Régis Schuch Júnior: Empreendedor em constante aprendizado

Movido pelo conhecimento e acompanhando as mudanças do mercado, o publicitário traz o empreendedorismo no DNA

Dizer que Régis Schuch Júnior é um "empreendedor nato" não é apenas uma força de expressão para ressaltar uma visão atenta à Inovação e às novas formas de negócios. A verdade é que, por ser filho de empreendedores, ele realmente traz essa qualidade gravada no próprio DNA, sendo bem direcionada e aplicada em todos os projetos com os quais colaborou ou colocou em prática.

E são muitas as iniciativas que já contaram com o olhar criativo e determinado do empresário. Para quem é apaixonado pelo conhecimento e está sempre atento às novas demandas do mercado, circular pelas mais diversas áreas de negócios não chega a ser uma tarefa difícil, embora reserve uma boa dose de desafios. Com passagens pelos setores de catering, TV a cabo, automóveis, wi-fi para eventos e até pelo ambiente político, Régis traz no currículo não apenas a expertise publicitária, mas também uma grande capacidade de adaptação.

Hoje, essa bagagem está voltada à Gorilla's Play. Nascida como um estúdio para seus próprios projetos no audiovisual, atualmente, a empresa se posiciona como uma produtora versátil, entregando conteúdos que vão desde vídeos para as redes sociais até o marketing político.

Um cidadão do Brasil e do mundo

Nascido em 25 de setembro de 1976, filho da santanense Carmen e do vacariano Régis, o publicitário é, na verdade, carioca. Apesar de ter construído a maior parte da trajetória profissional no Rio Grande do Sul, Régis nasceu no Rio de Janeiro, assim como a irmã. A mãe, trabalhando como modelo para comerciais em São Paulo, e o pai, automobilista premiado que tinha o sonho de ser piloto de Fórmula 1, se conheceram em 1968 e foram morar em solo fluminense, mas sem nunca perder o contato com a terra natal. Em 1994, quando Régis já tinha 18 anos, a família passou por uma tentativa de sequestro, o que motivou o retorno ao Estado.

Foram seis anos no Rio Grande do Sul, entre os quais concluiu a graduação em Publicidade na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). "Meu grande sonho mesmo era fazer Cinema, mas sempre tive essa veia de empreendedor, de querer vender, então a Publicidade foi o meio termo", explica. Durante a formação, foi estagiário no departamento de Mídia da Net Sul, uma extinta operadora de TV a cabo. No entanto, com o diploma já em mãos, em 2001, embarcou rumo aos Estados Unidos, pousando em Nova Iorque uma semana antes dos atentados de 11 de setembro de 2001, experiência que o marcou profundamente, especialmente por estar morando perto do World Trade Center.

Para Régis, ver um dos lugares mais ricos do mundo passando por um momento tão delicado traz muitos aprendizados sobre segurança, além de um olhar diferente para os outros seres humanos. "Quando saí do Brasil, eu ligava muito para status, marcas de roupas, por exemplo, mas quando você vive algo assim, qualquer outra coisa passa a ser bobagem", defende. Em Nova Iorque, cursou cinematografia, direção de atores e vídeo, produção e roteiro pela Escola de Cinema da New York University. Durante o período, também atuou na equipe que atendia à conta da MasterCard na McCann, responsável pela memorável campanha 'Não tem preço'.

"Estava completamente enturmado nos Estados Unidos. Quando o americano te convida para passar o Natal ou Ação de Graças com a família dele, é sinal que você foi abraçado pela comunidade", conta. Infelizmente, isso não foi o suficiente para garantir um green card, negado de última hora, o que forçou o retorno do publicitário ao Brasil em 2004, desembarcando no Rio de Janeiro para trabalhar como coordenador de Marketing na empresa de catering da família, a Nutrisa Alimentação Industrial.

Dos carros ao audiovisual

Dois anos depois, em 2006, assumiu como coordenador de Eventos da Stuttgart Sportcar, revendedora oficial da Porsche no Brasil, cargo que também permitiu várias viagens pelo País, além de trazer um envolvimento maior com a produção de vídeos. As peças publicitárias tinham o objetivo de "tropicalizar" as práticas de Marketing da empresa alemã para os consumidores brasileiros. No entanto, após seis anos na empresa, administrada pelo seu pai, Régis sentiu que precisava recomeçar e, abraçando o espírito empreendedor, foi um dos fundadores da N-Share Wifi Marketing no Rio Grande do Sul, em 2013.

A empresa foi responsável por oferecer wifi em eventos, começando pelo Salão ARP e chegando a operar até no Planeta Atlântida e nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. No entanto, já era 2016 quando, mais uma vez, Régis decidiu buscar algo diferente. "Eu me sentia impaciente, então resolvi tirar um ano sabático, que foi quando entrei em partidos políticos e comecei a estudar a Constituição", explica. Foi assim que o publicitário se encantou pelo poder da política em mudar a vida das pessoas.

Neste meio, pode dialogar com cidadãos das mais variadas origens, especialmente as mais humildes: "Eu tinha que sair da bolha". Contudo, também foi nesse momento que percebeu como a própria política poderia ser complicada para a maioria da população. Foi dessa percepção que nasceu o canal de YouTube 'Descomplica Brasil', que buscava responder dúvidas comuns a respeito de temas como, por exemplo, o pacto federativo, os três poderes e a reforma da previdência, de forma clara e bem-humorada. "Então, o canal começou a abordar muitos assuntos e também temas históricos", afirma.

