SPR: Fazer melhor do que hoje

Fisicamente, a agência é de Novo Hamburgo, mas a cabeça e a carteira de clientes estão no mundo, literalmente

São 22 anos de mercado, três sócios e uma sede em Novo Hamburgo com mais de 600m². A localização geográfica, porém, não diz muito sobre a SPR. Comandada por Gabriela Torres, diretora administrativa-financeira;  Gustavo Ermel, diretor de Estratégia e Inovação; e Juliano Hennemann, diretor-executivo, a agência tem apenas dois clientes na região do Vale do Sinos e outros tantos espalhados pelo Rio Grande do Sul, Brasil e, mais recentemente, até fora do País.

Entre as primeiras características citadas por Gustavo, que faz parte da história há 14 anos, sobre sua empresa é que eles - o trio societário - cresceram junto com o CNPJ. "Já fomos brincalhões e imaturos. Hoje, a SPR é mais séria. Então, tem muito do nosso DNA aqui", avalia, para explicar que, pessoalmente, sempre foram mais rebeldes, contra regras e etc, mas, no ambiente profissional, prezam por leis, horário, responsabilidade e disciplina. "Não adianta, temos o sangue alemão da região. Há quem diga que somos corretos até demais", conta ele. Agora, se tem uma coisa da qual não gostam é extrapolar o horário comercial. "Achamos isso um saco. Pô, chega 18h e tudo que eu quero é ir para casa, ver meu filho. Então, a equipe precisa ter o mesmo direito de fazer o que quiser na vida pessoal", decreta. 

Outro aspecto, perceptível em poucos minutos de circulação entre os setores, com rápidas conversas com a equipe, é o tempo de casa dos profissionais na agência. Quando da visita de Coletiva.net, por exemplo, nenhum dos questionados tinha menos de três anos de casa. Gustavo explica que lutam pela permanência do seu time, especialmente por valorizarem não apenas o crescimento pessoal, mas também a memória e maturidade profissional que isso agrega à empresa. Além disso, acha um desperdício de tempo e dinheiro a rotatividade que, muitas vezes, é característica do mercado publicitário.

Entusiastas da SPR

A diretora de Atendimento, Giórgia Lorenz, é um exemplo desse aspecto. Há quase 10 anos na agência, procurou uma vaga quase no final da faculdade. Preocupada com seu futuro profissional e trabalhando na área comercial do Grupo RBS, Gi, como é mais conhecida e chamada por todos, queria viver a rotina de uma agência de Propaganda. E a primeira que vinha à cabeça era a SPR, especialmente por saber das famosas festas de arromba que o trio de sócios promovia na época. Quando conseguiu uma chance para iniciar como estagiária, a formatura chegaria em poucos meses, mas disse a quem lhe indicou que, entrando, iria se virar, aprender e crescer.

E foi exatamente assim: "Botei na cabeça que precisava gostar do que fazia, fazê-los gostarem de mim e aprender o máximo que pudesse". De assistente, passou para executiva, gerente (um cargo que sequer existia e foi criado para recompensar seu esforço) e, por último, promovida à diretora. Essa trajetória lhe dá tanto orgulho, que fez questão de citá-la quando faz entrevistas para contratar alguém para sua equipe, pois gosta de mostrar que todo empenho é valorizado pela agência. Entusiasta que só ela, considera a SPR sua segunda casa, enaltece a proximidade com os donos e, principalmente, a autonomia oferecida por eles, desde que esta seja revertida em responsabilidade e resultados. Ao garantir que não se vê longe de lá, Gi entende que é possível não ficar na zona de conforto na mesma empresa. "Comunicação é não ter rotina dentro de uma rotina. Aqui ainda é o meu lugar."

Mauren Steinmeier, gerente financeira - e braço direito de Gabriela Torres - também integra o time dos apaixonados pelo seu trabalho. Era 2000 quando começou a trajetória, ainda na produção gráfica, setor onde atuou por uns três anos. Quis mudar, inclusive de País. Depois de voltar de uma temporada na Alemanha, visitou a SPR num 20 de julho, não por acaso a data em que se comemora o Dia do Amigo. Entrou na sala dos sócios e, sentindo-se plenamente em casa, disse, entusiasmada: "Voltei!". O fato é que Mauren queria retornar ao mundo publicitário, mas não podia ser qualquer agência, era para "casa" que queria regressar.

Deu certo. Chamada por Gabi, apelido carinhoso da chefe, a viu "escabelada por causa de tanta demanda". Não teve pudor ou receio de afirmar: "Sabe onde está a tua solução? Aqui (apontando para ela mesma)". E foi assim que surgiu a virada de chave (com ajuda até de terapia e teste vocacional). Ao se encontrar na área, hoje, garante ser muito feliz, amar seu trabalho e admirar ainda mais a liberdade que lhe é dada. "Não tenho nenhum medo de perguntar ao meu diretor onde ele gastará o dinheiro que pediu", conta, às gargalhadas.

