Fabiano Brasil: Paixão pela arte de comunicar

Profissional "casca grossa", que não se intimida ao ser provocado por um novo desafio

Sim, todos os seres humanos, sem exceção, nascem com um dom, uns com mais talento e outros, nem tanto. Mas o fato é que existem figuras que se destacam, pois sabem conviver com suas habilidades e não têm medo de usá-las. Esse é o caso do Fabiano Brasil, profissional "casca grossa" que não se intimida ao ser provocado por um desafio. O jornalista, radialista, apresentador de programas do Grupo Bandeirantes e presidente do Grupo F. Brasil Produções e Eventos acredita que pode "mudar a vida das pessoas, por meio da Comunicação".

A carreira de Fabiano Brasil está atrelada à sua infância, pois, desde cedo, já sabia, ou imaginava, que seria comunicador. As amizades, o falar em público e as cantorias foram os grandes ensinamentos e lembranças de criança.  Aliás, entre as muitas famílias que cultivam as tradições do Rio Grande do Sul está a de Fabiano. Tudo se inicia no bairro Tristeza, Zona Sul de Porto Alegre. Ali, na casa dos avós, mais precisamente entre a Rua Victor Silva e Dr. Mário Totta, intitulada de 'A Casa da Esquina'. O local, inclusive, virou título de livro, com histórias relatadas pelo próprio jornalista. 

O lugar costumava receber amigos e familiares. Além disso, cantavam-se músicas tradicionalistas por todos que lá frequentavam, sobretudo pelo pai e avô, que embalavam as canções acompanhadas de violão e sanfona. Naquele espaço, ocorriam, também, reuniões-dançantes à espera dos churrascos, com bons bate-papos e risadas com o chimarrão. "Vim de uma família pequena, mas grande de afeto", lembra. Em casa, uma infância afetuosa e tranquila, ao lado dos pais, o músico e cantor Olavo Brasil, da dona de casa Marta Brasil e do irmão Diego. 

Influências do pai

E por falar no pai, o seu Olavo, falecido nos anos de 1990, foi um dos maiores exemplos a serem seguidos por Fabiano. O crescimento dentro dos Centros de Tradições Gaúchas, os CTGs, impactou e virou a base para o que se tornaria um comunicador, nos dias atuais. Afinal de contas, participou de concursos de trovas e declarações, na sua categoria, que seria a de marim. "Poucas pessoas sabem disso, mas fiz parte e fui muito presente neste segmento até a minha adolescência", revela. 

Segundo o jornalista, em um grande evento do segmento, que ocorreu na cidade de Viamão - Região Metropolitana de Porto Alegre -, Fabiano enfrentou o seu primeiro grande público da vida. No concurso, ele recitou uma trova para uma "multidão", e as pessoas ficaram encantadas com a personalidade do garoto, que "peitou" a plateia e soltou a voz, para orgulho do pai. Depois do falecimento do patriarca, deixou de seguir o nativismo. Segundo ele, não fazia sentido manter algo que fazia sentir falta dele.

Nos dias atuais, contudo, escuta com tranquilidade as músicas que recordam daqueles tempos. Um ponto que gosta de contar é que o pai lutava bastante para tocar nas rádios, pois, por muito tempo, era difícil emplacar, nem que fosse somente um trecho de canção. "Hoje eu posso realizar o sonho dele, pois sou um comunicador de rádio e estou representando todos que gostariam de o ver nesse espaço", comenta. 

Sonho de ser radialista 

O pai de Fabiano frequentou diversos programas, tanto de rádio quanto na televisão, como: 'Galpão Crioulo'; da RBS TV, 'Fogo de Chão'; da Bandeirantes, entre outros. Já adulto e no mercado da Comunicação, o jornalista escutou as músicas do pai serem tocadas na mesma emissora em que trabalhava. Um exemplo ocorreu na Rádio Guaíba, quando era apresentador no veículo, ouviu a obra sendo tocada pela rádio.  

