W3haus: Desconstruída por natureza

Fundada em 2000, agência tem em sua essência a diversidade

"A W3haus é uma nova agência cada ano", afirma o diretor de Operações da empresa, Guilherme Natorf, sendo complementado, logo, pela vice-presidente de Atendimento, Fernanda Tegoni: "E essa frase já está quase mudando para 'A W3haus é uma nova agência a cada seis meses', pois um ano já é muito tempo". Assim, a dupla diz, em poucas palavras, muito sobre a essência da empresa, que completou 19 anos em abril. A inovação faz parte do DNA da W3 - como é chamada carinhosamente - que, desde a origem, sempre teve uma visão diferente sobre o seu próprio trabalho.

Na virada do milênio, cientes de que um mundo digital estava por vir, quatro amigos e colegas no extinto portal Zaz, que, mais tarde, transformou-se no Terra, decidiram apostar em uma nova forma de comunicação. Assim, os jovens Tiago Ritter, jornalista; Rodrigo Cauduro, arquiteto; Alessandro Cauduro, graduado em Ciência da Computação; e Chico Baldini, que até se formou em PP, mas sempre trabalhou como ilustrador - todos oriundos de outras áreas que não a da publicidade -, fundaram a W3haus, uma agência de... publicidade! O quarteto, que depois virou trio, com a saída de Rodrigo, queria trabalhar o digital de maneira diferente, mas começaram fazendo sites, por conta das limitações tecnológicas da época. No entanto, nunca deixaram a convicção de lado: o primeiro portal institucional feito pela W3, inclusive, dizia 'não fazemos sites, fazemos comunicação digital'.

Hoje, na verdade, de acordo com Fernanda, a agência pratica, com mais da metade de seus clientes, a comunicação 360, que transcende a digital. Uma das demonstrações desse pensamento diferenciado é a busca por pontos de vista diversos. Há dois anos, trouxe, como VP de Criação e Conteúdo, Larissa Magrisso, que hoje é sócia da W3. "Ela é jornalista na essência e isso é um diferencial para uma agência de propaganda. Fizemos o movimento de agrupar a área de Conteúdo com a de Criação, colocando Larissa como head das duas, justamente por entender que hoje a propaganda não é mais sobre publicidade, é sobre entretenimento, utilidade", explica Fernanda.

Atualmente, com 220 funcionários entre as sedes de Porto Alegre e São Paulo, além do escritório do Rio de Janeiro, a W3 ainda mantém a multidisciplinaridade em sua essência. Na capital gaúcha, a empresa, depois de passar por outras três sedes, está situada na Área 51, espaço criativo e cultural que fica na Rua Lucas de Oliveira, 894. De acordo com Guilherme Natorf, o local foi escolhido também por "ser um polo de criatividade e inovação, com trocas riquíssimas com as empresas que aqui estão". E esse clima de compartilhamento também está presente dentro das salas ocupadas pela W3, com ambientes que possibilitam o entrosamento entre os colaboradores e facilitam a troca de ideias.

Diversidade na essência

Com o passar do tempo, a W3haus seguiu sua essência de personalidades diversas e agregou novos colaboradores - inclusive, da publicidade. Assim, construíram um mix de ideias e a empresa como ela é hoje. "Esse olhar que eles [os fundadores] colocaram para a propaganda sem serem publicitários, focando muito mais em conteúdo, fez com que a gente sempre estivesse na frente nesse sentido. Trazer uma visão de fora permeia a W3 até hoje", reforça Fernanda. A diversidade de ideias sempre foi algo natural dentro da iniciativa e não uma demanda. "Contemplamos diferentes perfis, mas, praticamente, não é uma decisão de RH, é algo natural, genuíno. Achamos que é a diversidade que agrega no trabalho", complementa Fernanda. Hoje, por exemplo, a maior parte dos colaboradores da W3 são mulheres, ocupando 57% das vagas. Na linha diretiva, esse número cresce para 60%. "E não foi algo pensado, mas natural. Quando fomos fazer a conta, percebemos que a maioria na empresa era mulher", diz a VP de Atendimento.

Publicitária, Magali Moraes, a Maga, embarcou no time da W3haus há seis anos e ajudou a ampliar essa ideia de diversidade na agência, com sua senioridade. "Eu fiz a entrevista de admissão junto com a Bruna Rodrigues e a pessoa do RH pediu para contar alguma coisa interessante da gente. A Bruna disse 'tenho uma banda', toda moderna, e eu pensando 'tenho dois filhos'. Eu era muito deslocada no começo", relembra ela que, em pouco tempo, já estava por dentro de tudo. Parte dessa integração foi motivada pelo estímulo dado pela equipe. Uma das maneiras de enriquecer o olhar de seus colaboradores é o incentivo por meio de ações como a Feira Vira Fita, em que as pessoas apresentam seus projetos pessoais. E todo mundo faz alguma coisa: de brigadeiro a cerveja, de tricô a bolsas, de brechós a ilustrações. O projeto já aconteceu na sede de São Paulo e, em Porto Alegre, será ampliado para toda a Área 51.

