Cid Martins fala sobre a importância do julgamento para suas profissões

Jornalista e professor universitário, ele está no Foro Central de Porto Alegre desde o primeiro dia do júri

Cid Martins mantém cobertura intensa no Foro Central - Lauro Alves / Grupo RBS

Um dos jornalistas mais eufóricos na sala de imprensa do julgamento da Boate Kiss é, sem dúvida, Cid Martins. Desde o primeiro dia no Foro Central I de Porto Alegre, o repórter da rádio Gaúcha é intenso na sua cobertura. Entra ao vivo ao longo da programação diversas vezes, grava boletins, além de alimentar o Twitter da emissora, enquanto anota informações, depoimentos e tópicos das suas percepções. Em conversa com Coletiva.net e Coletiva.rádio, ele falou da importância do júri tanto para seu papel na imprensa, quanto em sala de aula, onde leciona na faculdade de Jornalismo da Uniritter.

"Jornalisticamente, é uma experiência muito boa. Não sou um estagiário, nem um repórter novo, mas uma oportunidade dessas é sempre importante", disse. Na opinião dele, não é apenas o tema do julgamento que mexe com os profissionais, mas o fato de terem passado, durante a pandemia do novo coronavírus, muito tempo trabalhando em casa, ou em formato híbrido: "Voltar à lida jornalística diária, sair, acompanhar, fazer entrevistas e de uma forma multimídia, é muito bom", garantiu.

Fez questão de exaltar que a sua prática nos últimos dias o faz lembrar de todos os preceitos que ensina em sala de aula e exige de seus estudantes. Nas palavras de Cid, "isso serve para todo futuro jornalista, devemos seguir até o fim na pauta". Ele sabe que o julgamento renderá novos desdobramentos em instâncias superiores, mas é papel da imprensa mostrar e trazer a pauta ao público. "Digo sempre aos meus alunos: sejamos menos jornalistas de releases, whatsapp e gabinete. Vamos pra rua, olhar pessoas, trazer depoimentos. Isso que é importante."

Sobre a intensidade da sua cobertura, Cid lembrou de um exemplo que recém tinha acontecido quando da entrevista concedida: "Estava atento ao 'Timeline', esperando as pausas para falar no ar, enquanto ouvia o depoimento de um familiar. Ao mesmo tempo preparava um texto para o 'Chamada Geral', para recuperar a história, e ainda tuitar. É uma loucura, mas é muito gratificante poder participar disso".

Apesar da empolgação jornalística e acadêmica, especialmente para quem esteve em Santa Maria na ocasião da tragédia e por lá permaneceu cerca de 40 dias, o repórter da Gaúcha fez questão de enfatizar: é uma cobertura emocionalmente pesada. "Se é assim para nós, imagina para os familiares dessas 242 vítimas e 636 sobreviventes? Então, temos que acompanhar esse assunto até o fim."

Comentários