Rafael Guerra: um cara inquieto

Com uma eterna sede de aprender, o profissional de Relações Públicas vem trilhando diferentes caminhos na Comunicação

Rafael Guerra - Divulgação

A palavra inquieto não poderia definir melhor o gerente de Marketing da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL), Rafael Guerra. Para a surpresa dele, o bate-papo foi por chamada de vídeo e, em tempos de home office, parece que menos momentos livres temos. Por isso, todo minuto se torna precioso: "Achei que a gente ia conversar por telefone! Se tu me permites, vou falando e fazendo algumas demandas", sugere. 

Natural de Porto Alegre, Rafael descobriu em uma feira de profissões no Colégio Pastor Dohms que a carreira como Relações Públicas poderia ser seu caminho no universo da Comunicação. Considerado, por ele mesmo, uma criança quieta, o Ensino Médio foi um período de descobertas e mudanças. Do envolvimento com o grêmio estudantil e a comissão de formatura, nasceu a paixão pela produção de eventos, um dos guarda-chuvas da profissão.

Segundo ele, a responsável por despertar seu interesse pelo ofício foi a relações-públicas e professora Andréia Athaydes. "Não sabia nada sobre esse mercado, mas a forma como ela falou e vendeu tão bem, que aquilo ficou na minha cabeça", destaca. Ano passado, pôde agradecer pessoalmente, visto que os dois se reencontraram em um evento no qual Rafael foi ministrar uma palestra sobre a experiência dele. "Fiz questão de fazer uma homenagem a ela. De dizer que não fazia ideia de como as palavras dela fizeram diferença e me ajudaram a me tornar quem sou hoje. A partir daquele dia, passamos a manter contato", conta, com brilho nos olhos. 

Formado pela Unisinos, começou a carreira ainda no início da faculdade. De forma informal, mas com um objetivo muito claro de entender o negócio. A passagem pela produtora Nova Era foi a oportunidade que lhe abriu muitas portas. A empresa prestava serviço para as rádios do Grupo RBS e, quando abriu uma vaga de estágio na área de Eventos, lá estava ele. No local, passou pela gestão das áreas de Eventos e Projetos das unidades de rádios, jornais e multimídia.

Vai encarar?

Movido a desafios, Rafael encarou um dos grandes logo de cara. Aos 22 anos, de estagiário passou a coordenador de Produto e Eventos da rádio Atlântida de Criciúma, Santa Catarina. A convite do então executivo das Rádios, Leandro Valentim, e do coordenador da Rede de Rádios, Luciano Costa, participou do projeto 'Rádio Talento', que tinha o objetivo de formar novos comunicadores, mas com perfil mais comercial. "A Rádio passava por uma reestruturação. A promoção de eventos estava ganhando relevância como unidade de negócio e os comunicadores do interior e demais redes buscavam um perfil que tivesse conhecimento na área e pudesse agregar. Foi assim que embarquei nessa aventura", destaca.

Apesar de ser um estado próximo ao Rio Grande do Sul, a cultura é completamente diferente. Afirma que estranhou e passou por alguns perrengues, sendo que um deles foi a primeira entrada ao vivo. O ensaio no estúdio de Porto Alegre não serviu para nada. "O estúdio era menor e a mesa de som diferente. Programei uma lista de músicas mas, na hora, errei o botão e saiu uma p*** m**** ao vivo", ri ao contar.  O relações-públicas lembra com carinho do apoio que recebeu dos colegas Caco Keller, hoje sócio da agência K3, e do jornalista Guilherme Portanova. "Ambos me ajudaram muito no processo de adaptação e ainda foram meus parceiros em algumas empreitadas", ressalta.

Após um ano e meio, e muito trabalho, sentiu que era hora de voltar para a Capital. Além de retomar os estudos, queria novos rumos profissionais. O regresso aconteceu no início de 2005, quando passou a atuar como assistente de promoções na rádio Atlântida. Na unidade móvel, apresentou shows, interagiu com ouvintes na rua e ainda atuou como DJ em diversas festas. Essa identificação com o público jovem continuou quando assumiu como produtor de eventos do Kzuka, logo que a empresa se associou ao Grupo RBS.

Rafael classifica sua trajetória no Grupo como um "programa de trainee à sua moda". "A empresa tem por característica oferecer oportunidades internas de crescimento, então quando pude e achava que era capaz, encarava", salienta. Ainda nessa jornada pelo aprimoramento, passou pela Orbeat Music e Rádio Gaúcha. Aqui destaca o trabalho junto a Lasier Martins, no programa 'Gaúcha Debates do Rio Grande', pelo qual viajou ao longo do Estado com um evento itinerante.

