Diversidade e Comunicação: Bruna Teixeira sabe das culpas que as mulheres sentem
Autora de artigo publicado nesta sexta-feira em Coletiva.net, empreendedora conversou com Luan Pires
Como é difícil para a gente nos colocar no lugar dos outros? Como é mais difícil ainda para um homem pensar em estar no papel de uma mulher. A vida cobra mil e uma coisas do lado feminino, e o que fazer quando não se dá conta de tudo? Foi assim que comecei a conversa com a relações públicas e empreendedora Bruna Teixeira, autora do artigo publicado nesta sexta-feira no site Coletiva.net. Ela já passou por muito disso e, talvez por isso, tenha a resposta pronta.
A verdade é que todas carregamos culpas em determinados momentos da vida. Seja pela casa que está caótica, por não ter brincado com o filho, por ter se permitido pedir um delivery ao invés de cozinhar aquela comidinha saudável e, até mesmo, por não ter sido ouvida durante o brainstorming ou na reunião de resultados do cliente
Bruna, teu depoimento é tão assertivo. De onde vem isso?
Certa vez, estava eu e meu sócio em uma reunião para apresentar o planejamento de um cliente. Eu era a responsável por aquele cliente e por todo o estudo que embasou a estratégia de comunicação da empresa. Foram semanas estudando o cliente, o mercado e todos os cenários possíveis, portanto, eu dominava o assunto.
No entanto, enquanto apresentava o planejamento, a diretora da empresa simplesmente ignorou tudo o que eu estava falando, como se aquele caminho não fosse possível. Foi necessário que o meu sócio, um homem, assumisse a apresentação para que a cliente aceitasse a proposta e entendesse que aquela era a melhor estratégia para o contexto do negócio.
A Brunda ainda me falou que essa situação aconteceu há 10 anos, porém até hoje, ela se lembra de sair angustiada, achando que não tinha dado o melhor de si e se culpando. Por outro lado, seu sócio, saia feliz já que a cliente tinha aceitado o plano. Então, a pergunto. Como lidar com tudo isso?
Mudar essa chave não é tarefa fácil, eu diria que é uma dura jornada. E acredito que não exista um passo a passo a ser seguido, afinal, a diversidade é feita de muitas camadas. Mas eu, enquanto uma mulher cis, branca e hétero, ou seja, ainda com muitos privilégios, precisei construir consciência de gênero e dos problemas estruturais que o cercam. Para só aí começar a entender que a culpa não é minha - mas nem sempre o entendimento nos liberta de sentir.
A conversa estava com um tom de reflexão e de aconselhamento. Conselho da Bruna a todas as mulheres. Logo, já perguntei: como mudar essas situações?
Precisamos atuar para que haja uma mudança cultural, com conscientização de lideranças e liderados, dando mais visibilidade para mulheres em diferentes posições de comunicação. Afinal, a diversidade não pode ser representada apenas por ações isoladas, mas sim por uma jornada muito mais profunda e com relações mais igualitárias.
Mas, Bruna, se tu pudesse gritar para que todas ouvissem, o que seria? MULHER, A CULPA NÃO É TUA!
Esta matéria faz parte de um conteúdo especial sobre diversidade e Comunicação, produzido por Luan Pires para Coletiva.net. Todas as sextas-feiras, o jornalista publicará uma entrevista exclusiva com o articulista do dia. Para conferir o artigo de hoje, assinado por Bruna Teixeira, clique aqui.