Duda Garbi: Futebol, bom humor e um assado

Responsável por arrancar gargalhadas com os personagens Jeizô e Santaninha, o jornalista é um eterno apaixonado por esportes e, é claro, pelo Grêmio

Ele já fez de tudo um pouco. Ou melhor, "de tudo um muito". Jornalista, humorista, apresentador, youtuber, podcaster, é difícil encontrar uma definição quando se trata de Eduardo Mancuso Garbi, o Duda Garbi. O público gaúcho já acompanhou ele no rádio passando trote para empresas e personalidades - na pele do personagem Jeizô -, imitando o Paulo Sant'ana com o seu famoso Santaninha, e tentar uma vaga no antigo programa da Band CQC. Também já viu ele levar seu jeito calmo, bem-humorado e otimista para o tradicional 'Sala de Redação', apresentar o show de comédia 'Duda 3x1' e ser jogador de futebol do São José. Agora, aventurando-se no Youtube, chegou a vez do mundo conhecer ele, que adora falar sobre futebol e preparar um assado - um tanto quanto mal-passado, é verdade.

 E toda esta jornada, muito apoiada pelos pais, Oscar e Clarice, começou mais precisamente no colégio. "Quando era piá, falava muito na escola e os professores diziam que eu tinha que fazer Comunicação de qualquer forma. Depois, queria jogar futebol. Então, descobri que o jornalismo esportivo unia o útil ao agradável", conta. Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em Jornalismo, foi no Grupo Bandeirantes que iniciou a trajetória, quando ainda assinava os boletins para a rádio como Eduardo Mancuso. Antes de chegar ao Grupo RBS, onde atuou por quase 15 anos, ainda teve uma passagem pela rádio da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS).

 "Tipo, tá ligado!?"

Mas foi no conglomerado midiático fundado por Maurício Sirotsky Sobrinho que Duda mostrou ao público as suas mil faces. Quando entrou para a empresa, em 2009, o primeiro papel que desempenhou foi o de repórter do extinto Kzuka, plataforma de conteúdo jovem. Foi no caderno voltado ao público adolescente que ganhou visibilidade, quando passou a gravar vídeos imitando personalidades, como Milton Neves e Paulo Brito, e também criando personagens, como o Aldo - um morador de Teutônia. O intuito era passar trotes. Paralelo a isso, também atuou no programa 'Cala Boca, Piangers', ao lado de Marcos Piangers, na também extinta TVCom, onde o quadro 'Cabelo no Spaghetti' era repercutido.

Com a popularidade dos vídeos, Duda recebeu um e-mail de Alexandre Fetter que mudaria ainda mais sua vida: ele queria conversar sobre os trotes que fazia no Kzuka. Foi assim que retornou ao meio radiofônico e ingressou na Rádio Atlântida, para integrar o elenco do 'Pretinho Básico', além de levar o 'Cabelo no Spaghetti' para a emissora. Entretanto, não se pode citá-los sem falar sobre os personagens mais famosos: Jeizô e Santaninha, afinal, eles foram marcantes demais na trajetória do comunicador.

O primeiro, inspirado nos amigos do colégio, valia-se de gírias como "tipo" e "tá ligado", e sempre se referia à mãe, que era proprietária de um bar, a dona Rose. "Era tudo brincadeira da escola que acabou virando para o rádio", explica. Já o segundo lhe proporcionou um encontro emocionante, quando imitou Paulo Sant'Ana diante do próprio. "A imitação foi evoluindo muito e me levou a um nível muito parecido mesmo. Conseguia falar como ele, então ficou muito fácil de fazer os trejeitos e conversar como se fosse ele."

 "É o GrêmiÔ"

Nascido em 1983, mais precisamente em 10 de dezembro, Duda tinha apenas um dia de vida quando Renato Portaluppi marcou dois gols contra o Hamburgo, da Alemanha. Naquele momento, ele não fazia ideia, mas o que viria a ser o time do coração, o Grêmio, estava se sagrando campeão mundial. Apaixonado pelo clube desde sempre, quando passou a atuar na editoria esportiva, jamais precisou revelar para quem torcia. Ao integrar a equipe do programa 'Bola nas Costas', da Atlântida, como repórter identificado com o Tricolor, não demorou para o AM notar aquele que tão magistralmente fazia FM. Foi assim que logo foi chamado para ser o repórter de torcida na jornada esportiva da rádio Gaúcha e, mais tarde, tornar-se integrante de um dos mais tradicionais programas de rádio no Estado, o 'Sala de Redação'.

