Enchentes no RS: "Parecia um cenário de guerra", diz Wilson Rosa

Além do profissional, Jéssica Kasper também cobriu, pela RDC TV, a tragédia que assolou os gaúchos

Jéssica Kasper e Wilson Rosa estiveram nas cidades afetadas - Reprodução

Wilson Rosa, repórter da RDC TV, foi mais um profissional a acompanhar de perto a devastação deixada pelas fortes chuvas que atingem o Estado. Com larga experiência, inclusive na cobertura de tragédias marcantes para a história gaúcha, ele conversou com Coletiva.net e afirmou que o ambiente encontrado nas cidades impactadas "parecia um cenário de guerra". Além dele, Jéssica Kasper, também da equipe da emissora, reportou os acontecimentos para o público diretamente dos locais atingidos. 

A jornalista, que cobre a tragédia desde a última quarta-feira, 6, passou por Lajeado, Muçum e Roca Sales, e falou sobre o cenário encontrado: "Tem sido bem pesado ter que ver as pessoas sofrendo por perderem tudo". O pensamento é compartilhado por Wilson. O repórter já participou de coberturas a grandes eventos climáticos, como a passagem do furacão Catarina, em Torres, o tornado, que assolou a região de Águas Claras, em Viamão, e os ciclones-bomba que atingiram várias cidades do interior. No entanto, ele garantiu que o que viu desta vez foi o mais impactante em sua carreira. 

Também na cobertura desde a última quarta-feira, o comunicador se deparou com dificuldades já na chegada. "Ficamos presos em Lajeado. Também não conseguimos chegar a Muçum e a Roca Sales, então começamos a transmitir de onde estávamos mesmo e mostrar o que acontecia ali", disse. No início, como relatou, necessitava ir para cidades ao redor, onde houvesse pontos altos para poder transmitir as imagens gravadas no dia para Porto Alegre, por conta da falta de sinal. A situação só foi amenizada no final de semana, quando equipes do Ministério das Comunicações instalaram antenas que oferecem internet banda larga nos locais

Marcas

Para ambos os jornalistas, a cobertura foi impactante para suas carreiras. Para Jéssica, que vê o trabalho como um "grande aprendizado", a história mais marcante foi a de um senhor que perdeu os dois cunhados na enchente, em Muçum, além da casa. "Ele está sobrevivendo com a ajuda de vizinhos", contou. 

Já para Wilson, a rede de solidariedade que se formou foi o que mais lhe chamou a atenção. Em dado momento, havia mais de quatro mil voluntários, que "caíam para 500 durante a semana, o que era motivo de preocupação, inclusive". Em uma das entrevistas àqueles que vieram de outros estados e localidades no Rio Grande do Sul para ajudar, foi que ele presenciou o momento que mais o marcou. "Estava conversando com uma voluntária vinda de Caxias do Sul. Ela relatava sobre o trabalho de encaminhar mantimentos para as vítimas, auxiliar idosos, quando começou a chorar. Após a entrevista, não me contive, e dei um abraço. O jornalista também tem coração, emociona-se", completou.

Outro momento marcante, segundo o profissional, foi quando chegou a Muçum e se deparou com uma região à beira do rio em que 30 casas foram destruídas pela inundação. "Elas foram levadas pelo rio. Ficaram apenas o piso e algumas paredes, além de postes. É muito triste, pois conhecíamos aqueles arredores como lugares bonitos, de turismo, e não sobrou nada", lamentou.

Esforços

Os esforços da imprensa também foram destacados pelos repórteres. Jéssica, que está em sua primeira grande cobertura do tipo, avaliou que os profissionais "têm se esmerado para cobrir de forma correta e moderada, sem desrespeitar os moradores". Dentro disso, Wilson falou sobre a importância do trabalho dos jornalistas nesses momentos para alertar a população e levar aos cidadãos informações confiáveis sobre os acontecimentos. "Ouvimos moradores sobre o que mais precisavam. Como, por exemplo, no começo foram doados muitos alimentos, mas depois a necessidade era por roupas e nós noticiamos isso. Também alertamos sobre os golpes via Pix, de pessoas pedindo transferências, que não têm a ver com a ajuda humanitária", concluiu. 

Somando-se aos esforços, a RDC TV vem realizando uma cobertura diária aos acontecimentos, como informou Lisiani Mottini, chefe de Reportagem da emissora. Com isso, os repórteres têm "prioridade sempre" na programação do canal, que abre espaço para as entradas ao vivo em todos os programas da casa. "Estamos deslocando equipes para acompanhar de perto a situação que assombra o Vale do Taquari. Todos os dias, cinco profissionais estavam envolvidos", completou. 


Na última semana, o Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone extratropical, que resultou em enchentes em diversas localidades. Desde então, a imprensa gaúcha trabalha para levar ao público informações sobre os acontecimentos, além de mobilizar uma corrente do bem para ajudar as famílias afetadas, especialmente no Vale do Taquari. Nesta série especial, Coletiva.net acompanha o trabalho dos jornalistas que mostram ao Estado e ao Brasil a dimensão desta tragédia.

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