Cinco perguntas para Carlos Ismael Moreira

Profissional é diretor de Jornalismo da Secretaria de Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul

Carlos Ismael Moreira é mestrando em Ciência Política pela Ufrgs - Crédito: Gustavo Mansur

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou natural de São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, e tenho 35 anos. Sou o terceiro filho de Carlos Alberto Moreira, músico, radialista e político, vereador por dois mandatos em nossa cidade e o primeiro cego a presidir uma Câmara de Vereadores no Brasil, e da Maria Anunciação, Dona Núncia, guerreira que, depois da partida precoce do marido, criou sozinha quatro filhos homens, todos com Ensino Superior concluído. Uma vitória da crença na educação e no ensino público para transformar realidades.  

Sou jornalista diplomado, com graduação concluída por meio de bolsa integral do Prouni no Centro Universitário Metodista (IPA), e mestrando em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Trabalhei durante oito anos nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, tendo passado pelas funções de diagramador, plantonista, repórter e editor assistente.  

Deixei a imprensa diária em 2019 e ingressei no governo do Estado na Coordenadoria de Comunicação da Secretaria da Segurança Pública (SSP), onde estive por três anos e meio. Em julho de 2022, assumi como secretário adjunto de Comunicação do Estado, ao lado da então secretária Zete Padilha, no governo Ranolfo Vieira Júnior (PSDB).  

Na reeleição do governador Eduardo Leite (PSDB), permaneci na Secretaria de Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul  (Secom-RS) a convite da secretária de Comunicação, Tânia Moreira, e desde janeiro estou diretor de Jornalismo da pasta, gerenciando a produção de conteúdo jornalístico e o alinhamento com os coordenadores de Comunicação das outras 26 secretarias e do gabinete do vice-governador.  

2 - Por que você escolheu o Jornalismo?

Nunca pensei fazer outra coisa e nem me imagino fazendo algo diferente. Meu pai era radialista e meu irmão mais velho, Carlos André Moreira, jornalista, que por mais de 20 anos atuou como repórter e editor na Capital. Ainda adolescente, seguia meu outro irmão mais velho, Cláudio Moacir, fazendo de tudo um pouco no jornal O Imparcial, lá em São Gabriel. E quase colocamos nosso irmão mais novo nessa 'cachaça', mas como pelo menos um tinha que dar certo, o Cláudio Roberto é hoje o policial militar mais comunicativo de Santa Catarina. Além disso, a Dona Núncia é um talento não descoberto pelas empresas de clipagem. Ligada em notícias 24 horas, segue até hoje me mantendo atualizado do noticiário. Sem dúvida, portanto, a influência familiar teve peso fundamental.  

3 - Você assumiu como diretor de Jornalismo da Secom-RS no início deste ano. Como tem sido a experiência até então?

Extremamente enriquecedora. A direção de Jornalismo é uma posição que exige dedicação em tempo integral. É preciso estar atento e ter domínio de todos os temas que envolvem a enorme complexidade da administração estadual, que está sempre em curso e não para no horário comercial. Tem sido um momento de aprimorar as habilidades de avaliação rápida de cenários, de crivo editorial e de comunicação estratégica.  

É também uma oportunidade e tanto para o exercício de construção coletiva dos nossos produtos, a partir do alinhamento e orientação diária aos 27 coordenadores de Comunicação de cada pasta, além da talentosa equipe de profissionais da Secom-RS, com os quais tenho aprendido mais a cada dia. É ainda um espaço valioso para encabeçar projetos que busquem modernizar a Comunicação Pública, inovar nos formatos, aproximar o governo da população, levar serviço e informação confiável para combater o turbilhão de desinformação que busca confundir e, por vezes, até interditar o debate público. Vejo como uma grande responsabilidade, não só profissional, mas com os cidadãos mesmo, porque a informação que divulgamos é reproduzida por toda a imprensa e tem impacto na vida dos gaúchos. 

4 - Você soma quase cinco anos de experiência com Comunicação Pública, área que vem passando por muitas mudanças e adaptações. Na sua visão, qual o maior desafio do segmento atualmente?

Comunicação, seja pública ou privada, precisa ser profissional. É com essa visão que tenho procurado atuar na Secom-RS. Não há mais espaço para arranjos que não valorizem profissionais técnicos, qualificados e que entendam o papel estratégico da Comunicação para o sucesso de qualquer iniciativa. Fico muito satisfeito em gerenciar a produção jornalística de uma estrutura que conta hoje, considerando todo o governo, com uma centena de profissionais altamente qualificados, com larga experiência no mercado. Muitos dos nossos nomes até há pouco ocupavam espaços de destaque em veículos, e pudemos agregá-los justamente pela valorização que é dada à área pela atual gestão. Esse é um ponto fundamental para todo governo que queira fazer uma Comunicação eficiente.  

Além disso, assim como a imprensa comercial, o setor público tem o desafio, e ao mesmo tempo a oportunidade, de se adaptar às novas linguagens e plataformas. É preciso entender e ocupar esses espaços, tanto para alcançar novos públicos quanto pela responsabilidade em contribuir para a confiabilidade das informações em circulação para o debate democrático. O 'Relatório Sobre Notícias Digitais de 2022', do Reuters Institute, mostra que o índice de "desengajamento seletivo", quando as pessoas decidem deliberadamente deixar de acompanhar notícias, subiu de 34% em 2019 para 54% em 2022. Mais do que um desafio, portanto, a Comunicação Pública precisa assumir o propósito de se consolidar como referência de informação para o cidadão, com transparência e credibilidade, valorizando também a retomada da confiança no trabalho da imprensa profissional.  

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Contrariando o mantra dos coachs, não sou exatamente um planejador pessoal de longo prazo. Sempre procurei me dedicar ao máximo naquilo que esteja empenhado no presente, e acredito que esse esforço tem resultado nas oportunidades de futuro. Espero, portanto, que daqui a cinco anos tenha contribuído para um legado de eficiência na Comunicação do Estado, com inovação nas ferramentas do Jornalismo para informar o cidadão. 

Para o futuro, imagino que possa compartilhar a experiência acumulada nesse período em uma atuação que possibilite qualificar a gestão de Comunicação estratégica em outros espaços, tanto do setor público quanto do privado.

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