No período, vivenciou alguns dos momentos mais marcantes da carreira. "São históricos e importantes para mim, como estar perto do Grêmio quando ganhou títulos", cita, ao destacar também a cobertura que realizou da Copa do Mundo na Rússia, em 2018. "É muito legal na nossa profissão imaginar algo apenas na cabeça e ver isso se realizar", relata, orgulhoso dos próprios feitos.

A aproximação com o time do coração foi tamanha que hoje Duda considera ter feito fortes amizades no meio, principalmente com jogadores do clube e, até mesmo, do rival, o Internacional. "É muito louco. Hoje, estou um pouco mais acostumado, mas, no início, quando comecei a me dar conta que estava muito próximo de um ou outro jogador, eu me emocionava", admite. Segundo ele, antes da atual naturalidade surgir, questionava-se se realmente poderia estar naquele lugar.

"Um (mal)assado para"

Desde o início de 2021 como criador de conteúdo para o YouTube, após deixar o Grupo RBS, Duda continuou trabalhando com jornalismo esportivo. No quadro 'Um Assado para', conversa com ex-jogadores, atletas em atividade, técnicos e dirigentes, além de comunicadores e tudo isso enquanto prepara um churrasco, algo que considera ser uma terapia. O ponto, entretanto, é sempre alvo de piada dos convidados - afinal, o churrasqueiro gosta mesmo é de uma carne mal passada.

Com mais de 100 entrevistas no canal, Duda recorda que algumas foram bem complicadas de conseguir. "Uma das mais difíceis, e da qual me orgulho muito, foi com o Renato Portaluppi. Fiquei negociando por muitos meses e quando fiz, saí de lá muito feliz, com a certeza que tinha feito uma baita entrevista", conta, ao recordar que, quando o conteúdo foi ao ar, a repercussão positiva foi muito grande e gostosa de curtir.

O canal também conta com duas séries especiais em que o comunicador aceitou desafios inusitados para um jornalista: ser jogador de fato, bem como assistente técnico, do São José, de Porto Alegre, durante o Campeonato Gaúcho. Além disso, participa do videocast 'Tudo em Off', ao lado dos colegas jornalistas Fabiano Baldasso, Farid Germano Filho e Tomer Savoia, e do ex-jogador de futebol Luis Mário. 

Em vista de tanta correria entre gravações, é impossível ter um dia a dia mais regrado. "Hoje, rotina não existe, e eu adoro. Às vezes, acordo em um dia útil e posso me dar ao luxo de não fazer nada", aponta, explicando em seguida que o trabalho é sob demanda e com encaixe das agendas. Além disso, também precisa participar de várias reuniões comerciais.

 Porto Alegre - São Paulo

Caseiro, Duda gosta muito de ficar em casa. Entretanto, a namorada Antônia, formada em Design, mora em São Paulo, o que acaba o levando a uma constante ponte aérea na vida. "Tenho feito muito esse intercâmbio de ir para ficar com ela. Mas ela também vem muito. Então, quando estamos juntos, de fato aproveitamos", relata.

Viajar frequentemente para São Paulo, todavia, não é uma novidade para ele. Isso porque o pai também mora na terra da garoa. "A cidade é um carma na minha vida. É algo que eu não sei exatamente explicar a razão: mas virou e mexeu, ela está envolvida", brinca, ao salientar que a mãe, contudo, mora em Porto Alegre. Inclusive, a entrevista não poderia ter sido feita em outro lugar que não a sala de embarque do aeroporto Salgado Filho, prestes a embarcar para a capital paulista.

Duda ainda é irmão de Fernando, economista de formação, que trabalha no grupo Heineken e reside em Guaiaquil, no Equador, bem como de Guilherme, também engenheiro, que "mora em São Paulo, para variar". O mais novo, porém, é fruto do segundo casamento do pai, com a madrasta Josephine. "Eles estão casados há mais de 30 anos e a relação é espetacular, a ponto de passarmos o Natal todos juntos há 10 anos. Então, é uma relação bem saudável e tranquila", revela.

Viagem: gasto investimento

Não é somente para São Paulo que Duda viaja. Muito pelo contrário. Para ele, botar o pé na estrada é um investimento. Como é o caso da primeira vez em que foi para a Europa, depois de trabalhar bastante para juntar dinheiro suficiente. "Graças a Deus, já viajei bastante", diz, ao citar que visitou, inclusive, "países não convencionais", como Jamaica e Cuba, assim como pegou o carro e dirigiu até Buenos Aires. No passaporte, ainda pretende carimbar destinos como Austrália, Japão e Nova Zelândia.