Quase duas décadas de histórias

Obviamente, dentro de quase 20 anos de existência, a W3haus acumulou diversas histórias interessantes. Inclusive, a vida da pequena Luísa, de dois anos e meio, que é fruto de um encontro ocorrido a partir da agência. "No momento em que fui entrevistada, achei ele um homem lindo. Depois, me apaixonei por ele. Em 2019, faz 10 anos que estamos juntos e temos a Luísa", conta Michele Adolfo, que atua no Atendimento, apontando para o seu marido Guilherme Natorf. No entanto, apesar de trabalharem juntos, a dupla aprendeu a separar as coisas. "Em casa, somos marido e mulher", garante.

Outra vida que se cruza com a da W3 é a de Domênica Camatti, da área de Criação & Conteúdo. Ela relembra o seu começo, na recepção, em 2009, destacando que cresceu junto com a empresa. "Não consegui viver muito a parte da faculdade, por estudar e trabalhar. Então, tive muito essa coisa de amizades, festas e conhecer gente nova na W3", conta. E a história de Domênica é tão relacionada com a agência que foi ali que ela conheceu um ex-namorado, com quem ficou por sete anos - na mesma época, inclusive, em que Natorf e Michele começaram o seu relacionamento. Com uma cultura de tanta integração, acabou que os dois namoros foram revelados para toda a empresa no Boletim, espécie de comunicado mensal que era enviado a todos os colaboradores.

Esse canal é outro case de destaque na história da W3. A newsletter ficou tão popular que se tornou um evento e, agora, é uma confraternização de grandes proporções - e, em meio a histórias engraçadas, a equipe se desdobra em elogios a respeito das festas proporcionadas pela W3: "especiais", "extremamente divertidas" e "épicas" são algumas das expressões utilizadas para descreverem os Boletins. Inclusive, Domênica afirma que pessoas que já saíram da empresa perguntam "saiu a data da próxima festa da W3? Será que eu posso ir?". E podem! Desde que tenham ficado mais de cinco anos na agência. Esse é o combinado. Dentro da maior sala, há uma tela que serve como um 'portal' para São Paulo, em que ambas as agências podem ficar vendo o que acontece com a outra, em tempo real. Resultado dessa troca: um campeonato para ver quem faz a festa mais animada. "A gente nem olha para tela, pois ganhamos sempre, nem é uma competição", diz Maurício, exaltando a equipe gaúcha.

Genialidade nas coisas simples

Mas não são só as festas que viraram lendárias, a criatividade da agência também repercute. Natorf é modesto na explicação das iniciativas desenvolvidas pelo seu time. "Às vezes, as grandes repercussões surgem de ideias simples", diz ele. Uma das ações que serve de exemplo, estando entre as que mais geraram visibilidade, aconteceu em 2008, quando o grupo criou o primeiro outdoor com wi-fi do mundo - algo que, para o público, parecia supertecnológico, mas, de acordo com o diretor de Operações, "era um grande enjambre".

Na ação, foi colocado um roteador atrás do outdoor e, para o sinal se difundir mais, o aparelho foi inserido dentro de uma caixa de sorvete. "Não tinha utilidade nenhuma, só os taxistas que paravam para pegar o sinal de internet de vez em quando. Mas gerou uma repercussão incrível", relembra Fernanda.

Outro destaque foi quando o Grêmio estava completando 25 anos de seu mundial e, na época, era atendido pela agência. Para comemorar a data, a W3 comprou uma estrela e denominou ela: Estrela Grêmio. "Aquilo foi uma coisa que 'Meu Deus do Céu', mas só entramos em um site em que qualquer um pode comprar uma estrela e catalogamos ela por US$ 30", revela Natorf, divertindo-se com a história.

Essas iniciativas, que fazem do simples algo admirável, são exemplos que levaram a empresa a adquirir grandes contas para o seu portfólio. Hoje, por exemplo, BV, Bauducco, O Boticário, Panvel, Petrobras e Woop Sicredi estão na carteira de clientes da agência.

Um ecossistema de inovação (e emoção)

A W3, junto com a Huia, a Hopo, a Brooke e a Now3 formam o ecossistema de inovação Haus. Ele reúne todas as iniciativas que atuam, juntas ou separadas, para oferecer serviços personalizados aos seus clientes. "A W3 explodiu para o grupo Haus. As iniciativas nasceram dentro da agência e ganharam vida própria", explica Fernanda. E essa ideia de lar do digital já vem implícita no nome da agência. A origem do W3haus tem o W3 por causa do 'www' da internet e o haus por ser 'casa' em alemão. Além disso, ainda há uma referência a Bauhaus, escola de arte da Alemanha, que sempre esteve muito presente entre os interesses dos fundadores.

Atualmente, a empresa conta com outros sócios, além dos três fundadores remanescentes, que se dividem entre as sedes - Natorf, Fernanda e Rafael Macedo, por exemplo, ficam em Porto Alegre. Essa divisão fez com que a agência conseguisse abraçar mais clientes e ter mais desafios. Mas, também, isso trouxe saudades. "No nosso grupo, se destaca como energia positiva o Chico Baldini, que atualmente está no escritório de São Paulo. E, inclusive, sentimos bastante falta dele aqui", revela Natorf.

Mas a saudade não é o principal sentimento que vive por ali. A paixão pela W3haus é algo nítido ao andar pelas dependências da agência, com os colaboradores trocando ideias e risadas. "Essa energia é uma característica comum aqui dentro - e os clientes se engajam conosco nessa paixão", conta Natorf.

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