Marlise Brenol: Conexões e qualidade de vida

Com facilidade, a profissional transita por diversos meios e segmentos da Comunicação

Por volta do final dos anos 1970, artistas populares da música brasileira, como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, encantavam o País com canções que se eternizaram na boca da maioria dos brasileiros. Nessa mesma época, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, o ritmo predileto na casa da família Brenol não era diferente da grande parte da população. Foi por ali que nasceu e se desenvolveu a personalidade de Marlise Brenol. "Meu irmão e eu crescemos ouvindo esse gênero musical." 

Na sua essência, é possível observar que o ritmo é expresso em suas falas. Trata-se da simpatia de uma bossa nova, a simplicidade melódica do rock-n-roll, a irreverência do samba e a sapiência da MPB, que é, nitidamente, transmitida em qualquer bate-papo realizado com a jornalista. Aliás, assim como a música brasileira, a profissional é capaz de transitar, com facilidade, por diversos meios e segmentos da Comunicação. 

Afinal de contas, nos dias atuais, ela é empreendedora, especialista em Estratégia de Conteúdo, apresentadora do programa 'Vida Digital', do POA Streaming, colunista do portal Sler e diretora editorial da agência Cartola Conteúdo Digital. "Eu circulo por tantos meios que, hoje em dia, não tenho como me definir, prefiro mesmo ser jornalista", comenta, aos risos. Para ela essa situação é um dos grandes pontos dos profissionais contemporâneos. "No mundo digital, todos nós podemos nos enquadrar nas mais diversas áreas tecnológicas", afirma. 

E por apresentar esse leque de funções na sua carreira, podem até pensar que Marlise não tem tempo para mais nada. Mas enganam-se. Ela não abre mão de se cuidar e ser uma pessoa extremamente preocupada com a saúde física e mental. Um dos seus gostos favoritos é praticar atividades físicas, como malhar, correr e andar de bicicleta pela orla do Guaíba, assim como uma alimentação equilibrada. 

Além disso, para ela, o combo perfeito é manter o contato com o sol e também respirar o ar que vem do verde da natureza. "Eu não conseguiria fazer nada se não tivesse esse tempo para mim." Esses são os momentos valiosos para Marlise, daqueles que a fazem recarregar as energias para seguir em frente em uma vida movimentada. Porém, para colocar tudo isso em prática, é necessária uma organização para atender às agendas e aos demais compromissos profissionais. "Organizo tudo para não abrir mão da minha família e das coisas que gosto de fazer."  

Laços familiares

Aliás, por falar em família, essa está no topo de todas as suas prioridades. Apegada aos mais próximos, ela costuma manter contato quase que diário, a fim de nunca deixar que os bons costumes se desfaçam. As falas da jornalista são carregadas de amor, bem como a emoção das lembranças dos momentos nostálgicos da sua infância, que ainda faz questão de relembrar e deixar latente para que ninguém esqueça. 

Uma juventude repleta de afeto que carrega memória afetiva e se mantém presente nos dias atuais. Alguns bens materiais são exemplos para isso, uma vez que, já adulta, levou com ela pertences que se tornaram essenciais até hoje. Entre eles, estão móveis e decorações de familiares, que faz questão de manter presentes e intactos. "Tenho até hoje decoração de tias e madrinhas, que levam valores simbólicos importantes", comenta. 

Na infância, segundo Marlise, as brincadeiras eram saudáveis em uma Porto Alegre onde ainda era permitido às crianças brincarem nas ruas, sem estarem por trás de muros e grades. Ela lembra que, naquele tempo, existia o chamado "mato das freiras", um quintal pertencente a uma congregação religiosa, onde as crianças faziam suas aventuras. "Era divertido pular a cerca para brincar naquele pátio, pois nos sentíamos exploradores."

Memórias afetivas 

Algo que marca bastante são os diários e as agendas "das meninas", onde elas podiam contar seus segredos ou, até mesmo, escrever dedicatórias umas para as outras. "Nos cadernos, uma amiga entregava para a outra, com mensagens de carinho." Ela relata que ainda possui parte dessas agendas e, recentemente, emocionou-se ao ler novamente uma carta escrita por uma amiga da época. 

A divisão de CDs e DVDs musicais com o irmão mais velho, o médico Claiton Brenol, era um dos momentos "mais legais daquela época", uma vez que eles podiam escutar as faixas dos artistas que mais gostavam. Hoje em dia, a dupla ainda divide o mesmo estilo musical e costuma frequentar shows de artistas que gostam. "Até hoje, quando pinta alguém que curtimos, um liga para o outro para saber se está disponível", manifesta. 

Ainda que não seja uma apaixonada por futebol, uma outra memória afetiva desperta forte quando Marlise se lembra da sua relação com o Internacional. Independentemente da fase do seu time de coração, o seu pai a levava, junto com o irmão, aos jogos no estádio Beira-Rio. O trio mantinha sempre uma rotina: ir ao jogo e, após, comer um lanche na saída. Esse evento acontecia praticamente todos os finais de semana. "Esse é um dos sentimentos que mais me aflora da juventude." Nos dias atuais, não costuma ir a todas as partidas, mas, em alguns momentos, ainda curte ir ao estádio com o pai e o irmão, que são apaixonados pelo clube.  

Profissional de amplitude

Apaixonada por tudo que se propõe a executar, Marlise leva a Comunicação na frente com responsabilidade em todos os projetos que ingressa. Ela é daquelas pessoas que se pode dizer que já passou (ou quase isso) por todas as áreas do segmento. Ela é formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e doutora em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). 