Em um dos diversos momentos em que acompanhou o pai, ele recorda que foi assisti-lo no estúdio em um programa de Sérgio Zambiasi. Segundo Fabiano, quando garoto, ficou encantado com a voz marcante do comunicador e manifestou para o pai: "Eu quero fazer isso também, quero ser radialista". Fabiano foi presenteado pelo pai com um microfone de brinquedo e ali começou a imitar os ídolos do rádio. "Eu entrevistava meus parentes e até fazia o som do helicóptero, para falar de trânsito", relata, aos risos. Esse seria o primeiro passo de Fabiano Brasil no rádio gaúcho. 

Mas foi em 1998 que, finalmente, estava próximo de realizar o sonho. Isso porque iniciou o curso para ser radialista. Após passar por vários empregos, inscreveu-se para uma vaga no Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), pois oferecia uma carga horária boa, compatível para que pudesse cumprir os horários de aula no curso de rádio. 

O amor pela profissão fez Fabiano passar por situações engraçadas. Uma das principais aconteceu no próprio hospital, pois ele era encarregado de cuidar do transporte interno do prédio. Por sua vez, ficava com um radinho para se comunicar com os colegas. No entanto, nas horas vagas ele atuava em um programa de rádio, por meio do transmissor, para todos os amigos escutarem ele. "Eu fazia voz de locutor, uma bobajada, mas tudo para passar o tempo", recorda, aos risos.  

Algum tempo após esse período, surgiu uma oportunidade para trabalhar na Rádio comunitária PRTC, do Colégio Padre Reus, com o programa 'Espaço Alternativo', onde o primeiro entrevistado foi Ronaldinho Gaúcho. Ali, pôde aprender o básico da profissão para poder brilhar em outras emissoras. No mesmo período, surgiram outros talentos como Barbosa Júnior, Chico Garcia, Fábio Almeida, entre outros.  

Trilhar o caminho

Antes de ingressar na Comunicação, Fabiano Brasil teve que trilhar um longo caminho, pois frequentou diversos segmentos. Um deles, por exemplo, foi começar a faculdade de Administração, não encerrada, bem como ser técnico de instalação de telefone público de cartão induzido. Na época em que cursou, era uma profissão que estava em alta no mercado, logo, Fabiano se aventurou nessa jornada, porém, não chegou a figurar por muito tempo nesse serviço. Antes disso, já havia trabalhado com o avô como servente de pedreiro.

Mas o curso escolhido e concluído foi o de Jornalismo, pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). E, após passagem pela Rádio comunitária PRTC, recebeu o convite para o programa 'Esporte e Revista', do canal 20 da Net, atual Bah!. A partir daí, a carreira deslanchou e Fabiano pôde exercer a profissão em diversas emissoras do Rio Grande do Sul, como: RDC TV, Jovem Pan, Rádio ABC, Rádio Bandeirantes, Rádio Grenal, Rádio Guaíba, Rádio Metro FM, Rádio RGS, Rádio Viva, entre outras. 

No que se refere às dificuldades na profissão, ele tira de letra, pois é daqueles que, seguramente, passaram por "poucas e boas" no segmento. Um dos desafios foi recente, bem no início da pandemia. O período pegou em cheio para os seus negócios no empreendedorismo que tinham potencial de crescer. 

Em uma ocasião curiosa, comenta que teve que pegar ônibus, pois não estava com condições de utilizar o carro, uma vez que não tinha mais dinheiro para se manter. "Não é vergonha, mas ninguém quer chegar em uma situação como esta." Conforme ele, viu uma cena que o marcou, pois, no mesmo ônibus que ele estava, tinha uma placa publicitária do próprio Fabiano Brasil, com o seu próprio anúncio. "Marcou de verdade, pois, mesmo que estivesse em uma exposição, não significava que eu estava bem financeiramente", desabafa.

Apesar disso, em um determinado período da carreira, recebeu um dinheiro que o permitiu investir em um novo negócio. Foi nesta fase que criou a emissora on-line POA Streaming. A partir de algumas tomadas de decisão e a rotina retornando ao normal, a sua vida, pessoal e profissional, está em segurança. 

