Impresul: Brigando com o impossível
Há 51 anos no mercado, gráfica se reinventa constantemente
Comprando briga com o impossível, esse é o slogan do Grupo Impresul. Sim, grupo. Há uma infinidade de produtos oferecidos por este grande guarda-chuva: comunicação visual, fotografia e editoração, e-commerces e indústria gráfica. Em1968, a empresa surgiu numa casa alugada, na Rua Fernandes Vieira, número 488. Um dos fundadores, Ângelo Gabarski relembra que as máquinas tipográficas foram as companheiras de largada. Três anos depois, quando ocorreu a mudança para um prédio na Barros Cassal, que marcou a ascensão da empresa, percebeu-se que a partir dali não tinha mais o que dar errado. "Quando iniciamos o trabalho com carnês de sorteio e revistas para times de futebol de todo o Brasil, ficou claro que havia dado certo", comemora.
O advento do digital provocou a busca por novos mercados e trouxe consigo uma gama de materiais para o aperfeiçoamento de todos os níveis hierárquicos. Apesar de ter prejudicado a demanda da indústria gráfica, Fernando Gabarski, filho do fundador, acredita que essa crise fez com que houvesse a busca por novos mercados. "Abrimos o leque e fomos atrás de produções que a internet não influencia: pontos de venda, embalagens, rótulos, adesivos. Imprimimos em PVC, lona, madeira, em acrílico. Ou seja, complementamos o prejuízo acarretado com a baixa na demanda de impressões convencionais", considera.
Uma empresa dirigida por familiares e por um amigo que é como se também fosse tivesse o mesmo sangue, Ângelo, Regina e Fernando têm uma parceria com Jairo Xavier Amaral que perdura há mais de 30 anos. Assim como a sociedade é sólida, a relação com os funcionários também. "Temos muitos colaboradores antigos, nossa média é 15 anos. Isso se dá porque as pessoas são afeiçoadas à empresa e uma pela outra. Somos uma família", justifica o coordenador de Recursos Humanos, César Silva.
Para Fernando, a empresa tem muito a ganhar com a baixa rotatividade. Ele salienta que os funcionários acompanharam a evolução tecnológica a partir de treinamentos ofertados constantemente. "Interessa muito ter profissionais qualificados. A motivação é uma razão, o rendimento é outra", afirma ele. O diretor diz que o conjunto de colaboradores também permanece pelos desafios impostos no cotidiano. "É como no futebol: os atletas querem jogar em times grandes", observa.
A relação consolidada com a equipe também é bem vista pelos clientes. Trabalham com grandes empresas e agências publicitárias, que, segundo eles, são os mais exigentes em termos de qualidade gráfica. Então, entende que, se não tiverem funcionários muito bem treinados, não atingirão as expectativas dos clientes. A ideia é ser a melhor gráfica do Sul do País em termos de qualidade e agilidade, garante Fernando. Para ele, a boa relação entre os setores também é que faz com que as coisas deem certo. "Temos um ciclo de trabalho, o ciclo do papel, como chamamos. Muitas vezes, o mesmo trabalho passa por todos os setores para que cada um faça a sua parte", explica.
As peripécias históricas
Ângelo conta que foi a partir de um episódio negativo que a Impresul enxergou possibilidades para abrir os olhos para a necessidade de fazer tudo dentro da empresa. "Nos anos 70, fomos contatados pela Arauto Publicidade. Precisávamos confeccionar cartazes para a inauguração das lojas Grazziotin. Até aí, tudo bem. Era isso mesmo que fazíamos. O problema iniciou quando soubemos que as peças precisariam ser plastificadas. Nós não trabalhávamos com isso e tivemos que terceirizar essa parte, mas deu muito errado. A empresa estragou nossos cartazes", relembra.
Ele menciona que o episódio rendeu uma advertência por carta que dizia: "Esperamos que fatos como este não se repitam nunca mais". Foi esse momento que marcou o início de uma nova fase. Desde então, motivado pela correspondência recebida, Ângelo não permitiu que a empresa terceirizasse nenhum processo. "Compramos uma plastificadora", resumiu, de forma bem humorada.
O futebol também já ditou a mudança na rotina da empresa. Em meados de 2006, final da Copa do Mundo de Clubes, Internacional e Barcelona disputavam o título. O dia também era o último prazo para finalizar um livro de arte, que precisava ir para Brasília. Seis horas da manhã, Porto Alegre parada para ver o jogo. Colorados torcendo, gremistas secando e a equipe toda trabalhando. "A solução foi colocar televisores nos setores de produção para que o pessoal pudesse acompanhar o jogo", rememora César. Para o coordenador de RH, a data marcou o real comprometimento da equipe. "Vieram trabalhar em um momento histórico", justifica.
Ângelo acredita que são as histórias que compõe o DNA do Grupo Impresul. Retomando o slogan 'Comprando briga com o impossível', criado pela Escala, o fundador avalia que o respeito aos clientes, aos profissionais e ao prazo são os diferenciais da empresa. "O lema é: não mentir. Muitas empresas dizem que o trabalho está pronto e estão entregando, quando, na verdade, nem foi para a impressão ainda. Não devemos enganar os clientes, mesmo que isso acarrete a perda do trabalho", completa ele.
Nos bastidores da impressão
O ambiente familiar já inspirou a constituição de uma família. Isso aconteceu com Andreia Soares, coordenadora de Comercial e Marketing, que é casada com Jaguer Soares, colega de trabalho. "Parte da minha vida está aqui dentro, são 20 anos de empresa. Tudo que eu tenho veio através da Impresul, minha família, meus bens", menciona. A profissional afirma que tem muito a agradecer pela carreira que a empresa proporcionou a ela. Na sua visão, é uma organização muito inquieta, que nunca está satisfeita com mercado conquistado. "Estamos sempre em busca de aperfeiçoamento e novos horizontes. Isso fez com que eu me sentisse realizada", explica.
Nos corredores, também é possível encontrar o Sérgio Viamonte, ou o Tchuca, como foi apelidado pelos colegas. Ele trabalha nos serviços-gerias e é a celebridade da empresa, querido por todos. É ele quem garante que as confraternizações da empresa fiquem completas. Isso porque interpreta Roberto Carlos em festas. Casamentos, aniversários, barzinhos, Dia das Crianças e nos eventos da Impresul, ele se caracteriza e faz o maior sucesso. Já ganhou destaque até na revista institucional. "Estou aqui há 32 anos. Faço cover de Roberto desde que descobriram que eu tinha vários itens do cantor. Só não canto trabalhando porque passo o dia rodando a empresa", conta.