Amigo é coisa para se guardar

Por Márcia Martins

Muito do que sei de vivências pessoais, aprendi com a minha mãe, que faleceu em julho de 2011. E Mirthô Peçanha Martins, mamis poderosa, sempre dizia que amigos e amigas de verdade, aqueles e aquelas de fé mesmo, a gente conta nos dedos. Com certeza, foi uma lição que ela experimentou em vida e tratou logo de repassar aos seus rebentos. Mamãe, que foi a minha primeira grande amiga, em função do ensinamento citado acima, me orientou que existem os vizinhos, os conhecidos, os colegas de trabalho, os companheiros das lutas sociais e os que adicionamos nas redes sociais. E os amigos e as amigas!

É necessário fazer sempre essa distinção. Amigos e amigas daqueles (as) que nunca nos esquecem, que sempre nos escutam e têm a total liberdade de dizer o que, às vezes, não queremos, mas precisamos ouvir, que nos acalentam nos inícios e finais de relacionamentos, que nos convidam para as festas e também para as roubadas e que nos acompanham nos momentos doloridos em que a saúde acende um sinal de alerta, são poucos e poucas. Como no dia 20 de julho (sábado passado) foi o Dia Internacional da Amizade, utilizo hoje o espaço para agradecer meus amigos e amigas por tanto nestes meus anos de existência.

Faço muita questão de homenagear os amigos e as amigas que honram, com louvor, o significado da palavra. São pessoas que jamais inventam desculpas para rejeitar um convite para um cinema, um café, um happy regado a chope ou vinho, dependendo da estação, fazer companhia num show ou uma caminhada pelo bairro. São pessoas que nunca te esquecem, que te procuram, que buscam saber dos teus amores, dos desencontros, das alegrias e dos dissabores. E fazem escala de rodízio para te acompanhar, quando necessário, em alguma intervenção de saúde.

Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração. Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não. Assim fala a "Canção da América", música de Fernando Brant e Milton Nascimento. Pois saibam, meus amigos e minhas amigas da vida real, e não das redes sociais ou dos oportunismos, que vocês habitam sempre os meus pensamentos e ilustram as minhas melhores lembranças. 

E já que usei uma música antes, vou seguir neste ritmo. Apropriando-me da canção "A Amizade", famosa na voz dos rapazes do grupo Fundo de Quintal, digo aos meus amigos e minhas amigas: "quero chorar o seu choro, quero sorrir seu sorriso, valeu por você existir". Gratidão.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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