Um dos momentos de maior orgulho para ela foi na carreira acadêmica. Por lá, ministrou aulas em universidades de Porto Alegre e de Brasília. Entre as disciplinas que lecionou, estão: Introdução à Comunicação; Tecnologia de Comunicação; Apuração e Texto; Webjornalismo (ciberjornalismo, jornalismo digital, redes e mídias sociais, editoração em novas mídias, narrativas transmídia); Assessoria de Comunicação; Assessoria de Imprensa; e Laboratório de Multimeios. 

Além disso, uma das grandes paixões é ser pesquisadora. Nessa trajetória, interessou-se por temas como Jornalismo Digital, Jornalismo Multimídia, Jornalismo de Dados, Webjornalismo, Estratégias e Métricas Digitais, Redes de Comunicação, entre outras. Ainda, possui trabalhos no exterior, durante um intercâmbio que realizou nos Estados Unidos. 

Decisão pela profissão

Apesar de ser uma profissional de mercado e reconhecida no segmento, quando jovem, existiam dúvidas sobre qual profissão queria desempenhar. Isso porque Marlise teve influências fortes e com tendência para outra área. O pai, seu João Carlos, e a mãe, dona Maria, são da área da Saúde, médico e farmacêutica, respectivamente. "Acho que não segui mesmo porque sempre tive uma relação ruim com sangue. Nunca pude ver", revela.  

Apesar disso, o Jornalismo sempre esteve presente na sua vida e desde muito cedo. "Na realidade, a família sempre respeitou e admirou muito a profissão, tanto que era rotina buscar o jornal impresso na porta todas as manhãs", recorda. Mas o amor pelo trabalho, de fato, não se iniciou somente por isso, uma vez que Marlise é sobrinha do comunicador Roberto Brenol Andrade que, por mais de 50 anos, atuou no Jornal do Comércio, como editor-chefe de Opinião

Segundo ela, até o seu pai já se aventurou no segmento, onde participava de programas de rádio ao fazer comentários técnicos sobre Medicina. "Talvez seja daí a influência do Jornalismo." No entanto, o gosto mesmo surgiu pela vontade de fazer algo a mais pela sociedade, pois Marlise acredita que a empatia pode mudar o mundo. "É fundamental se colocar no lugar do outro e essa é uma parte de mim, não consigo ser diferente disso", afirma. 

Por essa visão, se não fosse jornalista, uma outra carreira que seguiria seria a advocacia, pois acredita que as duas funções têm conceitos parecidos na vida da sociedade, como dar voz e direito para que todos se manifestem. "Independentemente da graduação que escolhemos, no fim das contas, nos colocamos nos lugares em que queremos atuar. Então, acredito que faço um pouco de tudo hoje em dia." 

Além da profissional

Marlise é divorciada e optou por ter somente um filho, o cachorro Elvis, batizado mesmo com o nome do astro do Rock. Esse é o seu grande parceiro de vida atual, porque não se desprende dela nem quando está trabalhando. Marlise fica instalada no seu escritório, que fica em casa mesmo, pois atua, na grande parte dos dias, em regime de home office. Enquanto ela atende às demandas do dia, o pet fica ao seu lado fazendo companhia. 

Além dos familiares, nos dias de folga Marlise prefere encontrar amigos e sair para se divertir. Os espaços que mais gosta de frequentar são aqueles que ela pode ter uma interação de qualidade entre as pessoas que ama. "Com a vida corrida e acelerada, o tempo é precioso para estar com pessoas que são importantes." Ainda assim, costuma frequentar bares, restaurantes e cafeterias para apreciar os bons costumes e o turismo da cidade de Porto Alegre. 

Viajar também é uma das suas paixões, sobretudo para lugares onde tem praia, uma vez que Marlise é movida pela energia solar. Um dos locais preferidos é a casa dos pais, que fica no Litoral. Algo que carrega com muito carinho são as atividades físicas, que vão muito além de fazer bem ao físico, pois geraram muitas amizades pelo caminho. Inclusive, uma de suas melhores amigas é a sua personal. 

O carinho pela atividade é tanto que, em anos anteriores, Marlise disputou maratonas e até chegou a viajar para disputar títulos em diversas cidades e países. Porém, um dos motivos para não praticar mais o esporte de forma profissional é a rotina agitada de treinos de um atleta de alto rendimento. Isso não seria mais possível por conta de seus afazeres atuais, ademais, "o sacrifício para o corpo, por conta do impacto, afeta todas as articulações, o que interfere na vida normal".

Espirituosa 

Para ser o que Marilise se tornou, uma profissional de agendas e rotinas, foi necessário um tempo para o bem-estar e contato com a fé espiritual. A profissional é praticante da filosofia Yoga, onde busca sempre o trabalho de corpo e mente, por meio das meditações. De orientação católica, ela não se considera uma atuante na sua religião. Apesar disso, praticou bastante quando era mais jovem, ao frequentar com a mãe as missas dos finais de semana. 

Entretanto, ainda acredita que a espiritualidade faz sentido para a sua vida e a leva como um mantra para quase todas as coisas que faz. "Acalmar o coração é muito importante para desacelerar da vida real." Ela coloca a fé em tudo que faz e leva a vida desta maneira, ao dar um passo de cada vez, com propósito e disciplina. "Só assim é possível colocar em prática outros projetos", admite. 

Os projetos para o futuro estão relacionados a voltar às pesquisas científicas, a fim de ajudar com mais subsídios para a Comunicação. Contudo, existe outra vontade que deseja colocar em prática: ser autora de livros. A primeira obra seria a sua biografia. "Quando morei fora, escrevi em um e-mail a minha rotina longe do Brasil. Ali saíram muitas histórias legais. Quem sabe, um dia", projeta. Além do mais, pretende "continuar com os projetos e evoluir ainda como profissional", finaliza. 

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