Cláudio Andrade: Comunicador alto-astral

Bom humor é o fio condutor que eleva a energia do jornalista, necessário para dar mais leveza à vida das pessoas

Os moradores do bairro Rio Branco, de Porto Alegre, podem se surpreender ao ver um rapaz que usa terno indo ao trabalho de bicicleta elétrica. A cena é até corriqueira na região: "Olha lá, o apresentador da RDC TV", diz um que outro. Sim, hoje, esse é o principal transporte de Cláudio Andrade, um cara alto-astral, que abana para os fãs que o reconhecem nas ruas. "Se fosse na Europa, achariam isso normal, não é mesmo?", brinca o comunicador. O espírito e o bate-papo com o jornalista são sempre com a vibe lá em cima, como é visto no 'Portal RDC', atração que cobre os acontecimentos nas tardes do Rio Grande do Sul. 

Os telespectadores do telejornal estão acostumados com este atributo do profissional. O bom humor é o fio condutor que eleva a energia de Cláudio, uma vez que, para ele, é necessário levar um pouco de "leveza na vida das pessoas". Afinal, nem todas as notícias são positivas. O público já pode prestigiar o apresentador a se desafiar na coreografia da música Thriller, do astro pop Michael Jackson. Nas telas, é raro enxergar Cláudio sem este ímpeto, até mesmo em outras atrações do veículo, como o 'RDC News' e o 'Manhã RDC', programas que ele, eventualmente, cobre, mas, claro, junto à seriedade que cada um exige.  

No entanto, o entretenimento é a base de Cláudio Andrade. Conforme o profissional, apesar da formação em Jornalismo e também em Publicidade e Propaganda, ele considera-se apenas um comunicador, visto que não se aventura a escrever textos, ser um repórter ou uma pessoa da criação, mas, sim, aquele que leva o melhor conteúdo para quem está do outro lado da tela, por meio de boas histórias. "Eu aprendi a ver os grandes, como Silvio Santos, Hebe Camargo, programas da MTV, entre outras referências da TV, que eu sou fã", afirma. 

Porém, "ninguém é de ferro", como o próprio diz. Cláudio tem seus momentos de baixa, situação que mais o incomoda, sobretudo quando afeta a família. "Um dos meus defeitos é, por vezes, não saber separar as coisas e envolver a todos. No entanto, a minha qualidade é reconhecer e tocar adiante." Isso está atrelado aos ensinamentos que recebeu na infância. Identificar equívocos e a busca pela melhoria são as missões que guiam a sua trajetória de vida. 

Dava trabalho

Por volta do final dos anos 1970, no bairro Menino Deus, região centro-sul da capital gaúcha, havia um menino que adorava andar de bicicleta pela redondeza e fazer amizades por onde passava. Uma infância de muito amor, aprendizados e responsabilidades para o irmão mais velho de Rogério, Rodrigo Andrade e Rita de Cássia. Ele conta que, naquele tempo, podia brincar com os amigos, bem como com os irmãos pelas ruas. "Era outro momento, até difícil de acreditar que tudo mudou."  

Ainda que diga não ser ligado à astrologia, considera, na personalidade da mãe, a psicóloga Tânia Maria, as peculiares de uma escorpiana. "Minha mãe é muito intensa", considera. Além do afeto e dos bons conselhos passados pela matriarca, segundo ele, outras situações engraçadas o marcaram, como os típicos "bordões de mãe" como, por exemplo: "Vou te pegar", conta, aos risos. Ele recorda que a turma de irmãos dava trabalho para os pais, já que eles implicavam uns com os outros. No início, funcionam como brincadeira, mas, depois, as provocações ficavam sérias e sempre sobrava para um deles. 

Comparações

Apesar de, junto com a esposa, acompanhar as travessuras dos filhos, o pai não foi citado anteriormente, uma vez que merece um capítulo à parte. Isso porque este é o único momento em que Cláudio se emociona e se deixa levar pelas lágrimas ao falar de Roberto Brenol Andrade. Até o momento, o patriarca é o jornalista mais antigo do Jornal do Comércio (JC), aposentado recentemente. "O meu pai é foda", expressa. É como diz o ditado, "tal pai, tal filho". A comunicação corre nas veias, apesar do pai não ter influência na escolha da carreira. "Pelo contrário, sempre fomos orientados a seguir os nossos próprios caminhos." 

Ser filho de um jornalista de renome no mercado é mais fácil? Pelo contrário. No caso do Cláudio, o começo na profissão foi difícil, visto que não faltaram comentários de pessoas que acreditavam que o profissional era "carregado pelo pai". Até mesmo as comparações, junto com a pressão, de torná-lo um comunicador tal e qual como é Brenol. "Por muito tempo eu me sentia mal, mas foram coisas que precisei passar para poder superar", assegura. Isso o fez buscar, cada vez mais, o seu espaço e reconhecimento no segmento. 

