Cinco perguntas para Elias Ramires Monteiro

Ilustrador conquistou o primeiro lugar na categoria Charge do 'Prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo 2022'

Elias Ramires Monteiro é natural de Alegrete - Arquivo pessoal

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Eu me chamo Elias Ramires Monteiro. Nasci em Alegrete, em 1963, mas sempre vivi em Santa Maria. Minha formação é em Artes Visuais, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mas sou, de fato, chargista e ilustrador, pela longa experiência com o desenho de imprensa: desde os anos 1970 publico charges profissionalmente em jornais e em revistas e participo de salões de humor gráfico.

2 - Como surgiu o seu interesse pelo mundo das charges?

Incentivado, desde criança, por meus irmãos mais velhos, em um tempo em que as histórias em quadrinhos tinham nos jovens um público numerosíssimo e fiel. Comecei a desenhar e, logo em seguida, devido às dificuldades inerentes a um mercado de quadrinhos quase inexistente em uma cidade do interior, passei a fazer charges e encontrei nos jornais uma pequena, mas real, possibilidade de publicação. 

3 - Você conquistou o primeiro lugar na categoria Charge do 'Prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo 2022'. De que forma isso contribui para a sua carreira?

Infelizmente, contribui apenas como uma espécie de reforço do reconhecimento pelo meu trabalho e pela minha trajetória de chargista. Diferentemente dos grandes prêmios do Cinema ou da Música, por exemplo, cujos ganhadores, como consequência direta das premiações, têm imediatamente garantidos a sua valorização salarial e aumento de seu prestígio, um chargista, ao ser premiado, somente mostra que ainda segue na atividade com um trabalho de qualidade, eventualmente digno de distinções. No nosso caso, o que tem ocorrido é precisamente o inverso de um impulso na carreira: devido a divergências de posicionamento político com os donos de jornais, que ainda não perceberam que o chargista não é um mero ilustrador de editoriais, muitas vezes, perdemos nossos espaços de trabalho, duramente conquistados, mesmo quando há o reconhecimento dos prêmios.

4 - A charge que levou o primeiro lugar se chama 'Escola de tiro'. Do que ela se trata? Como surgiu a inspiração para produzir a figura?

Essa charge foi pensada para ser publicada no jornal do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) - único jornal da cidade com o qual colaboro atualmente -, em um momento em que as discussões sobre a facilitação do acesso às armas ficaram acaloradas no Brasil. Eu quis alertar para o grande perigo da multiplicação dos clubes de tiro e usei a imagem de uma dessas placas de advertência que ficam próximas às escolas para explicitar o meu lado nesse debate. Mostrar crianças negras como alvos dos tiros também não poderia ser mais apropriado neste momento terrível, de insegurança nas escolas, pelo qual passamos.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Publicar uma boa história em quadrinhos. É uma vontade de infância da qual eu talvez ainda não tenha desistido.

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