A mesma guitarra

Gustavo diz que, hoje, há processos bem definidos, tudo é documento e tem objetivos. Resultado de um divisor de águas na história da SPR: uma consultoria que permaneceu lá dentro por mais de três anos e fez toda diferença na visão dos sócios. É claro que prezam pela criatividade, um clima leve e descontraído, mas, ao final do dia, o que precisa é estar tudo andando como deve ser. Na opinião do diretor de Estratégia e Inovação, o que a agência consegue hoje em dia é executar casamentos que pareciam distantes, como criatividade e organização, ou alta produtividade e agilidade. "Claro que todo mundo toca uma guitarra dando seu tom, mas o instrumento é igual para todos", compara ele.

Uma das medidas mais exaltada por Gustavo e Juliano é a formação do seu GEP - Grupo de Estratégia e Planejamento, composto pelas lideranças da agência: além dos três sócios e da Gi, ainda fazem parte Fábio Henckel, diretor de Criação, e Fábio Buss, de Planejamento. Toda segunda-feira, das 13h30 às 15h30, eles tratam de assuntos gerais e sobre todos os clientes. "É o momento de identificar oportunidades, pontos de atenção e os críticos. Isso faz com que a gente olhe para todos os desafios", pontua Gustavo, salientando que também têm encontros quinzenais com toda equipe, nas quartas-feiras. E todos esses são regidos pelos quatro Ps das reuniões: propósito, pessoas, processos e produto final. Juliano completa ao defender que são organizados, mantêm um alinhamento entre os sócios muito harmonioso, e isso é fundamental na sua opinião. Afinal, até mesmo as discussões são de alto nível e ajudam a serem criativos e terem mínimas surpresas. 

Ainda que a sede, composta pelo prédio principal, um grande estacionamento e mais quatro contêineres, onde estão localizadas uma ampla sala de reuniões, espaço de convivência e o administrativo, não os faça engessar pensamentos, ela tem um lado emocional. Gustavo explica: "Quando comecei, existiam três carros nas vagas - os dos sócios - hoje, tem muito mais. Ou seja, todos crescem junto, têm que poder adquirir suas coisas, viajar, constituir família, se assim quiserem. Todo mundo precisa viver disso aqui, e não apenas os donos". 

Por falar na casa, Juliano entende que o espaço é bem compartimentado, cenário este que não é o sonho, pois pensam em ambientes mais abertos. Mesmo assim, garante, não existem portas fechadas, nem barreiras. O ambiente exige da equipe esforço maior para tornar tudo mais sinérgico, apesar das paredes e das escadas. "O lado bom é que as pessoas conseguem se manter mais concentradas, além da necessidade de se mexer bastante", pondera. E Gustavo ainda faz questão de salientar que o trabalho é duro, sim, tem que gostar do que se faz, pois o ritmo é mesmo puxado, mas ainda conseguem, por exemplo, fazer happy hours de vez em quando. E, para isso, a SPR oferece um freezer com cerveja sempre gelada e um sistema das pessoas pegarem, anotarem e serem cobradas no fim do mês. "E funciona. Lidamos com adultos, afinal", observa o diretor.

Cabeça no mundo

Nada do que acontece na empresa deve ser visto como natural. A frase pode parecer estranha, mas eles explicam que, atualmente, estão do tamanho que sempre buscaram ter. "E queremos ser maiores, muito maiores!", exalta Gustavo. Para ele, não se sabe ainda como serão as agências no futuro, se terão sede ou algo assim, mas tem convicção de que estão abertos a muitas possibilidades, pois o maior é desafio é crescer sempre. Hoje, são 42 pessoas que fazem o perfil ser médio, com custos de uma grande. Ou seja, garantem que em nada perdem para agências de Porto Alegre.

Estar cada vez mais presente no mercado, nos eventos e nas entidades também é um passo estratégico. Há algum tempo, por exemplo, foram convidados para dar aula na ESPM. Juliano, então, é o titular em uma disciplina de Gestão da Comunicação com o Mercado, na pós-graduação da faculdade, mas, se precisa se ausentar, sabe que pode contar com Fábio Henckel ou Gustavo, e tem certeza que ambos falarão a mesma língua que ele.

Integrar o Sindicato das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS), a Associação Brasileira das Agências de Propaganda (Abap) e a Associação Riograndense de Propaganda (ARP) também não é casual. Isso porque entendem a importância de estar conectados com o mercado, e que estas entidades são totalmente complementares entre si.

Hoje, a SPR tem clientes na região, em Porto Alegre, Santa Catarina, trabalho nos Estados Unidos, prospecção na Polônia e, sempre que podem, se fazem presentes em eventos internacionais, como é o caso do Festival de Cannes, na França. Ou seja, eles não veem limites e querem mesmo outro patamar. De acordo com Juliano, o modelo mental é de crescimento e isso faz toda diferença. "Estamos sempre tentando fazer o amanhã melhor do que hoje. Se vemos uma dificuldade, fazemos dela um degrau de aprendizado. O resultado é a busca de melhoria contínua", afirma o diretor-executivo, que conclui: "Não sei se tem segredo para o sucesso, mas vejo que as pessoas aqui realmente se sentem como um time que está sempre melhorando".

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