Melissa Bordin: A mil por hora

Apaixonada pelo que faz, respira a Publicidade - área que só perde a prioridade para a "profissão" de mãe

Melissa Bordin, diretora de Atendimento e Produção de Projetos Especiais da HOC - Arquivo Pessoal

Melissa Bordin, diretora de Atendimento e Produção de Projetos Especiais na HOC - House Of Creativity, resolveu que seria publicitária inconscientemente. Tudo aconteceu após uma excursão ao programa do Serginho Groisman, onde conheceu, ao vivo e a cores, o famoso Nizan Guanaes. Pertencente a uma família criativa, inicialmente, a jovem queria muito ser arquiteta. Chegou até mesmo a prestar vestibular para esse curso, junto à Publicidade. Como não era muito afeita aos números, necessários para a primeira opção de graduação, o destino quis que fosse aprovada em PP. Formada pela Famecos (PUCRS) há 19 anos, Mel Bordin - seu nome de guerra - seguiu os passos de Nizan, e é publicitária com orgulho e paixão.

Uma das prováveis explicações para a escolha profissional talvez tenha sido o gosto por Cinema. Eclética, não é capaz de definir quais são seus longas favoritos, mas garante: "Antigamente, faziam filmes mais marcantes, com roteiros melhores". Desde pequena, nos tempos da magia das locadoras de vídeo, alugava suas fitas para assistir, diferentemente da irmã Daniele, 48 anos, que era uma leitora voraz. Por sinal, uma curiosidade da infância das meninas é que, nas brincadeiras, a irmã do meio era dona de uma biblioteca, enquanto Mel gerenciava uma videoteca. Falando nisso, a cinéfila - que hoje é adepta de novos formatos além das fitas-cassete - também é apreciadora de séries. Destaca, entre elas, 'Homeland', 'Cidade Invisível' e 'Coisa Linda' - feita por uma produtora brasileira.

Sangue criativo

Filha dos comerciantes Max Bordin, 83 anos, e Maria Neive Branco Bordin, 74, a publicitária bem que pode ter herdado deles a imaginação e inventividade, uma vez que ambos eram proprietários de livraria e papelaria. Estava aí, inclusive, uma das fontes de leitura da irmã.

Rosângela, 48, seguindo o caminho dos pais, empreendeu e teve uma loja de festas e decoração infantil. Hoje, todavia, trabalha em funções administrativas, pois a profissão demandava muitas noites em claro e finais de semana sem folga. A tia Ângela, 63 anos, igualmente decoradora, por ter sido criada por sua mãe, é considerada por Mel como irmã. Daniele, 51, fugiu um pouco do script e rumou para a área farmacêutica.

Natural de Erechim (RS), a pisciana Mel, nascida em março de 1979, deu à luz o primogênito em 2020. Com 1 ano e 2 meses, Martin hoje ilumina a vida dela, que não titubeia em afirmar que a melhor profissão da vida é ser mãe. "Toda dedicação que eu tenho ao trabalho, hoje, tenho com ele", frisa. Casada com André Verzoni, 40 anos, psicanalista, Melissa é uma mulher realizada pessoal e profissionalmente.

Uma publicitária imparável

Na época da faculdade, a irmã Daniele estudava na Ufrgs. O que poderia ser uma oportunidade de economia, ao dividir o aluguel, tornou-se um desafio, visto que a mais nova publicitária passou no vestibular justamente no ano em que a irmã se formou. Como se não bastasse esse primeiro desafio de independência, morando sozinha, a família estava passando por uma crise financeira, o que impedia o auxílio. Dessa forma, teve que fazer crédito educativo e trabalhar para pagar o aluguel.

A primeira experiência profissional foi na CDL - SPC, como estagiária. Lá, exerceu atividades na área de Eventos, Marketing e Telemarketing. Depois de um tempo, foi efetivada e começou a trabalhar no Comercial, visitando lojistas e empresários para se associarem à CDL, e assim ganhava comissão. Porém, como fazia faculdade e adorava aquele mundo da Publicidade e Propaganda, desejava muito trabalhar em agência, só que não podia, pois a maioria das agências contratava estagiários não remunerados naquela época. Para sua sorte, um belo dia seu gerente na CDL a chamou e disse que sabia o quanto ela era empolgada com a faculdade de PP e decidiu que ali não era seu lugar. Foi a partir disso que ele a indicou para algumas agências.

A primeira delas foi a Danke, onde ficou por quatro anos e atuou como produção, mídia e atendimento. Anos mais tarde, voltaria para seu primeiro emprego na área, porque o 'bom filho a casa torna'. Antes disso, contudo, como todo bom profissional, Melissa cresceu e apareceu, recebendo uma proposta para trabalhar na Dez Propaganda, como produção RTV, por meio de Claudia Lampert, que era sua fornecedora. "Publicidade é relacionamento. Quando você trata as pessoas com respeito e franqueza, só dá certo", dá a dica. Aproveita para mencionar duas grandes referências profissionais de lá: Carlos Saul Duque e Delmar Gentil.