Com a saída da gerente de Eventos e Projetos das Rádios, Karina Fernandes, o profissional assumiu o posto e, após 10 anos retornou ao setor que começou como estagiário. Passados dois anos, saiu da zona de conforto e migrou para a área de Marketing e Multimídia para tocar, dentre outros projetos, a 'Liga dos Fanáticos', para a Copa do Mundo de 2014. "Foi maravilhoso, pois tinha proximidade com o produto, editorial, contato com o mercado e o cliente. Foi uma iniciativa encantadora", considera.

Ainda na área esportiva, participou da viabilização do UFC na Capital, em 2015, pela Engage Eventos. Como última contribuição para a empresa, atuou como gerente de Eventos da Zero Hora. 

Incertezas e inovação

Em 2016, decidiu ir para Londres para fazer um curso de inglês. Pensou em ficar em terras britânicas, mas acabou voltando a Porto Alegre. Logo após o retorno, juntamente com os amigos, o relações-públicas João Ramos e o publicitário Wayner Bechelli, lançaram o Black Sheep Project. "O embrião do que veio a ser o 'BS Festival'. A partir de então passei a ser um entusiasta da inovação. Mergulhei fundo no assunto e comecei a estudar", conta. A dupla de 'ovelhas negras' deu continuidade ao projeto, mas Rafael foi para a Opus Promoções - atualmente Opus Entretenimento. Lá, foi responsável pela direção das oito casas de espetáculos da companhia pelo Brasil. Teve o prazer de participar da inauguração do Teatro Opus São Paulo. "A satisfação foi bem diferente de promovê-lo. Inaugurar um teatro não é algo perecível, é perene", aponta.

Após, surgiu um novo desafio, bem diferente de tudo que já tinha feito: assumir a gestão do Marketing da CDL Porto Alegre. A convite do ex-presidente Alcides Debus, e do superintendente Maico Renner, o relações-públicas confessa que teve dúvidas. "Foi uma decisão complexa, mas simples", salienta. O fato de ser uma entidade de classe causou certo temor, de ir para um lugar com uma proposta de comunicação engessada, porém ficou surpreso com o modelo de negócio. "Com um projeto de viés pró-inovação, enxerguei uma oportunidade de participar da consolidação da CDL e aumentar sua participação no mercado como um todo", destaca.

Nesse período, também recebeu um convite especial do ex-vice-presidente de Eventos da ADVB/RS Mauro Mabilde para trabalhar em sua gestão. Desde então, também é presidente do júri do Prêmio Top de Marketing e, atualmente, contribui na área de Marketing e Vendas. 

Lado bom da vida

Sócio de carteirinha do Grêmio, Rafael é um entusiasta do futebol dentro e fora do campo. "Gosto demais, seja nas quatro linhas ou o esporte como negócio. Acompanho de perto, sou daqueles que lê, analisa, que comenta durante o jogo nos grupos de WhatsApp. Dependendo do resultado me irrito e vou reclamar no Twitter", relata. Apesar dessa paixão não ter vindo da infância, quando bateu, ficou. Até pouco tempo atrás, tinha tempo para acompanhar os campeonatos inglês, espanhol e brasileiro. "Mas quando consigo dou uma espiada", fala.

Outra paixão são as viagens. De malas prontas para conhecer Istambul e voltar a Londres, teve que cancelar as férias de 2020 devido à pandemia. "Estou nervoso e agoniado. Uma viagem por ano virou uma das minhas prioridades. Tento resolver aquela equação de conhecer mais lugares possíveis, assim como voltar para aqueles que mais gostei", reforça.

O passaporte já conta com carimbos de Portugal, além das cidades de Nova York, Barcelona, Madri, Paris, Amsterdã, Berlim, Munique, Milão, e Roma, pela qual é apaixonado. Aqui na América do Sul, adora Buenos Aires e destaca uma trip de carro para as praias do Uruguai, que fez com a namorada, a coordenadora de Eventos e Projetos do Grupo RBS Maribel Flach. "Foi uma baita viagem, sem rumo, só dissemos vamos e era isso", destaca.

Filho único, tem na família mulheres que adoram as panelas e que são famosas pelo que produzem na cozinha. O relações-públicas destaca as maravilhas elaboradas pela mãe, dona Marli Korndorfer, e diz que nessa quarentena anda "dando uma de masterchef". "Apesar de amar churrasco e desejar comer todos os dias no almoço e na janta, comecei a me arriscar e tenho recebido muitos elogios", brinca. 

Feliz por tudo que conquistou e curioso pelo que pode estar por vir, Rafael olha para trás e acredita que sua caminhada se deu de forma natural, além de que tudo que já fez está ajudando a construir seu futuro. "Sou alguém movido a desafios. Não me permito ter a sensação de que cheguei ao limite, por isso estou sempre em busca do conhecimento, enfim, sou um inquieto", finaliza. 

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