Diversidade e Comunicação: Luana Fernandes aposta na união para alcançar objetivos

Autora do artigo publicado nesta sexta-feira em Coletiva.net, publicitária foi entrevistada por Luan Pires

Luana Fernandes é publicitária - Crédito: Arquivo pessoal

Era um dia corrido da semana quando olhei a Luana pela videochamada. Após algumas falas, perguntei: Como foi a primeira vez que pensou na diversidade em si? A resposta veio de pronto, como se já tivesse pensado nisso bastante.

Foi na faculdade. Assim que entrei comecei a perceber a falta de diversidade. Foi quando comecei a abrir os olhos para algumas coisas e essa questão racial foi uma delas. Além, é claro, de ser bissexual. Desde lá, me despertou a vontade de enxergar pessoas parecidas comigo que eu não via nos meios que eu ocupava.

Como é ocupar o espaço de uma agência de publicidade?

Entrei nesse meio faz tempo como redatora, mas nunca encontrava meus pares, não via pessoas negras na Comunicação. Então, quando eu cheguei na HOC e me deparei com esse núcleo de pessoas pretas, que é o Sankofa, eu fiquei tão feliz. E nosso trabalho com o núcleo é trazer nossas pautas para a Comunicação.

Nessa hora, reparei que ela falava daquilo com orgulho. Um espaço de fomento à diversidade, para algumas pessoas, pode parecer protocolar, mas só quem vive sabe como esse acolhimento é poderoso no nosso desenvolvimento pessoal e profissional

No Sankofa, construímos essa ideia de ser lembrado não só em datas comemorativas relacionadas. Ficamos felizes em ter esses espaços, mas queremos outros. Nós temos outros conhecimentos. Ter um negro e três brancos não é diversidade. Claro que avançamos, mas ainda não o suficiente considerando nosso recorte populacional. Acredito que já temos um novo caminho para crianças pretas que estão se vendo na televisão, na propaganda, na farmácia quando vão comprar creme de cabelo ou uma base da cor da pele dela.

E como você usa isso no trabalho ou na composição das tuas músicas?

Tem músicas que eu escrevo ou canto trazendo essas vivências ancestrais. Eu acho que dentro da Comunicação, nas agências que eu trabalhei, a ideia é dar esse olhar sempre. Ficamos meio cansados de explicar, às vezes... você sabe como é. 

Dá vontade de dizer: 'Poxa, dá um Google'. Mas precisamos policiar as microagressões, seja na escolha de um casting. Parece que não é nada, mas é. Por isso, eu acho que diversidade é a liberdade para todos os corpos. Somos diversos, com vivências únicas, aprendendo uns com os outros. Isso é ótimo! Estamos o tempo inteiro em movimento.

Precisamos nos amar mais, nos ouvir mais, nos acolher mais. A vida já é muito complexa. E se nós, minorias diversas, não dermos as mãos, não tem como. Assim como fazemos no Sankofa: união na busca de objetivos. É uma visão romântica e esperançosa, mas?

Mas não existe luta sem esperança... Ela concordou.


Esta matéria faz parte de um conteúdo especial sobre diversidade e Comunicação, produzido por Luan Pires para Coletiva.net. Todas as sextas-feiras, o jornalista publicará uma entrevista exclusiva com o articulista do dia. Para conferir o artigo de hoje, assinado por Luana Fernandes, clique aqui.

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