Até então, o projeto era tocado direto da sala da casa de Régis, mas a necessidade de profissionalizar mais os seus produtos levou o publicitário a transformar uma casa que tinha em um estúdio que, a princípio, seria apenas para suas gravações. No entanto, as mudanças geradas no cenário criativo durante a pandemia da Covid-19 fizeram o publicitário repensar o seu rumo dentro da Comunicação, abrindo o estúdio para novos projetos audiovisuais. Esse foi o nascimento da Gorilla's Play, que hoje entrega vídeos publicitários, para redes sociais e campanhas eleitorais, além de produzir lives, podcasts e outros formatos. 

Inquieto por natureza

Enquanto o lado profissional pede por mais movimento e inovação, o âmbito pessoal avisa Régis que talvez esteja na hora de sossegar: "Andou batendo aquela vontade de ter filho, que é algo que eu nunca pude". Com a vida dividida entre Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Estados Unidos, até manter um relacionamento foi um desafio, embora, hoje, o empresário acredite que não conseguiria dividir seu espaço de forma permanente com outra pessoa. "Talvez morar perto de outra pessoa. Mas eu tenho uma inquietude profissional constante. Então, embora eu pense em ter um relacionamento, profissionalmente acho que ainda tem muita coisa para fazer", justifica.

Essa inquietude o acompanha desde a infância. Criado no Leblon, além de ir à praia como um carioca raiz, uma das atividades favoritas era subir em árvores nas praças da vizinhança, imaginando-se dentro do mundo dos super-heróis que tanto admirava. "Não era só uma brincadeira, porque eu criava um mundo mágico na minha imaginação. Então, são as primeiras lembranças que tenho", relata. As aventuras chegaram a render para a mãe de Régis o apelido de 'louca da praia' - ou 'louca da praça', dependendo do ambiente em que estava com o filho - , devido ao nervosismo que ficava ao vê-lo em cima das árvores.

Ainda hoje, isso se reflete nas suas preferências por esportes e atividades nos momentos de lazer: "Gosto daquilo que coloca minha vida em risco". Por isso, o futebol acaba não tendo muito espaço entre os interesses de Régis, que admite que pode até dormir assistindo as partidas, mesmo dentro do estádio. "Uma vez fui com um amigo para Rosário, na Argentina, assistir um jogo do Grêmio contra o Rosário Central. Eu lembro que estavam jogando pedras na gente, por sermos brasileiros, e eu dormia de roncar", conta. Por isso, nem a Copa do Mundo tem o seu interesse.

Honrando a história e empreendendo para o futuro

Os destinos de viagem também se relacionam com o gosto por história, especialmente a do Brasil. Por isso, os destinos favoritos foram Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, na Bahia, a qual teve a oportunidade de conhecer em 2021, com a retomada das viagens após a pandemia. "Eu queria conhecer, mas não fazer um passeio normal, então, comecei a conviver com as pessoas, inclusive as tribos indígenas, vendo a cultura e como todos se uniram na pandemia para dar vida a uma região que vive do turismo", explica. A experiência foi tão impactante que está marcada na pele do publicitário, em uma tatuagem que combina a história das navegações, o Cristo Redentor e a ponte de Nova Iorque.

O carinho pela cultura brasileira também se manifesta pelos interesses literários. "Gosto de ler biografias de brasileiros e obras que trazem personagens da história do Brasil", conta. Inclusive, Régis tem uma admiração muito grande pela Imperatriz Leopoldina e acredita que, se a primeira esposa de Dom Pedro I não tivesse morrido tão jovem, o País poderia ter sido beneficamente influenciado pelas suas ideias e seguido um rumo diferente. "Acho que as mulheres têm uma visão mais sensível do que os homens. Elas conseguem ver e fazer 10 coisas ao mesmo tempo, mas nós não temos esse foco", pondera.

Sua preferência musical é pelas canções mais antigas. Pensando nos artistas da última década, ele admite que não conhece quase nenhum. "Mas me leva para uma escola de samba, que se eu chegar às 6h da tarde, eu vou sair às 6h da manhã", afirma. No audiovisual, tem um interesse maior por obras que surpreendam, como 'A Casa de Papel', 'Birdbox' e 'Narcos'. Já os filmes favoritos são 'Cidadão Kane' e a versão comemorativa de 20 anos de 'Cidade de Deus', enquanto a série predileta é 'Cidade de Deus: A Luta Não Para', feita pela HBO. Ainda assim, ele faz uma crítica ao cinema brasileiro, pois gostaria que as produções nacionais aproveitassem melhor as partes boas do País, em vez de focar apenas nos problemas sociais.

E é por ver tanto potencial no Brasil que, apesar de uma trajetória ampla e bem consolidada na Comunicação, Régis ainda tem várias iniciativas em mente. Uma delas voltada ao desejo de contribuir de alguma forma para minimizar a polarização política. Além disso, no futuro mais próximo, o publicitário quer voltar para a frente das câmeras, com um programa que já teve o piloto gravado. "Quero fazer mais projetos não só no Rio Grande do Sul, mas fora do Estado. E talvez empreender em mais alguma área", afirma. Atualmente, ele ainda está de olho no mercado de streaming, para entender onde os negócios neste ramo podem chegar. "Eu sou inquieto, não consigo fazer uma coisa só, não é da minha natureza. Não sei exatamente o quê, mas sei que ainda quero fazer muitas coisas", alega.

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