Ainda assim, este tipo de pensamento fazia mal para a mente. Entretanto, recorda que deixou de pensar desta forma quando esteve em uma festa do segmento para concorrer a uma das premiações da noite. Na ocasião, refletiu que ali ele estava pelo fruto do próprio trabalho. Afinal, Cláudio Andrade possui uma carreira extensa no mercado, com passagens por veículos como Jornal do Comércio, Pop Rock, TVE, FM Cultura, Grupo RBS, Band RS, Pampa, Ulbra TV e RDC TV, respectivamente. Além disso, é mestre em Televisão, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). "Isso era uma besteira da minha cabeça, mas que ainda tinha comigo." 

Do pai, mesmo, ficam a admiração e os ensinamentos da profissão. Cláudio comenta que não faltaram "puxões de orelhas" quando achava que o primogênito precisava evoluir em algo. "Sim, nisso eu tive o melhor para me ensinar. Aproveitei o máximo." 

Pai-coruja

De acordo com Cláudio, tudo que faz hoje é em razão do filho e das duas mulheres da sua vida: a esposa, a nutricionista Riana Andrade, e a pequena Candice, de dois anos. E por mencioná-la, o pai-coruja não consegue disfarçar o sorriso ao falar da herdeira, muito desejada pelo casal. Ela é a parceira dele. Até nos momentos em que precisa se concentrar para preparar um material para os programas, ela está ali, ao seu lado, esperando o pai terminar o que está a fazer para convidá-lo a brincar. "Ela é sensacional." 

Todos os momentos com a filha são registrados nas redes sociais. Não só dela, mas também do mais velho, Artur Henrique, de 14 anos. Esse, filho do primeiro relacionamento, é youtuber e dá dicas ao pai para manter ativo o canal no YouTube. "Tenho orgulho dele, um guri muito inteligente", admira. O adolescente mora em São Leopoldo com a mãe e, por vezes, aproveita para passar alguns dias na casa do pai. 

A esposa Riana tem o mesmo perfil de Cláudio Andrade, considerada uma pessoa engraçada e alto-astral. Ele recorda que, quando planejaram ter um bebê, o desejo maior era para que fosse uma guria. "Se viesse um menino, é claro que iríamos amar, mas a ideia era uma menina", explica. Então, a parceira resolveu fazer uma brincadeira: no momento do chá de revelação, mentiu sobre o sexo da criança, deixando-o constrangido na frente de todos. "Eu fiquei muito sem graça, porém ela estava com o resultado correto em mãos", menciona, aos risos. 

Paixões da vida

Aliás, como iniciou este relacionamento? O comunicador estava em um evento profissional, quando resolveu postar uma foto comendo um "Choripan" - comida que leva pão e salsichão. A nutricionista comentou na imagem: "Parece ser bom", referindo-se ao lanche. Na sequência, Riana disse que era profissional da Nutrição e, por isso, fez o comentário. Cláudio, então, a convidou para ser entrevistada no programa da RDC, para contar sobre a alimentação saudável. "Esse foi o nosso primeiro encontro. Tempos depois, iniciamos o namoro e casamos", afirma. 

O casal é rock'n roll nas veias, animado e para cima. Eles são verdadeiras almas gêmeas, uma vez que compartilham ideias parecidas, assim como gostos. Parceiros, nos dias de folga, além dos passeios de bicicleta, o jornalista gosta de realizar viagens junto da família. A Serra Gaúcha é uma das opções; no entanto, a praia é a principal paixão, ainda mais que a família possui casa no Litoral. 

Poucas pessoas sabem, mas um dos hobbies de Cláudio Andrade é o surfe. "Eu poderia ficar horas conversando sobre isso." O comunicador confessa que está meio "enferrujado", porque faz muitos anos que não sobe na prancha e se aventura no mar. Isso se deve à falta de tempo, por uma rotina conturbada que enfrenta, sobretudo com a filha pequena. "Em breve, vocês verão novamente minha filha e eu, em cima de uma prancha nova", projeta.   

A propósito, o interesse é colocar em prática alguns projetos para o futuro. Alguns estão relacionados a vontades profissionais: "Continuar a desempenhar um bom trabalho". Outros, são de ordem pessoal, como o desejo de receber aulas do filho, a fim de aprender mais sobre a plataforma e iniciar projetos paralelos no YouTube. E, por fim, ainda mais para o futuro, desenvolver um processo para começar a trabalhar menos. "Creio que o ritmo diminuirá gradativamente", prospecta.

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