No Dia do Jornalista, representações gaúchas da categoria opinam sobre dilemas da profissão

Coletiva.net ouviu os presidentes da ARI e do Sindjors sobre temas latentes, como fake news e ações em favor dos profissionais

Imprensa no Senado - Crédito: Reprodução

"Tenho vontade de mudar pelo menos um pouquinho do que está errado", disse Eliane Brum, na entrevista exclusiva de seu perfil para Coletiva.net. A frase da premiada jornalista gaúcha poderia ser também de tantos outros, que contam as histórias ao seu redor, buscando a mudança. Neste 7 de abril, Dia do Jornalista, o portal inverte o foco e lança luz sobre a realidade destes profissionais, ouvindo as representações gaúchas da categoria sobre temas latentes.

O jornalismo e o jornalista em tempos de pandemia, fake news e ataques à liberdade de imprensa pautaram o bate-papo de Coletiva.net com os representantes da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors). O presidente da ARI, José Nunes, e a presidente do Sindjors, Vera Daisy Barcellos, destacaram, ainda, as ações em favor dos profissionais.

A importância do jornalista foi destacada por ambos os entrevistados. Vera Daisy observou que a profissão esteve presente em todos os momentos políticos do Brasil, informando com "seriedade, compromisso com a verdade e ética". Nunes concorda: "Quem escolhe esta profissão sabe que vai poder estar em momentos históricos, alegre e tristes, mas não pode esquecer que está lá em nome da coletividade".

Jornalista x Pandemia

O trabalho feito em favor do coletivo pelos jornalistas sobre a Covid-19 também foi abordado na conversa. "As coberturas jornalísticas, em UTIs, hospitais e entrevistando especialistas, têm trazido entendimento às populações mundiais impactadas pela pandemia", disse o presidente da ARI. Para sua colega do Sindjors, a categoria, nesse momento, "assume papel fundamental no registro de dados técnicos, das informações, com o devido cuidado técnico, e com uma linguagem para atingir as diferentes camadas da população".

As entidades estão atentas aos impactos que a doença causa, não apenas no trabalho, mas também na saúde dos jornalistas. A presidente do Sindjors assegurou que o sindicato monitora os casos do novo coronavírus "em todas as áreas das redações, mesmo aqueles profissionais que estão trabalhando em suas casas". Nunes complementou com um dado de alerta: "O Brasil é o país que mais perdeu jornalistas para a Covid. Hoje, já registramos 170 mortes de colegas". 

"Jornalista não é um querer, é uma razão de ser".
José Nunes - presidente da ARI

Fake news e ataques

A preocupação com os danos causados pelas notícias falsas também está na mira de ARI e Sindjors. "O efeito da 'mentira', como ocorre atualmente pela força dos inúmeros grupos que se criaram, como ervas daninhas no País, tem um grande poder de convencimento junto à população, mais do que as notícias pautadas pela verdade", avaliou Vera Daisy. O presidente da ARI ainda comparou as atuais fake news com os antigos 'boatos' e disse que, hoje em dia, "as novas tecnologias pesam contra à informação". 

Esforço dos jornalistas em combater notícias falsas e medidas do Judiciário e demais poderes públicos são, para as entidades, formas de estancar a desinformação. Que, aliás, não é o único obstáculo. Segundo Nunes, há uma institucionalização da violência à imprensa, desde 2019, gerada por agressões feitas pelo presidente da República. O Sindjors vivencia o problema. A presidente revelou que recebem frequentes "ataques verbais, físicos e ameaças de morte".

"Em síntese,  a profissão, nem sempre valorizada financeiramente pelos patrões, é essencial para o fortalecimento do processo democrático".
Vera Daisy Barcellos - presidente do Sindjors

Ações em favor dos jornalistas

A ARI reafirma sua atuação em favor da categoria, com debates, eventos, encontros, notas e manifestos em defesa da liberdade de imprensa, articulados em parceria com outras entidades locais e nacionais. O presidente da Associação, salientou, como exemplo, o lançamento do livro de entrevistas 'Visões do Jornalismo' e o prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo, realizado há mais de 60 anos, para reconhecer o "bom jornalismo gaúcho".

Para o Sindjors, a luta pela vida dos profissionais da imprensa têm sido o principal ponto de dedicação. Vera Daisy afirmou que foi conquistado, junto aos patrões, uma convenção de cuidados assecuratórios da saúde além da renovação das cláusulas, até junho deste ano, da Convenção Coletiva 2020/2021. Ela também cobrou: "É preciso lembrar, sempre, não apenas neste 7 de abril, que um Sindicato forte é marcado pela participação dos seus filiados e filiadas. Luta sempre!". 

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