Paim: Uma história de muitas histórias
Reconhecida pelo investimento em tecnologia e inovação, a agência não abre mão do seu maior ativo: as pessoas
Nunca é fácil resumir longas histórias. Há que se guardar um espaço para cada uma delas. E é difícil também determinar qual a mais relevante ao longo do tempo. Então, menos fácil ainda é manter-se ligado a um cliente por 30 anos na Comunicação, como é o caso de Lojas Renner, atendida pela Paim - United Creators por tanto tempo e em meio a um crescimento vertiginoso.
Neste período, passou de uma quantidade de lojas que não cabia nos dedos das duas mãos, para 672, incluindo 10 no Uruguai e quatro na Argentina. A agência sempre fez questão de imergir no cliente, "colocar o umbigo no balcão" e acompanhar de perto a realidade do ponto de venda. Exatamente como fez quando a Renner, por exemplo, decidiu abrir sua primeira filial no Uruguai: a agência se mandou pra lá seis meses antes para conhecer o mercado, os hábitos de consumo e tudo mais.
Cesar Paim, seu líder-referência desde há muito, é reservado, contido, quase avesso à exposição, mas parece se agigantar ao relatar um pouco desta história. Segundo ele, a Paim foi a primeira agência a usar ferramentas Apple, o que, entre outras razões, confere uma grande afinidade com o ambiente digital. Não à toa, hoje, opera em joint venture (sociedade entre empresas sem fusão ou incorporação) com a Suno, agência paulista com reconhecidamente forte em tecnologia. Também nessa linha, fincou pé no Instituto Caldeira, hub de inovação no 4º distrito da capital gaúcha, onde se engajou no projeto Geração Caldeira, oportunizando a jovens de escolas públicas o treinamento em grandes organizações.
Reconhecer talentos. Sempre
A busca por excelência em tecnologia não se resumiu à PaimLab, por muito tempo incubada no Tecnopuc, e tampouco descuidou do viés analógico e do cuidado com as pessoas. Cesar Paim sabe que o negócio depende delas e que é necessário incentivar novos desafios e fomentar novas experiências. Disso resulta um grande capital humano e a descoberta de talentos. Quem não sabe que por lá passaram Fábio Bernardi, Guga Ketzer, Lara Piccoli, Zeca Honorato e outros tantos que hoje despontam no cenário da Propaganda?
Uma das precursoras em aderir ao trabalho remoto, foi necessário, segundo Mateus Gobbi, head de Pessoas e Cultura, para acompanhar o ritmo de crescimento do principal cliente e dispor de pessoas nos mais diversos pontos do Brasil e da América Latina em especial. Fuso horário atrapalha? De jeito nenhum. O que atrapalha mesmo é, segundo ele, disputar talentos com São Paulo, por exemplo, que costuma aqui buscar nomes em condições melhores de remuneração.
Investir, portanto, no meio universitário foi outro passo. Manter um banco de talentos existente nas instituições de ensino superior não é mais luxo, mas necessidade. Aliás, publicitário da área de Planejamento, não foi difícil para Mateus conseguir da direção apoio para desenvolver na agência a área que coordena, o que hoje é um ativo importante, junto com um conceito muito utilizado para o cliente Renner, de "encantamento", de modo a se tornar um princípio quase basilar em todos os seus processos.
Relações sólidas
Entre tantas histórias de formação de talentos, há na Paim um rol de "idas e vindas", ou seja, muita gente que sai e retorna - como acontece em outros locais, mas com uma grande frequência. Tanto quanto a longevidade de alguns na empresa: Aline Lima é um caso revelador, pois começou como estagiária e, hoje, é vice-presidente de Operações. Chegou pelas mãos de Décio Krebs (falecido), ficou bastante tempo como assistente de João Paulo Dias, o Jopa, até a chegada de Lairson Kunzkler (falecido). Ainda passou pelo núcleo de Marcelo Pires e Fábio Bernardi até sair do Atendimento de Renner e resolver ir mais para a retaguarda.
