Diversidade e Comunicação: Alessandra Primo e a representatividade trans

Professora e pesquisadora é a entrevistada do mês no espaço Diversidade e Comunicação da Coletiva.net

Alessandra Primo sabe a importância da sua história para a comunidade LGBTI+, principalmente para a comunidade trans. Pesquisadora, orientadora e professora do curso de Publicidade e Propaganda e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), ela entende que sua história pode servir como uma ferramenta de representatividade. "Sempre acho importante falar para que eu possa beneficiar outras pessoas da mesma forma que fui beneficiada quando, no início da internet, já ia atrás de fóruns, grupos de pessoas trans e informações sobre o assunto".

Alessandra Primo, ou Ale para os amigos e alunos, performou como um homem-cis-branco durante muito tempo. Como uma mulher trans que fez a transição aos 50 anos, sabe reconhecer as nuances da sua história. "Durante as décadas que eu performei como um homem branco classe-média gozei de privilégios que qualquer homem usufrui". Conforme nos cona, performar com uma persona masculina permite um certo tipo de comportamento que enquanto mulher não é bem visto. "Uma mulher sempre é criticada se ela não se comporta segundo o estereótipo de comportamento delicado, hiper afetivo e submisso", conta ela. 

Embora tenha conseguido se inserir no mercado acadêmico, Ale Primo sabe que é uma exceção. Uma pesquisa da Fapesp, de 2020, feita com 528 transexuais de sete cidades do estado de São Paulo, indicou que apenas 13,9% das mulheres trans e travestis tinham emprego formal. Além disso, a violência é motivo de preocupação em todos os momentos. "Hoje, como mulher, tenho receio do assédio e como mulher trans, além disso, medo de violência física". Mas, Ale Primo vem deixando um legado que é exaltado por quem convive e aprende com ela. Alunos, colegas e admiradores do trabalham não só aprendem com ela no sentido teórico, mas como experiência de vida. Segundo Ale, o mais importante a ser passado para os estudantes é "valorizar a liberdade, o respeito às existências que são diferentes das suas". 

Quer saber mais sobre Ale Primo, além de conversas cheias de camadas, histórias e representatividade? Então ouça o bate-papo completo, por meio de podcast, em entrevista conduzida pelo nosso curador Luan Pires. Acesse o link aqui.


Esta matéria faz parte de um conteúdo especial sobre diversidade e Comunicação, produzido por Luan Pires para Coletiva.net. Quinzenalmente, o jornalista publica uma entrevista exclusiva com o articulista do dia. Para conferir esta e outras conversas, basta clicar neste link

Autor
Luan Nascimento Pires é jornalista e pós-graduado em Comunicação Digital. Tem especialização em diversidade e inclusão, escrita criativa e antropologia digital, bem como em estratégia, estudos geracionais e comportamentos do consumidor. Trabalha com planejamento estratégico e pesquisa em Publicidade e Endomarketing, atuando com marcas como Unimed, Sicredi, Corsan, Coca-Cola, Auxiliadora Predial, Deezer, Feira do Livro, Museu do Festival de Cinema em Gramado, entre outras. Articulista e responsável pelo espaço de diversidade e inclusão na Coletiva.net, com projetos de grupos inclusivos em agências e ações afirmativas no mercado de Comunicação. E-mail para contato: [email protected]

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