Marco na carreira

Fabiano Brasil acredita que o momento de maior satisfação na sua carreira foi por meio do seu livro 'Fábrica de Sonhos'. Em uma determinada ocasião, ele estava chateado com o segmento da Comunicação, uma vez que estava desacreditado por não conseguir ser reconhecido no cenário. Foi então que um amigo entrou em contato para avisar que o livro havia sido lido por diversos menores infratores da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase). 

Após essa ocasião, ele foi convidado para ir até o local e realizou algumas palestras para os jovens. Além disso, recebeu uma homenagem, como forma de agradecimento por compartilhar ensinamentos de vida aos garotos que se encontram naquela situação. Foi nesse momento que percebeu que o seu trabalho fazia sentido, uma vez que conseguiu chegar em seu  objetivo, que era sensibilizar a sociedade. "Esse foi o maior troféu que recebi na minha vida", orgulha-se. 

Afetuoso

Fabiano Brasil é um homem de muitos projetos, mas, para isso, necessita do companheirismo e do carinho dos parentes, bem como da mãe, da esposa Vanessa Marchant e do filho Diogo, de 18 anos - este do primeiro relacionamento. Conforme ele, esses são os grandes pilares da sua vida, que o sustentam com tudo que precisa ter de uma família. "Eu não tenho medo e vergonha de dizer que eu os amo", argumenta. 

Ele conheceu a esposa por meio das redes sociais. Iniciou-se uma conversa, aliado com a admiração por parte dos dois e, a partir daí, aconteceu o casamento entre o jornalista e a cirurgiã buco-facial. Já o filho reside na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O contato dos dois é diário, por meio do aplicativo WhatsApp. "É um guri incrível, maduro, meu orgulho." 

A 'Rica', a cadelinha do casal Fabiano e Vanessa, não poderia ficar de fora das lembranças, afinal de contas, é tratada como o "bebê da casa", que transmite ainda mais amor e carinho ao lar. Para uma lista grande de afetos, além disso, o comunicador conta com vários amigos que fez durante a vida. Segundo ele, existem aqueles que estão em sua vida por quase o mesmo tempo que eles têm de vida, ou seja, por volta dos 35 a 40 anos de amizade. 

Até nos dias atuais, o comunicador é um obcecado por fazer novas amizades e conexões. De fato, ele acredita mesmo em amizades sinceras, assim como de parceiros que o ajudaram no início de sua carreira, já que, para ele, próximos de amigos, todos ficam felizes fazendo o que gostam. "A pessoa que está na mesma comigo vai crescer junto", acredita. 

Rotina e futuro

De rotina agitada, o comunicador está sempre com a agenda lotada. Quando sobra uma brecha, inclui reuniões comerciais, fora os compromissos diários dos programas que conduz na Band RS. Além disso, na parte da noite, está envolvido com eventos com clientes. É difícil contar com dias de folga, mas, quando isso acontece, reúne-se com os amigos para confraternizar, sobretudo, "com um bom churrasco" 

No entanto, tem algo que o jornalista faz questão de acompanhar sempre que pode: os jogos do Grêmio. Por muitos anos, Fabiano Brasil não teve o time revelado, uma vez que era repórter e setorista do Tricolor. Nos dias atuais, portanto, quando possível, acompanha e torce. Além disso, prefere pegar a estrada e ir viajar, tanto para lugares quentes, como o Litoral, quanto para os mais frios, como a Serra.

Apesar dessa rotina, considera-se uma pessoa realizada e grata por todos os gestores que teve na carreira profissional, pois foram eles que o ensinaram tudo que sabe hoje. Ele faz questão de lembrar dos seguintes chefes: Luiz Carlos Reche, Leonardo Meneghetti, Lisiane Russo, Nando Gross e Ozíris Marins, entre outros. "Todos esses e outros disseram-me coisas que me fizeram crescer."

Daqui a 10 anos, o comunicador deseja estar com saúde para tocar os projetos, sobretudo na Bandeirantes, pois não consegue prever o que pode estar a fazer no futuro. O que deseja, de fato, é seguir a usar a ferramenta de Comunicação para alcançar interesses de uma sociedade melhor. "Tudo que eu fizer será com amor, pois, sem sentimento, tem chances de dar errado", finaliza. 

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