"Dos 23 anos aqui, estou há seis cuidando de operações. César dá muita abertura e aprecia mudanças, testagens, o novo. Vivi muitas 'Paim's' por aqui", reflete a VP. E é interessante que, quando pensa em algum momento marcante, Aline não traz para a conversa uma vivência pessoal, mas refere à volta de um cliente - já que a Renner passou cinco anos fora da agência. Esta relação com a marca é de quase devoção, pois ela, sua história e seu dia-a-dia estão indeléveis em toda Paim.
Onde também há dor
Nem tudo em uma empresa de Comunicação são flores. Tampouco apenas prêmios, sucesso e conquistas. Muito difícil contar a história da Paim sem transitar por duas perdas que carregam muita dor: a longa e fatal enfermidade de Décio e a trágica perda de Lairson, a última, especialmente, muito difícil de ser superada por todos. "Durante muito tempo, permanecemos reverenciando ambos, especialmente aos mais novos, para que a memória deles não se apague. A pandemia nos afastou muito e levou consigo um pouco deste ritual, mas não haveremos de esquecer", conta Aline.
E por falar na Covid-19 e a crise sanitária que ela trouxe ao mundo, e do afastamento das pessoas do seu local de trabalho que ela causou, já é incrustado na cabeça de todos. Mas aqui e ali se ouvem comentários sobre o "tempo antigo", com mais presença e convívio, e esta é uma possibilidade concreta de a Paim começar a, sem negar o home office, buscar esta maior presença na sede da agência. A conferir ali na frente? "O home office, junto com os projetos e clientes que aglutinam em torno de si as pessoas, faz com que a afinidade antiga se perca um pouco, de quando ficávamos 10 horas por dia perto de todos", reflete Aline.
Na estrada
Por falar em afinidade, há alguém na equipe a quem se pode denominar íntimo de muitos: o Juares Oliveira. O "assessor para assuntos de mobilidade" anda "pra cima e pra baixo". Entre outros "corres" é quem se ocupava de levar as equipes, especialmente de Atendimento, nas visitas aos clientes. Hoje tem função mais específica, mas não menos importante.
Juarez, o rei das estradas, há 10 anos na Paim, afirma que o que pode parecer rotina, na verdade não é. "Muito bate-volta...Sananduva, Joinville, indo e voltando no mesmo dia. Acidentes, tornados, muita coisa se vê", diz ele. Aliás, citar tornado e Sananduva não é à toa: "Certa vez, vimos um caminhão betoneira dentro de uma lavoura, há uns 100 metros da rodovia e nos perguntamos, até hoje, como ele foi parar lá. Incrível a força do vento".
Ele ri ao lembrar que Cesar Paim é muito bom na matemática e, nas andanças, contabilizavam os quilômetros percorridos nas estradas. O gestor já teria andado mais de um milhão de quilômetros, mas Juares começou a esmiuçar sua vida no volante também em outros clientes, e foi o vencedor, por óbvio.
É pelas pessoas
Toda empresa reúne seus ativos emocionais, e nesta em especial, eles existem em profusão e vão formando esta base muito sólida e de grandes legados. E eles são de todas grandezas, de diversas formas e vão somando no caudaloso histórico de como se constrói um negócio. Enquanto Cesar diz que uma boa empresa depende de pessoas, incentivá-los e aos desafios que se impõem, é parte da gestão. "E por mais que a tecnologia avance, isto não pode ser nunca esquecido", ensina ele.
Aliás, o que dizer de Jean Ventura? No dia em que a visita para esta reportagem foi feita, era seu primeiro dia. Soube da vaga - analista com ênfase em TikTok - e se candidatou. Chamado, exultou ao saber que entraria para o núcleo de profissionais que atendem à YouCom. Além disso, estava extasiado por ser tão bem acolhido em sua estreia na agência. Rafaela Masoni, sua líder, ganhou um colaborador - que espera-se por muito tempo - mas também um agradecido fã.
As muitas premiações na bagagem em tantos anos, Cesar Paim, Marcus Paim e Rodrigo Pinto, seus sócios, a agência parece mais preocupada em lapidar talentos, abrir portas e nunca deixar de olhar as pessoas. Isso, aliado a "muito trabalho e convicção estratégica é o que ela tem de melhor, por mais que a tecnologia avance". Nisto reside a crença maior de Cesar Paim e sua agência. Sem hesitação.