Passagem rumo ao desconhecido

Foi em 2005 que sua vida teve uma virada imprevista. Participou de um concurso da MTV, que consistia em mandar uma frase relacionada ao filme 'Madagascar', o qual, coincidentemente, Mel havia visto um dia antes. O vencedor ganhava uma viagem para Nova Iorque, nos Estados Unidos, de uma semana. E adivinhem só? Ela, com outra amiga, ganhou!

Começava aí uma aventura e tanto. A tão sonhada vida de agência foi deixada de lado nesse período para dar lugar a um período de descobertas. Depois de vender todas as roupas e utensílios em um 'brechozão', arrumou as malas, pegou o visto e o passaporte e embarcou rumo à terra do Tio Sam. Após finalizada a semana com a qual foram presenteadas, as amigas decidiram que o sonho americano poderia se estender. Assim, alugaram uma casa e lá ficaram por mais três meses, desfrutando das delícias como Central Park, Times Square, Quinta Avenida e Broadway.

Pausa aqui para um detalhe importante: dois meses antes de ir pra NY, Mel conheceu o atual marido em Porto Alegre. "André estava querendo ir para a Itália e eu estudava italiano. Então, falamos: quem sabe a gente se encontra lá na Itália?", conta. E foi assim - depois dos três meses em NY ganhando a vida como baby sitter - que ela juntou seus pertences de novo e voou para a Europa. Destino? Roma. Na cidade histórica e romântica, morou por um ano, trabalhando em um bistrô, emprego que a permitiu viajar muito pelo país.

Entre idas e vindas

Após mais de um ano morando em terras estrangeiras, enfim, voltou ao Brasil. Quando chegou, foi recepcionada com um 'churras' de boas-vindas. E, então, a ex-chefe Andréa Schuur, conhecida como Dea, prontamente a ofereceu um freela na Danke novamente. Visto que amara a experiência e se dava muito bem com a antiga gestora, a recém-chegada não poderia ser recebida de melhor forma. Isso, sim, que é chegar com o pé direito.

Dois meses depois, foi indicada para a Paim, na função de produção RTV. "Fiz entrevista com o Fabio Bernardi e nós super simpatizamos um com o outro", lembra, ressaltando todo o carinho e admiração que tem por ele. Há oito anos, entre idas e vindas, faz parte da equipe da HOC (antiga Morya). Em meio a isso, passou por empresas de eventos e digital. Dentre elas, pela W3haus, onde fez muitos trabalhos bacanas. 

A decisão de sair da W3haus e voltar mais uma vez para a Morya se deu por conta da gravidez. Por se tratar de um trabalho puxado, teve medo de que isso atrapalhasse a gestação. "Falei para o Fabio que decidi sair, disse que estava grávida e, mesmo assim, ele quis que eu voltasse para ter uma gestação tranquila", relembra, grata. Assim sendo, teve o filho em fevereiro do ano passado, e, após seis meses de licença, veio a pandemia.

Além disso, migrou de função, passando a ser gestora da área de Atendimento. "Sou inquieta. Amava muito a produção, o contato com as pessoas - fossem colegas, clientes, fornecedores ou produtoras. No entanto, agora estou me aventurando no atendimento, afinal, o mundo é de profissionais híbridos", salienta, falando da importância de transitar em todas as áreas. Atualmente, também está cuidando da implantação do LGPD na agência. Vale destacar que em sua carreira ganhou muitos prêmios. Foi indicada oito vezes como Produtora do Ano no Salão ARP e ganhou o prêmio por seis anos: 2009 e 2010, e de 2014 até 2017.

Cheia de gás

Superagitada, adora esportes. E como pessoa que vive na correria, seu preferido não poderia ser outro se não a corrida. "Até participei de algumas maratonas. Incluo ainda academia, bike, bicicleta e boxe", detalha. Sempre inventando algo, também ama viajar. As preferências são as prainhas de Governador Celso Ramos (SC) e Fernando de Noronha (RJ), seu lugar favorito. Um paradoxo é o fato da mulher ligada no 220v amar música clássica, a ponto de frequentar concertos e óperas. Vale comentar que Mel participou de um coral na adolescência.

Apesar de não ser uma torcedora de futebol, foi aos jogos da Copa do Mundo pela experiência única que representava. A curiosidade e a vontade de viver intensamente fazem parte do seu perfil. Não é de se estranhar, portanto, que, quando questionada sobre o que gosta de comer, diz provar de tudo. Singular como só ela, elenca a melancia como comida favorita. É ou não é uma mulher peculiar?

A publicitária é tão agitada que considera isso um defeito: "Eu me canso de mim mesma". Entretanto, parte dessa personalidade é composta por espontaneidade e energia positiva, que entende como qualidades. Para relaxar, se é que isso é possível, gosta de uma boa leitura. Está lendo 'O Propósito' e 'Quatro Estações em Roma', e sua recomendação é 'Toda Luz que não podemos ver'.

Seu lema para seguir em frente é: respeito, transparência, e se colocar no lugar do outro. E salienta: "Isso seria básico do ser humano, mas, infelizmente, não é". Católica, crê em anjo da guarda e energias. De família espírita, faz reiki. O lado espiritual e a personalidade se casam para que ela se defina: "Sempre vejo o lado bom das coisas, sempre tento ver o copo meio cheio".

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