 1964. Atuou durante algum tempo também na área de advocacia, mas não conseguiu dedicar-se à profissão. Segundo ele, volta e meia voltava para as páginas dos jornais. Hélio acredita que iniciou mesmo sua carreira de jornalismo quando foi trabalhar na revista Veja, vaga conquistada através de um concurso que a revista realizou pouco antes de seu lançamento, para selecionar jovens jornalistas. Trabalhou ali durante sete anos, até que o desejo de voltar para a terra natal foi concretizado com um convite para dirigir a Gazeta Mercantil Regional Sul. Veio e logo depois implantou o jornal Diário do Sul, subsidiário da Gazeta, que circulou durante dois anos, em 1988. Depois assumiu a direção de redação do Jornal do Comércio, e em 1988 foi secretário de Comunicação Social do Governo Simon por um breve período. Encerrada sua atuação no governo, Hélio voltou para São Paulo em 1990, onde registrou passagens importantes pelas redações da Gazeta Esportiva, Istoé e O Estado de São Paulo. Depois de três anos vivendo na ponte-aérea entre São Paulo e Porto Alegre ("Era muito cansativo, vinha quase todos os finais de semana ver minha família"), retornou para o Estado. Sempre aventureiro, Hélio aceitava "com muita facilidade" os desafios propostos, o que explica seu extenso currículo como jornalista. Atualmente dirige o jornal Oi, antigo Oi Menino Deus, que tem uma tiragem de 15 mil exemplares semanais e é distribuído em diversos bairros da capital. Também apresenta o programa 'Democracia' na TV Assembléia, de debates e entrevistas, que vai ao ar diariamente às 23h. E simultaneamente produz a newsletter semanal 'Análise', que acompanha a conjuntura econômica nacional.
O dia-a-dia do Publisher
Hélio é um profissional cuja atividade nunca chegará a ser monótona, pois nem espera acabar um projeto e já começa outro. Mesmo tendo um escritório do jornal, ele pode se "dar ao luxo" de trabalhar em casa, ou melhor, ele não consegue mais produzir se não for em seu escritório residencial. "Me sinto mais à vontade trabalhando em casa, não consigo escrever em outro lugar", refere-se às atividades desenvolvidas atualmente. Consegue tranqüilamente conciliar trabalho e família, o que é notável pela descrição de sua rotina, já que é um trabalhador madrugador : normalmente acorda às 5h e vai navegar na Internet. "Gosto de acordar cedo, já vou me atualizando e organizando meu dia". Além de preparar pautas para o Oi, ele já vai produzindo o seu programa de TV, que é gravado diariamente no período das 11h ao meio-dia. Volta para seu doce lar e durante a tarde agiliza as produções para as outras edições do programa, além de marcar visitas e reuniões com potenciais clientes. A noite é dedicada para ficar também em casa com a família e curtir os netinhos. Eventualmente ele vai a algum evento. "Às vezes tenho que cumprir alguns compromissos, especialmente quando é algo que envolva meu trabalho". Jornalista e empresário - tem um empresa própria de publicações - Hélio vê prós e contras ao avaliar uma e outra atividade - mas, paradoxalmente, a preferência de ser empresário frente à atividade jornalística ainda está em primeiro lugar. "Como empresário eu ganho muito menos do que quando eu era empregado, porém a qualidade da minha vida melhorou uma barbaridade. Se hoje me propusessem ir a São Paulo ou assumir a chefia de um jornal, eu não aceitaria. Digamos que tenho menos dinheiro, mas muito mais felicidade", completa. Hélio explica que entrou para uma senda em sua carreira: é "publisher", denominação originalmente utilizada pelos americanos para identificar os jornalistas que atuam também como administradores. "É uma função muito ingrata, pois fica entre o jornalismo e a administração de um empresa, tem que fazer os dois. Acho que é uma tapeação, pois a gente sempre deixa uma de lado", acredita ele.
O outro lado do jornalista
Música é seu passatempo predileto. Hélio conta que adora entrar na Internet e piratear músicas. Seu arquivo é disponibilizado para outros internautas, e ele garante que o acervo pode ser considerado um dos melhores, pois tem uma diversificação muito grande de estilos musicais. "Ali tem todas as músicas que eu gosto e que os internautas também gostam, isso me diverte muito". A leitura é especial: adora ler livros sobre ciência política e ficção. "Gosto de contos de mistério policiais, embora a literatura seja restrita no Brasil", salienta ele. Gosta também de assistir um bom filme, claro, mas não no cinema e sim na sua residência, "onde é bem mais confortável". Seu principal descanso é ir para a casa da praia. Nas férias ou até nos fins de semanas livres, o lugar é preferido pela família. Mas confessa que fica muito complicado de fazer viagens mais freqüentes em virtude das produções semanais do jornal Oi e do Democracia. Apesar disso, destaca que gostaria muito de viajar para a Austrália e para o Canadá, com preferência para uma região considerada muito fria do país. "Quando penso em fazer uma grande viagem, eu logo imagino pegando um trem e indo até a cidade de Alberta, lá no Canadá". Atividades físicas? Só a caminhada. Hélio diz que o motivo principal que o impede de praticar outros esportes são seus "quilinhos a mais". "Está sempre me faltando alguns quilos para perder", brinca ele. Fazendo jus a isso, ele não nega que é um bom amante da gastronomia. Adora ir para restaurantes da capital, reunir os amigos, ficar batendo papo, e o mais importante, não ver a hora passar. "Isso é uma coisa que eu realmente curto, é uma satisfação". Aprecia muito a gastronomia de Porto Alegre e entre os lugares preferidos destaca ainda o Mercado Público. "Ficar lá vendo aquela movimentação, as bancas, isso me gratifica muito", enfatiza.
Parar jamais?
A idéia de Hélio para o futuro é de ampliar o jornal Oi, focando mais em notícias da capital, e ao mesmo tempo aumentar a circulação do veículo. Entre seus planos também estão continuar a produção do programa Democracia na TV Assembléia. Com a empresa que edita o Oi pretende desenvolver projetos editoriais e outras publicações. "Eu não posso parar", destaca, comprovando que o jornalismo corre em suas veias. Muito entusiasmado com sua carreira, Hélio Costa Nogueira da Gama Filho declara que futuramente acha que vai querer um pouco mais de espaço para viver no ócio, mas enfatiza: "Não é agora, estou no meu melhor momento, com muita criatividade para dar e vender". É assim com ele, que se atirou sempre com extrema dedicação a toda as ações que executou. Daí sua justificativa também para explicar os êxitos alcançados ao longo desta trepidante trajetória. "Me chamam de aventureiro, mas uma coisa é certa: eu nunca jogo às brincas".

Comentários