Coletiva.net produz mais de 200 conteúdos sobre bastidores do julgamento da Kiss

Portal e rádio publicaram matérias, redes sociais, drops e mesa-redonda, e ainda preparam novas iniciativas sobre o tema

De 1º a 10 de dezembro, o Foro Central I foi o cenário do julgamento mais longo da história do Rio Grande do Sul. O júri do caso da Boate Kiss reuniu ao longo desse período centenas de profissionais da imprensa local e nacional. Coletiva.net e Coletiva.rádio estiveram presentes e produziram mais de 200 conteúdos diretamente do local. A iniciativa gerou registros dos bastidores dessas coberturas, entrevistando profissionais e contando o que estava por trás de TVs, rádios, jornais impressos, sites e blogs.

Com uma equipe de sete jornalistas envolvidos, foram produzidas mais de 40 matérias - publicadas no portal, além de 160 conteúdos para redes sociais, uma mesa-redonda antes do início do júri e diversos drops para rádio. "Havíamos tido essa experiência de fazer o que chamamos de 'a cobertura da cobertura' quando do julgamento do ex-presidente Lula em Porto Alegre. Dessa vez, ampliamos o trabalho e a equipe, finalizando com uma entrega robusta ao nosso público", comemora a publisher Márcia Christofoli.

Segundo a jornalista, o trabalho não se encerrou com o fim da sentença. O portal segue publicando algumas matérias, prepara uma nova mesa-redonda - a primeira contou com profissionais que estiveram em Santa Maria quando ocorreu o incêndio; a segunda receberá os que cobriram o julgamento, nove anos depois -, além de um podcast, um conteúdo em vídeo e um novo produto que englobará toda a produção. "Sabemos que foi um trabalho sólido, de muita seriedade e que gerou consistência, mas entendemos que nossa missão ainda não terminou. Queremos deixar algo mais completo ao mercado", antecipou Márcia.

A audiência de Coletiva.rádio também mostra o sucesso da iniciativa. Durante os dias de julgamento, mais de 50 mil ouvintes únicos acessaram a emissora pelo portal, com pico diário de 9 mil na reta final dos trabalhos no tribunal. "Foi um baita aprendizado. Nossa equipe está de parabéns, porque o público com certeza ficou satisfeito com o conteúdo que recebeu. Temos muito mais daqui para a frente", reforça o gerente-executivo de Coletiva.rádio, Rafael Cechin.

Experiências inesquecíveis

A editora de Coletiva.net, Patrícia Lapuente, considera a oportunidade como um aprendizado enorme. Do ponto de vista do Jornalismo, ela diz que foi uma experiência enriquecedora em poder vivenciar uma cobertura tão grande e observar o trabalho de grandes jornalistas, tanto os mais experientes, quanto os que estão iniciando a carreira. Ressaltou um dos aspectos que mais chamou sua atenção: "Perceber que os jornalistas são, acima de tudo, parceiros, que trocam informações em situações corridas e também em raros momentos de descontração". Aos olhos da editora, não existia, ali, busca por furo de reportagem nem concorrência, mas coleguismo e, até mesmo, amizades que se formaram em coberturas como essa. "Do ponto de vista de vida, acredito que saio uma pessoa melhor, com maior capacidade de discernimento e, acima de tudo, empatia."

A repórter Márcia Dihl também mergulhou na pauta. Para ela, que esteve em Santa Maria na época da tragédia, quando atuava como produtora da TV Record RS, voltar ao tema foi uma experiência necessária. "Desfecho foi uma palavra recorrente nas entrevistas que fizemos com os jornalistas. Em Santa Maria, eu vi de perto a dor, o choro, o caos e o desespero, e ter a oportunidade de reviver aquilo sob outra ótica foi marcante", relatou. O momento mais impactante para ela foi quando registrou, com os olhos e o celular, os pais das vítimas reunidos em plenário, de mãos dadas, homenageando seus filhos, gritando o nome de cada um deles: "Jamais esquecerei isso", resumiu. 

Aos mais jovens

João Fernando Soares e Sarah Acosta também vivenciaram a experiência. Mais jovens, eles ainda eram estudantes de Ensino Médio quando o incêndio aconteceu. Ambos concordam que a oportunidade de vivenciar o julgamento profissionalmente ensinou bastante. João Fernando, assim que chegou ao Foro, presenciou um protesto dos familiares que deixavam o local, e a cena o fez refletir: "Ao conversar com uma colega jornalista sobre o ocorrido, ela disse o seguinte: 'estar aqui é incrível e horrível ao mesmo tempo'. E foi exatamente o que senti". 

E completou: "A oportunidade de cobrir um caso tão importante é sensacional para carreira de qualquer profissional, mas ao vivenciar aquele ambiente, nos deparamos com um dos maiores desafios da vida". Sarah achou interessante poder estar atenta ao trabalho dos colegas. "Foi uma cobertura em outro nível, diferente de tudo o que eu já tinha feito, então, é impossível sair sem algum conhecimento novo." Como ser humano, foi pesado e desconfortável para ela, pois, na sua opinião, é sofrido olhar para as famílias. "Parei para pensar várias vezes que são pessoas que eu nunca vi na vida, são estranhos, mas a impressão era de conhecer toda a história deles", disse.

Para Nathália Ely, editora interina na ausência de Patrícia, o ângulo foi outro. Grávida de oito meses, ela não presenciou o julgamento, mas acompanhou o trabalho de Coletiva.net e Coletiva.rádio, além da transmissão ao vivo no Youtube do Tribunal de Justiça do Estado. No suporte a tudo que a equipe produzia, ela disse conseguir se sentir um  pouco presente na cobertura e concluiu: "O acompanhamento do julgamento pela mídia também reforçou o sentimento de que a ação da imprensa é fundamental para que a sociedade tenha acesso às informações".

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