O investimento em viagens vai além de um agrado apenas para si. O jornalista também presenteia a família, como quando pôde proporcionar para Oscar uma ida aos Estados Unidos, para o patriarca conhecer a Disney. Em outra ocasião, foi a vez dele e dos irmãos levarem o pai palmeirense para Dubai, com o intuito de assistirem à final do Campeonato Mundial, entre Palmeiras e Chelsea, clube inglês.

A maior viagem, entretanto, deu-se quando tinha 18 anos e morou em San Diego, na Califórnia, por seis meses, para estudar inglês em uma escola pública. Na época, além de frequentar as aulas, também trabalhava como marceneiro, construindo casas. "Levo essa experiência muito no coração e me lembro com muito carinho", recorda, ao relatar que, após 10 anos, retornou para revisitar o local onde morou.

Off record

Além de viajar, quando não está gravando, Duda busca sempre praticar algum esporte, como jogar futebol, correr e nadar, enfim, algo que lhe dê muito prazer.  Inclusive, o hobby é não abrir mão de fazer esporte diariamente. "A sensação pós-esporte é muito importante pra mim. Quando tenho um tempo livre, saio para correr 20 minutos ou meia hora e já me serve." E o gosto não é somente na prática, afinal, o que chama atenção dele na telinha é procurar por atrações relacionadas ao futebol nos streamings Netflix e Amazon. O comunicador também gosta de acompanhar podcasts, como o Flow e o Inteligência Rica, no YouTube.

Em relação às séries, afirma que as mais antigas de humor, como Friends, já assistiu a todas, assim como Breaking Bad. "Confesso que não tenho visto muito filme. A última atração que vi foi do Príncipe Harry e da Meghan (Markle)", conta. Ele, que não tem o hábito de ler, confessa que acaba "sendo um cara mais visual e auditivo, apegado ao som e à imagem". Pagodeiro assumido, escuta muito pagode e samba. Ultimamente, o que mais tem aparecido na playlist são os grupos Menos é Mais e Di Propósito, assim como os projetos da cantora Ludmilla com músicas do mesmo gênero.

Foco e bom humor

Duda considera que teve uma adolescência "comum para um guri de classe média", que estudava em colégio particular, jogava futebol, tinha vários amigos, era muito bem relacionado e jogava videogame. "Mas eu era bem complicado como uma criança. Fui expulso do colégio, não por ser malvado, mas por atrapalhar o andamento da aula", expõe. Hoje, o jornalista entende que era muito mais criativo do que os demais da idade dele. "É bem o perfil do cara que é muito comunicativo. Sagitariano, que quer liberdade e poder questionar." Curiosamente, ficou apenas um ano longe da escola e voltou para o mesmo local para se formar no Ensino Médio.

Como lema de vida, cita a frase "Caráter é aquilo que tu faz quando ninguém está vendo". Isso é algo que rege muito a vida dele. "Já passei por algumas situações durante a minha trajetória, conheci pessoas que foram muito más, não só comigo, mas com os outros também. Então, prego muito isso de ter caráter."

 De acordo com o jornalista, sabendo que tem uma condição muito boa, faz questão de, quando pode, ajudar os que não têm os mesmos privilégios - algo que lhe dá muita satisfação. "Acho que é uma das maiores qualidades que alguém pode ter, ser justo e honesto. Não precisar pisar nas pessoas e ajudar o próximo", opina.

Tutor do cachorro da raça Shih-tzu Óli , considera-se "um cara muito extrovertido, bem-humorado, extremamente focado, preocupado com as funções profissionais e também com as pessoas mais próximas". Com a mania de roer as unhas e tomar muito energético - bebida que estava consumindo no momento da entrevista -, percebe como defeito o fato de ser muito espaçoso, "até de certa forma desleixado". Por outro lado, relata que as pessoas dizem que é muito amigo e que alegra o ambiente. "Acho que ser bem-humorado não deixa de ser uma qualidade, assim como enxergar o lado positivo de tudo."

Sem conseguir se planejar para um longo período, adianta as metas para 2023: continuar fazendo os assados, pois é algo que lhe dá muita satisfação, e dar um passo adiante. Ele explica: "Pretendo fazer um tour pela Europa para entrevistar jogadores que moram por lá". Caso o plano de internacionalização realmente saia do papel, então, Duda entende que terá feito algo bem importante na sua trajetória. E, é claro, poderá levar o Jeizô e o Santaninha em mais uma das viagens, que tanto adora fazer.  

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